52- O Que Foi?

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Tô devendo, eu sei, mas ontem tive uns contratempos. Aqui estamos de novo.

Preparadas para surtar?

Amanhã eu volto, por causa do furo de ontem.

Beijoooooos

(...)

Quando fez isso, Marcela nunca iria imaginar a merda que daria, mas naquela hora achou que era o certo. Na verdade era mesmo o certo, afinal era uma pessoa civilizada. E aquela era a última chance que podia dar àqueles dois.

Afinal tinha ciência do rumo que as coisas tomaram desde o dia que conheceu Gizelly. Ela era casada, tirou tudo da mão dele, mudou a vida da família dela, então nada mais digno que dar mais uma chance.

Mas ainda assim preferiu ficar longe, não queria se aproximar deles, não queria participar daquele momento, por isso ficou junto com as meninas, conversando e tentando se distrair, enquanto elas ficavam fofocando sobre a vida dos outros.

O som continuou tocando, no volume só um pouco mais baixo, porém ideal para não haver reclamações. Embora estivesse longe, vez ou outra observava Gizelly conversando com a mãe. Notou a sogra passando o neto para o animal e teve sua atenção desviada por Bianca, que a puxou para um abraço. Acabou correspondendo sem querer.

- Você sabe que eu preciso de cobaias para a aula de anatomia, né? - A ouviu dizer, o tom nem um pouco controlado.

Marcela riu.

- Bianca, você tá falando alto - Ivy disse, rindo junto com Mari.

- Não tô nem aí - ela estava bêbada. - É sério, essa oportunidade é perfeita. Preciso de um corpo para dissecar.

Ainda rindo, beijou a bochecha dela e afastou o rosto para olha-la nos olhos. Quando ia dizer que a amava, Thelma chegou na sala, a cara de sono de quem havia dormido pelas últimas quinze horas. Sabia o quanto ela estava cansada, pois havia ido para lá direto do plantão.

- Que zona é essa aqui? - Ela perguntou, o tom natural que as amigas estavam acostumadas.

- Quem é a neguinha? - Dona Márcia perguntou, interrompendo a conversa que estava tendo com a filha.

Felipe Prior desviou a atenção do bebê para o que quer que a sogra estivesse falando. Ela sempre séria sua sogra, na verdade, a considerava uma verdadeira mãe.

Do outro lado da sala, não teve som suficiente para impedir Marcela de ouvir o comentário da sogra. Tanto que se afastou na mesma hora de Bianca, se virando para olhar na direção deles, querendo ter certeza de que tinha ouvido certo.

- Mãe, você tá maluca? - Gizelly não tava acreditando.

- Maluca é você de aceitar alguém como ela aqui na sua casa. O que ela é? Babá do seu filho?

- Pediatra dele - a voz de Thelma foi seca, porém esbanjava superioridade.

Ela a olhou com desdém.

- Você? Médica?

Marcela se aproximou na mesma hora, se pondo entre a sogra e Felipe. Foi até ele e tirou o bebê do colo dele.

- Você não pode fazer isso - ele disse, indignado.

- Posso, o filho é meu. Eu sei que você não fez nada dessa vez, mas não quero que ele fique no meio desse fogo cruzado - no mesmo segundo, Manu se aproximou, prestativa, acabou deixando-o no colo dela.

- Ele não é seu filho.

- Eu realmente não vou discutir isso com você, Felipe - e se virou para a mãe de Gizelly. - E a senhora deve um pedido de desculpas para a minha amiga.

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