Cartas

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— Para meu Leech. — Yoona leu em voz alta — Quem diabos é Leech? — Praguejou, mexendo nos papéis.

— Por que alguém escreveria tantas cartas assim para essa pessoa? — Indagou aos ventos.

Movida pela curiosidade, Yoona abriu a primeira carta com delicadeza, o papel com manchas de coloração amarelada denunciava o quão antigo ele era e em uma caligrafia impecável lia-se:

"Meu Leech, não era exagero quando disseram o quão belo tu és! Acreditas em amor à primeira vista? Pois creio que me apaixonei por ti tão logo meus olhos encontraram os seus. Espero ver-te outra vez..."

— Ao que vejo, Leech era um rapaz...— Disse baixo para si mesma. Deixou aquela carta de lado, logo pegando outra na caixa.

"Meu Leech, hoje teus olhos cruzaram os meus, por minutos pensei que meu coração jamais pararia de palpitar de tão acelerado que estava. Foi breve, mas foi o suficiente para fazer-me querer-te ainda mais. Não tenho deixado de pensar em teus lábios rosados e cheios, e na forma como seus olhos se fecham em uma fenda quando sorri. Seus cabelos negros parecem-me convidativos, quisera eu poder tocá-los. Quisera eu poder fazer parte da sua juventude eterna. Continuarei sonhando contigo. Até breve meu Leech."

E assim, Yoona leu uma carta após a outra, tendo a sensação de estar assistindo uma novela sobre um amor não correspondido. Teve essa certeza, quando depois de muitas cartas de declarações nunca ditas, leu uma em que deixava claro seu amor unilateral.

"Meu Leech, hoje te vi outra vez, dez anos se passaram, mas você permanece o mesmo. Meu coração se encheu de uma breve alegria ao te ver, alegria essa que foi substituída por tristeza ao notar que ao seu lado andava uma jovem bela e digna de ti. Contudo, foi bom te ver, logo me casarei, minha espécie já é pouca e preciso fazer minha parte garantindo que ela não se dizime de vez... No entanto, prometo que nada mudará o que sinto por ti. Sei de meu lugar, e tenho consciência de que jamais te alcançaria, a vida nos fez distantes por natureza e aceito de bom grado. Espero que sejas feliz."

Por algum motivo estranho, o coração de Yoona se apertava ao ler cada carta. Ela não sabia quem era a remetente, tudo o que sabia era apenas o que acreditava ser o nome do destinatário, Leech. Embora alguns trechos das cartas lhe soassem estranhos e até mesmo sem sentido, "Como pode alguém envelhecer, enquanto outro permanece jovem?", "O que ela quer dizer com raça?", questionava-se internamente. E quanto mais pensava, mais sem nexo aquilo lhe parecia, e mais triste era imaginar que tais razões tenham impedido aquela mulher de se declarar ao seu amor.

Já era madrugada quando lera a última das cartas. Descobriu que a mulher, apaixonada se casou, teve um filho e posteriormente uma neta e que mesmo após todos os anos passados, permaneceu escrevendo cartas ao "Seu Leech", como se fossem folhas de um diário que jamais seria lido. As cartas cessaram pouco após o nascimento da neta. Perguntava-se se aquilo estava ligado ao fato das perseguições que ela dizia sofrer por sua raça, ou se simplesmente deixou de desejar aquele que lhe era inalcançável. "O amor é engraçado", pensou, já que a mulher dizia que sempre que via Leech, ele estava exuberante e jovial. "Será que o amor não envelhece?", ela não saberia dizer, já que nunca chegou a viver algo daquele tipo. Teve algumas paixonites durante o colégio e mesmo após, mas um amor verdadeiro como ela observava o de seus falecidos pais e como aquele que era descrito nas cartas, nunca chegou nem perto de senti-lo.

Após ler a última carta, recolheu todas as que haviam sido espalhadas pelo chão e após organizá-las, voltou-as ao baú e foi nesse momento que ela notou um pequeno saquinho de veludo, da mesma cor do forro do mesmo. Pegou-o e abriu-o, tirando de dentro dele um relicário de ouro, que logo percebeu ser um porta-fotos. Animou-se com a ideia de que ali poderia ter uma foto de Leech.

Mas ela não esperava que a joia fosse estar tão rígida pelo tempo de desuso, e mesmo aplicando força nas extremidades do objeto, ele não cedia. Quando estava a ponto de desistir e jogar a corrente de volta em seu local de origem percebeu a joia amolecer. Ao puxar as bordas, a mesma se abriu, porém, antes que pudesse ver qualquer coisa, uma luz forte vinda da joia a cegou, e em poucos segundos ela estava imersa em escuridão.

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Nota Autoras

Hey Leeches!!! Como vocês estão? Tudo joinha??
Parece que algo está para acontecer não é mesmo?
O que será?
Esperamos que tenham gostado, não saia daqui sem deixar sua estrelinha brilhando nesse nosso mikrokosmos! Deixe também seu comentário aqui, estamos curiosas sobre o que acharam!!
Desculpem qualquer erro e....

Até em breve!!!

The Leech (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora