Cap 12

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Eu havia passado anos estudando sobre o efeito do beijo no corpo humano.

 Aprendi sobre os hormônios do prazer, da felicidade e até sobre as pupilas que se dilatam e, por esse motivo, fechamos os olhos, pois ficamos mais suscetíveis a nos sentir incomodados pela luz; tudo levando ao sexo no fim das contas. A adrenalina que é despertada, as inúmeras terminações nervosas que há nos lábios... Tudo. Eu sabia de tudo isso.

Em como fazer um simples beijo virar sexo. Eu sabia como fazer isso. Eu já havia feito isso.

Menos naquele momento.

Quando Karol me puxou para o beijo, quando senti seu corpo vibrar de encontro ao meu e, na mesma hora, meus olhos se fecharam, eu sabia. Eu sabia que havia perdido o controle sobre mim e que, naquele exato momento, eu só conseguia pensar em como sua pele exalava um cheiro delicioso, no tanto que seus cabelos eram sedosos e na delicadeza de seus lábios que acariciavam os meus.

Ela se afastou por um momento e eu pensei em implorar por mais, no entanto entendi que ela precisava daquele instante para ponderar seus atos; seus olhos verdes iam de tempestade a calmaria e tentavam encontrar nos meus respostas, mas eu estava enfeitiçado pela possibilidade de tê-la em meus braços por mais alguns segundos.

Um único beijo era o que eu queria.

Icei sua cintura trazendo-a para junto de mim, ignorando o resto do mundo e o barulho do elevador que apitava anunciando que alguém estava entrando no corredor; naquele momento eu não ousaria sequer respirar, mas logo ela voltou a me beijar e o mundo se encaixou em seu devido lugar. O universo voltou a funcionar.

Eu segurava sua nuca e meus dedos se enrolavam em seu cabelo úmido; ela, por sua vez, prendia-me a seu corpo e o choque de nossos calores era avassalador.

Meu coração batia descompassado e totalmente desorientado.

Era engraçado, já havíamos nos beijado antes, há três anos, e eu ainda conseguia me surpreender com o sabor dela. Lá no fundo da minha memória esse beijo ainda residia e estava voltando com toda força, me deixando zonzo, eufórico, bobo.

Aquela mulher me arrancava de mim e me tinha nas mãos de uma forma que eu jamais entenderia, mas que me recusava a lutar contra.

Sua língua, eu adorava sua língua, sabia muito bem o que fazia, se encaixando com a minha, traçando rotas dentro da minha boca, me fazendo suar e arquejar de desejo.
Mas não era só desejo, tinha algo a mais, mas não era hora de buscar explicações. Era hora de apreciar.

Quando Karol cessou o beijo e lentamente uniu nossas testas tentando secretamente entender o que havia acontecido, eu compreendi que poderia viajar o mundo inteiro e embarcar nas maiores loucuras já vividas e, ainda assim, não encontraria jamais uma sensação como aquela de tê-la em meus braços.

Era impossível e não era para sempre e, por algum motivo, isso me entristecia amargamente.

─ Quer que eu vá embora? – Perguntei com a voz baixa desejando que ela não tivesse ouvido, mesmo que estivéssemos extremamente perto.

Sua mão buscou a minha e entrelaçamos uma na outra como se fosse algo que fazíamos todos os dias depois de um beijo de boas-vindas.

─ Poderia esquecer que isso aconteceu?

Afastei nossas testas, mas nossas mãos continuaram unidas.

─ C-claro. – Pigarreei. – Posso fazer isso.

O velho e indesejado incômodo lá no fundo do meu estômago voltou e junto com ele um amargor na boca.
Soltei sua mão e dei um passo para trás.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora