Eu e Léo, um amigo do trabalho, saíamos do clube em que trabalhávamos em direção ao ponto de ônibus quando notei estar sendo seguido. Como sabia que Léo não era nada discreto, preferi manter a percepção apenas para mim, não queria que ele assustasse o perseguidor, fosse quem fosse, pelo menos não antes de eu descobrir quem era e o que queria. Sentamos no banco do ponto de ônibus e observei quando a pessoa, que agora parando e observando melhor, concluí que era um homem, encostou no poste no outro lado da rua. Ele notou que eu estava o olhando, mas não pareceu se importar de ter sido visto, o que me deixou ainda mais intrigado.
-Miguel! _Léo me chamou, entrando no ônibus. -Em que mundo você está? vamos logo!
-E-eu... lembrei que esqueci uma coisa no clube, pode ir sem mim, nos vemos amanhã.
Léo pareceu confuso, obviamente eu não tinha talento para mentir, mas então o motorista o apressou e ele apenas acenou para mim antes que a porta se fechasse e o ônibus partisse. Ali estava eu, parado na calçada encarando o homem misterioso atentamente. Notei quando ele acenou com a cabeça para que eu o seguisse, passei alguns segundos cogitando hipóteses terríveis como: ele poderia ser um assaltante, ou um assassino em série, ou queria me vender drogas e mesmo com todas as chances de que aquilo fosse um erro, eu o segui. Seguimos pela principal, e então entramos em uma rua pouco movimentada, eu continuava há alguns metros de distância quando ele virou a direita em mais uma rua, agora ainda mais isolada. Okay, talvez eu devesse correr de volta para o meu ponto de ônibus imediatamente. Mas a quem eu queria enganar? eu era curioso demais para recuar.
O homem parou em frente uma porta de ferro, quase que camuflada devido as pichações do prédio, e entrou, deixando a porta aberta para que eu entrasse também. O ambiente era pouco iluminado e silencioso, não tinha ninguém na mesa da portaria. Ótimo, para quem eu pediria ajuda caso precisasse?
Continuei o seguindo por três lances de escada, e então finalmente o homem parou em frente uma porta com o número 9 desenhado nela. Ele entrou, e após perceber que eu estava parado no corredor, voltou para fora, agora ele não usava os óculos escuros de antes e nem o boné.
-Eu não vou matar você, poderia entrar? _Ele disse, e algo em seu olhar me fez perder o receio, ele parecia quase desesperado.
Quando entrei, notei ele fechar a porta, mas não a trancou, o que me deixou mais aliviado. O lugar era pequeno, mas para sua surpresa estava organizado e limpo, diferente do resto do prédio.
-Quem é você? _Me ouvi perguntar.
O homem andou pela sala, tirando o casaco preto e jogando-o no sofá.
-Aceita uma água?
-Não, mas aceito que me diga o que está acontecendo.
O cara deu um breve sorriso, e então assentiu.
-Desculpe ter seguido você, venho fazendo isso há alguns dias...
Franzi o cenho, voltando a ficar assustado, o maluco estava me seguindo há dias.
-Por que diabos está me seguindo?
-Okay, eu não posso me apresentar porque ainda preciso manter minha identidade em sigilo absoluto... mas eu sou um empresário, tenho muito dinheiro e sei que você anda precisando de uma renda extra, eu poderia te ajudar com isso, Miguel.
-Como você sabe disso? E como sabe meu nome?
-Eu te conto tudo assim que me disser se está disposto a ouvir o que tenho a propor.
-Seja o que for, eu já estou aqui mesmo, fale o que quer de uma vez.
-Miguel... então, eu estou te seguindo porque preciso da sua ajuda, e assim que eu terminar de contar o que você precisa saber, vou precisar de uma resposta para a proposta que lhe farei.
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Aquela jaqueta de couro
RomanceCatarina Aires mora em Blumenau desde que nasceu, é herdeira das empresas de sua família, escrava de uma posição que não quer ocupar e correndo um risco que desconhece, a jovem impetuosa será salva por um motoqueiro misterioso, o que ela não sabe é...