78- A Gente Que Ama Você

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Preparados para chorar? 😷

(...)

3 anos depois

Gizelly nunca teve momentos especiais no dia das mães e muito menos no dos pais, porque em sua casa sempre havia sido tudo, menos familiar. Por isso se sentia tão emocionada toda vez que ia até a escola do filho nessas datas agora consideradas tão importante.

No dia nas mães, Miguel cantou uma música com os coleguinhas de classe, vestido a caráter e com um coração vermelho feito de EVA na mão com o nome da mãe de cada aluno, no caso dele duas mães. Chorou feito uma boba e Marcela também ficou emocionada, era impossível não ficar, não com ele tão crescido e lindo daquele jeito.

Estavam agora no dia dos pais e a escola estava cheia com os papais de cada aluno. A direção decidiu fazer algo diferente nesse ano e pediram para os pais se apresentarem no lugar dos filhos, que o chamariam para a frente para dizer com o que trabalham e coisas do tipo.

Miguel sempre sofria bastante bullying por não ter pai, mas ele sempre alegava que na verdade teve, mas que o papai acabou virando uma estrelinha por ter feito coisas ruins na vida. E também dizia que se sentia bem melhor tendo duas mães.

Devido a isso, o dia dos pais sempre acabava se tornando algo meio apagado na escola. Durante os primeiros anos foram assim, mas supriam essa necessidade sempre quando chegavam em casa, seja com um desenho na TV com pipoca ou simplesmente levando-o para algum lugar que ele adorava.

Mas mesmo assim não deixavam de ir na escola acompanhar os eventos. No início foi complicado, porque as professoras cismavam em dizer que os eventos eram só para os pais e que as mães não podiam participar. Depois de muita briga, conseguiam, nunca deixariam Miguel sozinho e desamparado. Mesmo que não participassem dos eventos diretamente, três anos serviram para que as pessoas ali começassem a se acostumar com a ideia e aos poucos o bullying foi diminuindo, mas não totalmente. Nunca totalmente, sempre havia um babaca. E crianças conseguiam ser muito cruéis também.

Desde o início sabiam que passariam por todo tipo de coisa e que isso era apenas o começo, mas eram forte o suficiente para prepararem Miguel para tudo.

Assistindo as palestras dos pais, se surpreendeu quando o pequeno saiu da cadeira e foi até a professora cochichar alguma coisa no ouvido dela, que sorriu e assentiu. Acompanhando-o com os olhos, Gizelly e Marcela franziram as sobrancelhas quando o viram correr para a frente da sala assim que o pai de Enzo saiu para se sentar.

- Gente, eu queria falar sobre o meu pai - mesmo sendo bem novo, o pequeno era bastante articulado, embora o tom de voz fosse ainda muito infantil e com um toque de língua presa quando pronunciava a letra S, mas a fono tava cuidando disso.

- Mas você não tem pai! - Um dos colegas de classe gritou e logo foi repreendido pelo pai.

Gizelly e Marcela se olharam em silêncio, trocando uma pergunta silenciosa sobre irem ou não tirar o menino ali frente.

- É verdade! - Miguel inflou o peito antes de continuar: - Eu tenho duas mamães, que são melhores que todos esses pais daqui.

- Ninguém é melhor que o meu papai! - Uma garotinha vociferou, os olhos enchendo de água.

- Crianças, deixem o Miguel falar - a professora os repreendeu.

Se Olha No EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora