Planos e Lembranças

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A consciência de Minjoo voltava aos poucos. A cabeça ainda pesava e estava zonza, junto ao zumbido insistente em seu ouvido e os tremores que não lhe abandonavam. Seu corpo nunca estivera tão fraco e frágil como estava naquele momento, já que a única coisa que havia ingerido naqueles três dias encarcerada fora o chá amargo que lhe forçaram a tomar no dia anterior, o mesmo que mantinha sua pantera adormecida. O frio intenso já era um companheiro constante, já que quando perdia a consciência devido às dores fortes, jogavam-lhe baldes de água fria para fazê-la voltar a si e junto com a baixa temperatura, só piora a sensação.

Suas forças estavam se esvaindo, pois sempre que tinha uma brecha, tentava forçar ao máximo as cordas em seus pulsos, tentando fazê-las afrouxarem de alguma maneira e isso lhe consumia as poucas energias que ainda tinha. Entretanto, aquilo havia surtido algum efeito, já que se a garota torcesse um pouco mais as mãos e forçasse a corda, talvez conseguisse soltar suas mãos.

Abriu os olhos lentamente, concluindo que era a única no cômodo. O edema na bochecha, consequência do soco que levara no dia anterior, tornava difícil uma visão clara, já que o inchaço impedia que o olho se abrisse totalmente. O Leech havia lhe dado um descanso de quase um dia, porém, quando retornou na tarde do dia anterior, compensou dolorosamente sua ausência, as torturas e agressões não pausaram, até aquele momento. Ao que lhe pareceu, ele tivera outro compromisso e não voltaria até o próximo dia, para seu alívio.

Tentou novamente afrouxar as cordas, quase libertando-se, mas logo a porta do quarto se abriu, revelando Jisoo, que colocou-se a sentar na cadeira ao lado da mesma, encarando-a.

— Você está bem? — Questionou, fitando-a com cuidado.

— Eu pareço bem pra você? — Devolveu, ríspida.

— Hmmm, bem, foi mesmo idiota perguntar isso. — Falou desconcertado, coçando a nuca com uma das mãos. — Mas sabe, você precisa dar o que eles querem logo, se não, vai sair daqui morta.

— Eu não vou falar nada. — Respondeu, decidida.

— Eu admiro sua determinação. — Jisoo confessou, mas não fora respondido. — Sabe, isso de machucar as pessoas, não é algo que eu goste de fazer.

— Então porque está do lado deles, condescendente com tudo o que eles fazem? — Ela indagou.

— Você não sabe o que eles fazem para recrutar aliados. — Ele começou, olhando-a sério. — A maioria de nós faz tudo a força.

— E você é um desses, não é? — Minjoo continuou, em um fio de voz, até falar já estava lhe exigindo muito esforço.

— Sim. — O rapaz respondeu em um riso amargo. — Ameaçaram matar minha família caso recusasse os ajudar. — Explicou. — São poucos os que estão por vontade própria, a maioria são os que sempre estão com o Sr. Lee, os do "alto escalão". — Falou, fazendo aspas com os dedos. — Eles o ajudam com uma promessa de que também terão muito poder em Quymera.

— O Magus e o Polímata que sempre o acompanham fazem parte dessa elite, estou certa?

— Sim, é isso mesmo.

— Você sabe que se eu e meus amigos conseguirmos pará-lo, todo esse sofrimento e opressão irá acabar, não sabe?

— Sei. — Jisoo respondeu em um sussurro.

— Então nos ajude.

— Eu não posso... — Disse penoso. — Enquanto minha família estiver em perigo, não há nada que possa fazer. Eu sinto muito.

Minjoo suspirou derrotada, mas entendia a aflição de Jisoo, ela provavelmente faria o mesmo no lugar dele, não colocaria sua família em risco de modo nenhum.

The Leech (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora