Já dizia o pensador que a cura para o tédio é a curiosidade.
Curiosidade. Esse bichinho insaciável e impulsivo em busca de querer saber sempre mais, conhecer sempre mais. Esse sentimento estava sendo predominante em Yoona, que quando não estava "interrogando" os residentes da mansão a procura de respostas, enfiava-se de cara nos livros da biblioteca. Como se todo o conhecimento não bastasse, já que sempre parecia haver alguma coisa nova a aprender. O que não surpreende, considerando que de fato, tudo era novo para si. Inclusive sua real indentidade.
Estava seguindo para a sua mais recente rotina, que incluía algumas horas de leitura isolada na biblioteca. Não era realmente solitário, já que em grande parte do tempo Namjoon estava lá entre suas meditações. Embora não houvesse diálogo algum entre eles, era confortável estar na companhia do Polímata, já que este em raros momentos unia-se ao grupo. Ele sempre estava tão concentrado em seu próprio ser, que Yoona cogitava a possibilidade de nem ser notada por ele durante as horas que passavam juntos. Inicialmente chegou a considerar se ele não estava simplesmente tirando um cochilo no lugar mais silencioso da mansão, mas a inquietação do acizentado em vários momentos, a fez perceber que esse, definitivamente não era o caso.
Alcançou o cômodo em meio aos seus devaneios, e para sua sorte e imensa gratidão não encontrou com Jimin no caminho. Ao entrar no ambiente claro pelas cortinas abertas, e com cheiro forte de incenso, sendo recebida pelo som tranquilo e quase inaudível de areia escorrendo, das tantas ampulhetas que haviam espalhadas por todo lado, viu, pelo reflexo do vidro da janela central – que estava fechada por conta da temperatura que baixava sem piedade nos últimos dias – Namjoon sentado na cadeira atrás da mesa, voltado para a paisagem, seus olhos fechados e postura ereta denunciava que o mesmo já meditava. Então, com muito cuidado para não fazer barulho, fechou a porta atrás de si, e arrastou-se por entre as prateleiras em busca de outro livro que elucidasse mais sobre as criaturas de Quymera, em específico sobre os Sacerdotes.
Durante essas consultas a vários livros, notou que sua espécie fora negligenciada até mesmo pela literatura. Pouco se fala sobre hábitos de vida, dons e talentos. E ao que pôde perceber, não houve nenhum deles que fizera algo realmente grande e digno de estampar as páginas de um livro. Sua história só tivera relevância quando foram praticamente extintos durante O Massacre de Quymera.
Mas haviam tantas dúvidas, tantas coisas que gostaria de saber, no entanto sem ter a quem perguntar, já que duvidava que encontraria um Sacerdote com quem pudesse se sentar e ter uma longa e produtiva conversa esclarecedora.
Escolheu um livro de capa dura, grosseira e escura, com os dizeres em caligrafia prateada "Convivendo em Quymera", em tese, o livro prometia dissertar sobre as diferenças e potencialidades de cada criatura ali existente.
Sentou-se no sofá próximo a mesa de Namjoon e passou a folhear as páginas amareladas, dando sua total atenção as palavras ali escritas.
A Sacerdotisa mal percebeu quando o cenário à sua volta mudou drasticamente, tão inesperado quanto, foi perceber que estava correndo, mas não sabia para onde. Tendo seus pés batendo com força e velocidade na terra molhada e pegajosa, que fazia com que respingos de barro sujasse suas pernas. Sentia seus pulmões arder pelo ar que parecia não fazer todo o trajeto pelo órgão. O suor escorria pelo seu rosto, fazendo o cabelo aderir a pele, tornando ainda mais difícil de enxergar em meio a escuridão que se estendia pelo caminho. Não sabia onde estava, nem para onde estava indo, só tinha certeza de que não poderia parar de correr. Embora os joelhos agora lhe parecessem cansados demais para ir longe.
Conseguia ouvir passos atrás de si. Eles estavam mais próximos. Quem estaria a perseguindo agora? Mas não havia tempo para olhar para trás. O caminho parecia ser feito de armadilhas que se colocavam sob seus pés constantemente a desequilibrando. Foi quando caiu de joelhos que notou o peso em seus braços, que a impedia de se apoiar e colocar-se em pé. Ela segurava firme um embrulho pesado, contudo a escuridão a impedia de ver o que havia ali. Só sentia que não podia soltá-lo, como se sua vida dependesse daquilo que segurava com tanto exaspero. Colocou-se em pé com dificuldade e continuou a correr. Os passos agora pareciam perto demais. Estava desesperada, ansiosa e assustada. Sentia o medo percorrer todo seu corpo em ondas frias que faziam eriçar seus pêlos.
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The Leech (Hiatus)
FantasyApós o trágico acidente que levara a vida de seus pais, tudo o que Yoona queria era superar a dor da perda e seguir com a sua vida ordinária. Porém, o destino já havia feito planos, colocando-a entre um Leech arrogante e um Animagus gentil. Como id...