Yoona voltava para casa após mais um dia exaustivo de trabalho. Não sabia quanto mais poderia suportar das exigências sem fundamento de seu chefe, ou das implicâncias do filho dele, que com toda certeza tinha como seu entretenimento diário abusar da posição de dono do café.
Os dias passavam assim como as estações, mas na vida de Yoona tudo permanecia vazio e sem sentido. "Será que algum dia isso vai mudar?", esse pensamento rondava sua mente enquanto ela admirava a paisagem das árvores secas pela estação. O tempo frio e o céu já turvo pareciam refletir como ela se sentia por dentro.
Yoona sempre se sentiu deslocada, sentia como se não pertencesse àquele lugar, a única coisa que fazia sentido em sua vida eram seus pais, que embora não biológicos, foram seu alicerce e deram a ela todo amor que tiveram tempo de doar. Ela não tinha conhecimento sobre quem eram seus pais verdadeiros, já que foi encontrada com meses de vida em uma praça e com ela não havia nada, nem uma carta, nem um bilhete, apenas uma manta na qual estava enrolada.
Poucos meses atras, estava cobrindo o turno da noite no café quando recebeu a notícia de que seus pais haviam sofrido um acidente e que estavam a caminho do hospital. Saiu desesperada rumo a eles, mas quando chegou, já era tarde. Os ferimentos foram muito graves e os dois não aguentaram, acabaram por falecer. Os dias seguintes foram os mais difíceis de sua vida, estar sem aqueles que lhe eram tudo, levou-a a viver a vida no automático, sem expectativas ou objetivos. Yoona ficava cada dia mais apática, mais desanimada. Porém, dentro de si ela sabia que precisava mudar, que precisava recomeçar, não poderia continuar para sempre dentro daquela bolha de tristeza e letargia.
No caminho de casa ela decidiu, a mudança se iniciaria assim que chegasse a mesma. Até o momento não havia tido coragem de mexer nas coisas de seus pais, então como precisava começar de algum lugar, seria por esse mesmo. Se livraria de tudo aquilo que a angustiava e trazia más lembranças e guardaria as coisas que lhe aqueciam o coração. "O primeiro passo a se dar é se livrar do peso extra." Pensava consigo.
Ao chegar em casa se desfez da roupa de trabalho e vestiu uma roupa mais velha e confortável.
— Ok, eu consiga fazer isso! — Foi o que disse para si mesma.
Yoona respirou fundo, acumulando toda a coragem que poderia ao inspirar, colocou a mão na maçaneta da porta que evitava a um tempo e bem devagar a abriu, dando passagem para si.
Entrar naquele quarto depois de tantos meses fez com que sua determinação oscilasse. "O cheiro deles ainda está aqui", pensou e a saudade tomou seu coração. Ela já não sabia mais se teria forças suficientes para remexer uma dor que mantinha guardada e segura, escondida em algum lugar em seu peito. Olhou em volta, absorvendo por uma última vez a lembrança daquele cômodo intocado pelo tempo que se passou. Inspirou e expirou novamente, e então foi até a janela do cômodo abrindo as cortinas e em seguida a mesma, sentindo o vento gélido do clima chuvoso bater contra seu rosto.
Juntou algumas caixas vazias e sacolas e avançou para o guarda-roupas, começando a abrir as gavetas e a guardar nas sacolas as roupas que nunca mais seriam usadas por seus antigos donos. Sentiu as lágrimas serem formadas em seus olhos, ameaçando caírem, mas prendeu o choro na garganta, sabendo que por muito tempo passara os dias chorando e não seria em seu primeiro momento de recomeço a fazê-lo.
De todas as coisas presentes no cômodo, ela guardou em uma caixa apenas as fotos antigas, o perfume preferido de sua mãe e uma loção que seu pai adorava, algumas cartinhas que dava a eles quando criança e as alianças que usavam.
Organizou todas as roupas e sapatos, assim como os cosméticos de sua mãe e outros itens de ambos, aquilo iria para doação. Com toda certeza outras pessoas fariam melhor uso daquelas coisas. Deixou tudo o que teria que se desfazer em um canto da sala e pegou a caixa com o que havia salvo e subiu as escadas a caminho do sótão.
Há muito tempo não entrava ali, mas tudo parecia intocado por anos. Não iria organizá-lo naquele dia, já estava extremamente cansada, tanto física quanto emocionalmente para remexer ainda mais lembranças, queria apenas tomar um longo e quente banho de banheira, deixando que as sensações tribulosas fossem embora junto com a água.
— Mas que droga! — Exclamou quando já estava de saída e acabou por esbarrar com o dedinho do pé em algum objeto no chão. Contudo, o objeto lhe chamou atenção, ele não estava empoeirado como os outros.
— Humm... Não me lembro de já ter visto isso por aqui. — Disse, tentando resgatar do fundo de sua memória algo que a fizesse recordar do pequeno baú de madeira.
Se abaixou e o pegou, levando-o para perto dos olhos. Realmente, o baú não estava empoeirado embora parecesse tão, ou mais velho, que as outras coisas que se encontrava ali.
Curiosa, carregou o baú consigo até seu quarto, e após tomar o tão esperado banho, vestiu um pijama quentinho e sentou no chão, apoiando o objeto em seu colo. Abri-o e, para sua surpresa, ele estava repleto de cartas aparentemente bem maltratadas pelo tempo, com suas folhas amareladas e bordas um tanto corroídas. Remexeu um pouco mais nos papéis, notando algo relativamente curioso ao seu ver, todas elas tinham o mesmo destinatário.
"Para meu Leech..."
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Nota Autoras
Hey Leeches!!! Como vocês estão? Tudo joinha??
Agora sim demos o pontapé inicial na trajetória de nossa Yoona!
O capítulo está sad né?! Nós sabemos! Mas queremos e precisamos mostrar a vida da nossa querida protagonista antes da "panela pegar pressão"! Mas calma!!! Vocês vão entender já já do que a gente tá falando e a fic guarda fortes emoções pro futuro! Aguentem um pouquinho ok?
Esperamos que tenham gostado, não saia daqui sem deixar sua estrelinha brilhando nesse nosso mikrokosmos! Deixe também seu comentário aqui, estamos curiosas sobre o que acharam!!
Desculpem qualquer erro e....
Até em breve!!!
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The Leech (Hiatus)
FantasiaApós o trágico acidente que levara a vida de seus pais, tudo o que Yoona queria era superar a dor da perda e seguir com a sua vida ordinária. Porém, o destino já havia feito planos, colocando-a entre um Leech arrogante e um Animagus gentil. Como id...