44- Dose de Adrenalina

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Gente, duas ponderações:

1- Não sou médica e nunca fiquei grávida, tá? Então se o parto tá certo ou ta errado, ou sei lá o que, faz de conta que é assim.

2- Trouxe o capítulo cedo porque sou boazinha, então não adianta pedirem, chorarem, espernearem, gritarem. Outro capítulo só amanhã.

É só isso. Boa sorte, amados, até amanhã ♥️.

Ps: E se ficar puto é prior.

(...)

Marcela ficou quieta pelo que pareceu uma eternidade, mas só se passaram alguns segundos. Tudo passou por sua cabeça, o momento que conheceu Gizelly na primeira consulta, o dia em que se encontraram sem querer no bar, como começaram a virar amigas, toda a trajetória até a gravidez, as cenas ridículas com o ex marido, tudo, até o dia de hoje.

Pensou também em tudo relacionado a gravidez. O momento que ela descobriu e alegou que havia sido a primeira a saber, lembrou de quando cismou que era menino e ela escolheu o nome de Miguel por causa da inicial do seu nome, também se lembrou quando constataram o sexo e comemoraram por realmente ser menino e por fim se lembrou de Gi comentando dias atrás sobre cuidar de Miguel caso alguma coisa acontecesse.

- Marcela... - a médica chamou.

- Salva o bebê - pediu, as lágrimas subindo aos olhos.

Era o que ela ia escolher, tinha certeza disso. Gizelly já amava o filho mais do que tudo nessa vida e não iria se perdoar caso acordasse e soubesse que não conseguiram salva-lo. Sabia que podiam ter outros filhos, isso seria muito ouvido quando contasse sua decisão e levaria a culpa disso pelo resto da vida.

Então, sentindo as lágrimas escorreram involuntariamente, observou a médica assentir e tornar a colocar a mão dentro da incisão para buscar por Miguel.

A máquina começou a apitar.

- Pressão caindo, batimentos também - Hari anunciou, sem tirar os olhos da tela. - 42, 37, 24...

- Prepara outra dose de adrenalina - ela pediu e Hariany obedeceu. - Marcela se prepara.

A loira não sabia como conseguiu se mover estando em choque, mas correu até a bancada ao lado e pegou o lençol branco. Ao chegar, Miguel foi retirado de dentro do ventre e despejado em suas mãos, sobre o tecido. Em seguida o cordão umbilical foi cortado.

Ele já estava começando a ficar roxo, mas soltou um choro tão alto que Marcela soluçou junto, deixando as lágrimas escorrerem com força ao mesmo tempo em que o aparelho soltou um apito continuo anunciando a parada cardíaca. Hariany já havia aplicado a adrenalina na veia.

- Você cuida dele, deixa ela comigo - a médica avisou.

Enquanto o pequeno chorava, Marcela tentava se controlar, mas não conseguia. Era muita pressão, estava começando a sentir os efeitos, a dor de cabeça vinha forte. Provavelmente a médica estava retirando a placenta para poder suturar o corte e Hari estava na massagem cardíaca, sendo auxiliadas pelas enfermeiras.

- Desfibrilador - ela pediu.

Marcela fechou os olhos com força, cobrindo o bebê com o lençol e o embalando em seu braço. Não conseguiria limpar ele desse jeito, não com Gizelly em parada cardíaca na maca a um metro de distância.

- Afasta - avisou e todo mundo saiu de perto. A incisão continuava aberta.

O choque foi dado, o corpo de Gizelly subiu e desceu para a maca.

Se Olha No EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora