Perguntas

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Yoona caminhava distraída, indo até o quarto onde Taehyung havia lhe falado. Sua mente estava tomada por uma nuvem pesada de pensamentos distintos, que se misturavam, causando uma confusão ainda maior ao tentar decifrá-los.

Alcançando a porta do quarto, girou a maçaneta sem pressa, entrou no cômodo e fechou a porta, encostando-se nela. Um suspiro cansado saiu de sua boca, nada daquilo parecia real. Aquilo seria o tipo de história que ninguém acreditaria, caso um dia ela tivesse a oportunidade de contar. Nem ela mesma estava acreditando em tudo o que presenciou até o momento. Ainda tinha a sensação de que a qualquer hora acordaria no chão de seu quarto, envolta pelas cartas que havia lido e segurando firme em suas mãos o colar misterioso. No entanto, quanto mais o tempo passava, menos provável era a hipótese de tudo ser obra de suas fantasias.

Na verdade Yoona nunca fez o tipo sonhadora. Embora assistisse a filmes e séries de vampiros e bruxos, não fantasiava com esse tipo de romance. Sempre teve os pés muito presos ao chão, a realidade era sua fiel companheira. Mas deparando-se com aquele novo mundo, era como ser personagem de um dos filmes que ela nunca deu atenção o suficiente.

Yoona se afastou a passos lentos da porta, seguindo em direção ao banco que havia sob a janela. Se aninhou ali, abraçada a uma almofada, com as pernas dobradas em direção ao peito, enquanto admirava a paisagem que se estendia além dos jardins da mansão. O tempo estava nublado, embora dentro da mansão a temperatura fosse agradável, ela sabia apenas pela coloração do céu que do lado de fora a temperatura era baixa. O céu estava claro, mas tomado por nuvens, que concomitante ao verde escuro da vegetação a frente, trazia consigo uma ar de melancolia. O mesmo sentimento se apossou do peito de Yoona, que sentiu os olhos se enxerem de lágrimas. 

Ela não queria estar ali, ela não queria estar tão próxima daquelas criaturas das quais nunca havia ouvido falar. Muito embora sua vida no mundo humano não fosse um mar de rosas, ela sentia falta de sua casa, ela sentia falta de estar onde as lembranças dos seus pais estavam. Uma lágrima solitária escapou de um de seus olhos, mas ela tratou de secá-la rapidamente. Não poderia se permitir sentir tais emoções no momento, ela precisava ser racional. Precisava encontrar uma forma de sair dali antes que se envolvesse demais com as pessoas daquele mundo.

Yoona começou a categorizar mentalmente os acontecimentos e suas dúvidas para, quem sabe, chegar em ao menos uma resposta que pudesse servir de norte para escapar de tal situação.

Tudo começou com as cartas sobre o Leech, depois veio o colar e ela acordou na clareira. Foi aí então que o Leech apareceu, sendo desagradável, grosso e sexy. Em seguida foi trazida contra sua vontade para a mansão, onde conheceu Namjoon e descobriu a existência daquele mundo. Entrou em mais uma discussão com o desagradável/sexy Leech, foi mordida por ele, e ainda assim quase permitiu-se ser beijada. Porém, Taehyung apareceu trazendo mais uma novidade, ela era o elo dele. Em um único dia Yoona passou de uma órfã em luto para "uma humana", "um brinquedo" e "o elo de alguém". Informações demais, respostas de menos. Ela não conseguiria chegar a uma conclusão sozinha, precisaria de alguém que tivesse respostas e não estava com paciência para esperar que Taehyung voltasse com elas.

Decidida, Yoona se pôs em pé e com ansiedade moveu-se até a porta saindo do quarto, repetiu o caminho que fez a pouco, indo até o andar de cima. Se aproximou da porta que lembrava ter sido indicada por Taehyung como sendo o quarto de Jimin, com toda a adrenalina do momento inibindo sua insegurança, esticou seu braço direito e tocou de leve com as pontas dos dedos na porta, arrastando até a altura de seu quadril. E então fechando seus olhos sussurrou em sua mente "Estou te esperando no quarto de espelhos." Não houve resposta. Mesmo assim, retirou a mão da porta e abrindo os olhos, caminhou até a sala. Chegou até a porta, abrindo-a e logo seguida a fechando, andou até o meio dela, admirando-a. "Essa sala serve para o quê?" Perguntou-se, olhando seu próprio reflexo. Andando mais alguns passos, sentou-se de frente a uma das paredes espelhadas para aguardar, pensando se aquela foi a melhor atitude a ser tomada. E se Jimin tentasse algo contra ela, se a ferisse outra vez? Seria no mínimo macabro ter toda a cena refletida pelas quatro paredes da sala. Talvez ele tentasse beijá-la de novo?

The Leech (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora