Onde estou?

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Yoona começou a recobrar sua consciência, sentia seu corpo todo dolorido, como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Não sabia ao certo se haviam se passado minutos ou horas, apenas sentia que estivera inconsciente por um longo tempo.

Permaneceu de olhos fechados, já que abri-los parecia exigir um esforço extremo, algo impossível para ela no momento. Remexeu um pouco o corpo, sentindo as texturas estranhas abaixo de si, percebendo que não estava mais na segurança de seu quarto, ela entrou em estado de alerta. "Mas eu tenho certeza de que adormeci lá." Pensou consigo.

Yoona então se concentrou no ambiente ao seu redor, notando que estava deitada em algo não tão macio quanto sua cama, mas também não parecia ser tão duro quanto o assoalho de sua casa. Lenta e cautelosamente ela movimentou seus dedos, que reclamaram assim que os músculos se contraíram. Tateou a superfície onde estava, sentindo a textura de alguma coisa que muito se parecia com... Grama? Sim, era definitivamente grama.

Assim, seu olfato logo reconheceu o cheiro gostoso de terra úmida e seus ouvidos captaram sons distintos, e tentando distinguir onde estava focou sua atenção apenas nas sensações. Sentia uma brisa gélida em seu rosto, ouvia pássaros, insetos, o farfalhar de folhagens, o som de água corrente, e o que imaginou que fossem animais se movendo por entre arbustos. "Não é possível, eu devo estar sonhando!" Exclamou em pensamentos. Não existia nenhuma reserva ambiental próxima de sua casa, e mesmo se houvesse, como ela havia parado ali de uma hora para outra? Nada fazia sentido.

Yoona decidira continuar com os olhos cerrados, imaginando que em algum momento poderia despertar em seu quarto, porque aquilo tudo com certeza não poderia ser a realidade. Enquanto os minutos se passavam, ela se esforçava para lembrar-se qual eram as últimas coisas que fez antes de apagar. Após alguns minutos de um leve esforço, flashes começaram a surgir em sua mente. Ela organizou todos os objetos de seus pais, empacotou o que doaria, guardou o restante no sótão, encontrou o velho baú desconhecido que continha cartas, cartas essas endereçadas para o tal Leech, após lê-las foi voltá-las ao baú e achou no fundo do mesmo um colar... O colar! Lembrando-se da joia e do forte clarão que a mesma emitiu Yoona abriu os olhos subitamente, arrependendo-se em seguida, assim que a luz do sol que atravessava a copa das altas árvores, invadiu seus olhos ofuscando sua visão por alguns segundos. Levou ambas as mãos ao rosto, tentando minimizar a claridade tão incômoda.

Após seus olhos se acostumarem com o ambiente, ela olhou para o alto, estando certa de que se encontrava em uma espécie de clareira. Um pouco mais devagar do que seria necessário, sentou-se apoiando-se pelas mãos, tentando ignorar as dores em cada articulação e músculo. Passou algum tempo admirando a paisagem que a envolvia, distraída ao observar as grandes árvores que a cercavam e alguns pequenos animais correndo por entre elas.

Despertou repentinamente do transe, recordando-se de sua realidade e em um pulo se pôs em pé.

— Onde eu estou?! — Perguntou-se. — Como é que eu vim parar aqui? — Indagou novamente, preocupada.

Yoona começou a dar voltas ao redor de si, tentando encontrar em meio as árvores daquela clareira alguma trilha, caminho ou qualquer sinal de uma passagem que pudesse a tirar dali, mas para sua infelicidade não havia nada além da vegetação verde. A ansiedade começou a tomar conta de suas emoções, ela não tinha ideia de que horas eram, de onde estava e de como ela havia parado naquele local. O sol parecia indicar o meio de tarde, mas o clima era frio, e ela permanecia vestida em seu pijama que aparentemente era para aquecê-la - porém, não faziam diferença contra o vento cortante que a atingia e nos pés, continuava com seus slippers.

A garota respirou fundo a fim de que seu cérebro fosse banhado em oxigênio e quem sabe assim, ela conseguisse pensar com alguma clareza em alguma resposta palpável para tudo o que lhe aconteceu. Estranhamente, quando o ar encheu seus pulmões, ela percebeu que ele era fresco e puro, diferente do ar da cidade, o que costumava respirar. Esse parecia nunca ter conhecido a poluição de grandes indústrias e excesso de carros em circulação. Atentando-se a isso, reparou também, que ali só havia o som da natureza, não havia o som costumeiro de grandes centros. Essa descoberta só fez com que sua inquietação aumentasse, como ela havia chegado tão longe no meio do nada? Lembrou-se da estranha joia que foi a última coisa a ver, procurando-a por perto, mas não havia nem sinal da mesma.

The Leech (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora