Em Casa

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O canto dos pássaros ao lado de fora da mansão anunciava mais uma manhã em Quymera. Logo os olhos de Yoona foram incomodados pela luz solar que atravessava em estreitas frestas a janela de cortina aberta.

Embora seu corpo despertasse aos poucos, os olhos insistiam em manter-se fechados. Havia dormido bem, mas sentia-se cansada e fleumática, poderia ficar ali por horas a fio, deitada e aquecida pelos lençóis macios em contraste aos braços frios que envolviam sua cintura.

Foi quando as memórias da noite passada reviveram em sua mente, tão frescas e palpáveis quanto o braço que agora apercebera-se a quem pertencia.

Abriu os olhos com cuidado, notando a respiração leve e tranquila de Jimin tocando sua nuca, o que causava um nada sútil eriçar de seus pelos corporais. Ainda com cautela, livrou-se dos braços que tocavam em sua pele ainda nua. Esforçando-se em não fazer nenhum ruído procurou por suas roupas espalhadas pelo chão, e vestiu-se o mais rápido que pôde. Tudo o que precisava agora era de um banho quente de banheira, com essências florais que ajudassem a aclarar a mente.

A julgar pelo silêncio da mansão, Minjoo e os outros ainda não haviam retornado. Yoona levou a mão livre até a testa – já que uma segurava seus sapatos –, deixando ali alguns tapinhas de autopunição. A consciência começando a tomar conta de si, pois enquanto os amigos sofriam com o frio e os contratempos lá fora – isso sem mencionar o que Minjoo poderia estar enfrentando –, ela estava desfrutando dos prazeres carnais, deixando com que o desejo explodisse de si, espalhando-se por cada centímetro dos lençóis escuros da cama do Leech.

Com um último olhar na direção do moreno, que tinha aparência serena e perfeita mesmo com os lábios inchados pelo sono, colocou-se a andar em direção a porta, com as pontas dos pés, torcendo para que não desse de cara com Namjoon pelos corredores até seu quarto.

— Não pensei que você fosse do tipo que sai sem dar bom dia, meu anjo. — A voz rouca e sonolenta de Jimin soou, fazendo com que Yoona parasse com a mão a meio caminho da maçaneta da porta. — Estou desapontado.

— Você parecia estar dormindo... — Explicou-se dando meia volta, deparando-se com o Leech já sentado no beiral da cama, o tronco nu exposto, enquanto os lençóis o cobria da cintura para baixo.

— Eu não estava, só estava aproveitando um pouco mais da sua companhia.

— Sendo assim, bom dia. — Disse trocando o peso de perna, sentindo-se constrangida de repente. — Vou para o meu quarto, preciso de um banho, então-

Assim como havia feito na noite anterior, como num piscar de olhos, Jimin estava parado diante de si, mas não se atreveu a olhar para baixo.

— Não vai me dizer que o que fizemos foi um erro? Que está arrependida e que eu devo fingir que nada aconteceu? — Questionou com um toque de ironia a Sacerdotisa em pé a poucos centímetros de seu rosto.

— Eu não sou do tipo que diz que vai ligar no dia seguinte e depois desaparece, Park. — Respondeu usando o mesmo tom irônico.

— O quê?

— Não foi um erro, tá bem? — Explicou revirando os olhos, obviamente ele não havia entendido a expressão. — Eu fiz tudo porque eu quis, e não vou bancar a desentendida. Não te acordei porque você parecia estar realmente dormindo, e eu preciso muito de um banho.

— E então, o que isso significa para nós dois? — Perguntou um tanto aliviado, já que esperava algum arrependimento por parte da morena.

— Estou dizendo que não vou fingir que nada aconteceu. — Esclareceu afastando-se o quanto pôde do outro — Mas não quer dizer que eu tenha mudado meus pensamentos ou sentimentos em relação a tudo.

The Leech (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora