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P.O.V Jack Dylan Grazer

Olho para a porta da biblioteca. Não sei quem eu esperava aparecer: Asher que saiu do nada ou Finn, que está atrasado.

Respiro fundo e, quando ia tocar no meu celular, o Wolfhard entra, parecendo determinado.

Arqueio as sobrancelhas. O que ele tem?

- Oi, Jackzinho. - Coloca sua bolsa no chão.

- Tá atrasado.

- Eu sei, foi mal. - Se senta do meu lado, puxando a cadeira pra mais perto de mim, fazendo um barulho horrível.

O olho por uns segundos e ele retribui, sorrindo.

- Encontrou Asher lá fora? - Pergunto.

- Ah, sim.

- E ele já foi embora?

- Tomara que sim. - Estranho seu jeito de falar, mas não estava tão surpreso.

Me viro pra frente e abro o Word no notebook. Coloco nossos nomes, série, professora e assunto na capa.

- Coloca umas imagens aí. - Mal me deixa terminar de digitar e já abre outra aba.

Eu respiro fundo e tiro minhas mãos do teclado, o deixando fazer o que queria.

- Posso te perguntar uma coisa? - Começa.

- Depende. - Ajeito meu cabelo que caia no meu olho.

- Se alguém te beijasse, tipo, agora, você ficaria feliz? - Arqueio as sobrancelhas.

Nossos olhos se encontram.

- Você tá bêbado?

- O que? Não. - O encaro por mais um tempo.

- Finn, sabe que horas são? - Tiro suas mãos do computador.

- Eu to sóbrio, ok? E você mudou de assunto. - Ignoro e volto ao trabalho.

Pesquiso "carboidratos" e vou nas fotos. Procuro uma descente. Eu sentia seus olhos perfurarem meu rosto de tanto me encarar.

- Você é muito bonito. - Comenta.

- Você não sabe o que tá falando. - Respondo rápido.

Pego um livro que já tinha separado e abro na página que já tinha lido. Começo a reler.

- Não, é sério. Eu parei pra olhar agora e puta merda. - Quando volto ao Wolfhard, ele estava perto até demais.

- Por que tá fazendo isso? - Pergunto baixo.

- Isso o que?

- Mentindo. - Falo sem pensar.

Segundos se passam e nenhuma palavra dele, só aquele olhar que parecia procurar algo na minha alma.

- Você não se acha bonito? - Sua voz muda.

- Não, não acho. - Volto aos parágrafos, que, pra ser sincero, só passei os olhos.

Engulo seco. Odeio esse assunto. Eu queria sair de lá agora.

- Eu te acho bonito.

- A gente veio aqui pra fazer o trabalho, então por favor? - O entrego outro livro.

Finalmente me obedece. Suspiro um pouco mais aliviado, mas não pude deixar de repetir suas palavras em minha cabeça algumas vezes.

- Lembra da coisa que eu queria te falar? Conversar sobre? - Continua o mais velho.

- Sim?

- É que eu gosto de você. - Demora um pouco para dizer.

Me aproximo do notebook e começo a digitar um resumo do que tinha acabado de ler.

- Você já disse isso lá no carro.

- Eu sei, mas queria que entendesse o significado de "gostar" que eu tava falando. - Digito mais rápido. - Eu gosto... gosto de você.

- Repetir a palavra não é explicar o significado.

- Você é talentoso, legal mas um pouco chato ao mesmo tempo, inteligente, forte e, sim, bonito. - Pouso minhas mãos sobre as teclas.

Eu havia escrito as palavras todas erradas. Pisco algumas vezes e clico em "revisão".

- Era isso que tinha para falar? - Vou corrigindo uma por uma.

- Era, eu acho... - Diz a última frase baixo.

Respiro fundo e me indireto minha coluna. Estou sendo muito duro com ele? Respiro fundo e molho meus lábios.

- Obrigado. - Parecia surpreso com minha resposta. - Ninguém nunca disse essas coisas pra mim...

- Deviriam. - Me interrompe.

Trocamos olhares calmos por um bom tempo. Eu desvio e limpo minha garganta.

- Temos que ir logo se quisermos ficar adiantados. - Quebro qualquer tipo de clima existente.

- Quer ir numa festa na minha casa? - Parecia nem ter me escutado. - Na sexta.

- Eu nunca... fui numa festa.

- Tá brincando? Então eu faço questão de você ir! - Sorri. - Vai ser super legal, eu juro.

Acabo deixando escapar um sorriso com a sua animação.

- Eu não sei, Finn.

- Vai, Jackzinho... Não vai ser a mesma coisa lá sem você.

- Duvido que iria me convidar, então não fala isso.

- Mas agora que eu sequer pensei no assunto, nem sei se vai rolar se você disser "não". - Não tirava seus olhos de mim por um segundo.

- Eu ia ficar meio sozinho e todos lá iam...

- Ei, para. - Aponta pra mim. - Ninguém ia nada e eu ia estar lá com você.

Naquele momento a possibilidade disso ser uma grande "armadilha" passa pela minha cabeça. Abaixo a cabeça e olho para meus cadarços.

- E qualquer coisa você fica no meu quarto e eu até tranco a porta. - Ergue meu rosto. - Qual é, Jackzinho, por favor...

Depois de milhares de pensamentos eu respiro fundo.

- Tá, tá bom. - Sorri largo.

- Isso! - Comemora.

- Mas só se Asher for junto.

- Ah, sério?? - Toda sua empolgação vai embora.

- Sim. - Afirmo e ele cede.

- Tá bom, mas você tem que aparecer, Jack Dylan Grazer. - Deixo escapar um sorriso fraco e ele acaba sorrindo também.

𝕕𝕖𝕥𝕖𝕟𝕥𝕚𝕠𝕟 𑁍 Fack Onde histórias criam vida. Descubra agora