Capítulo 12

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Olha quem voltou! Fala a verdade, foi tão rápido que nem deu tempo de sentirem minha falta.

Eu não sei o que me impulsionou a ir até o bar e fazer aquela cena, não sabia como me sentia em relação à notícia do bebê

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Eu não sei o que me impulsionou a ir até o bar e fazer aquela cena, não sabia como me sentia em relação à notícia do bebê. Eu o queria? Era o que parecia conforme minha mão ganhava vida própria descendo até minha barriga ainda lisa e sem nenhuma protuberância que indicasse a gravidez. Entretanto, e se não fosse boa nisso? Alguns dias nem ao menos conseguia cuidar de mim mesma, como podia cuidar de um bebê? E qual seria a reação do Rogers afinal? Coloquei aquela mascara de fúria para disfarçar minhas preocupações, ele podia não querer participar da vida da criança e apesar de saber que podia dar um jeito seria bastante complicado vê-lo todo dia.

Meus amigos ficaram me enchendo com perguntas sobre o que estava acontecendo, rapidamente expliquei sobre os dois meses atrás, ignorando os olhares chocados e a enorme dor de cabeça que me acometia naquele momento, Pepper os convenceu a deixar o interrogatório para depois. Eu amo essa mulher. Em uma conversa rápida ficou decidido que ela e Clint voltariam lá dentro para pegar as coisas do pessoal, que aparentemente resolveram que dar a noite por encerrada, bem como deixar o dinheiro da parte deles da conta. Hill me levaria para casa, Tony e Wanda vieram com a gente, e imediatamente me senti culpada por roubar o Stark da esposa, tento dizer isso, mas ela só passa o braço em volta dos meus ombros e diz que vou precisar dele quando começar a surtar.

E adivinhem o que aconteceu? Exatamente, mais uma ver Virgínia Potts provava estar certa. Nesse momento Tony estava sentado em minha cama me encarando de forma preocupada, tentei pegar as sapatilhas por duas vezes e ele me impediu, sabia como as coisas terminavam quando eu recomeçava a dançar, então o máximo que eu podia fazer era andar de um lado para o outro gritando palavrões em russo, francês e nas outras línguas que conseguia lembrar.

- Você fala latim? – Stark perguntou em determinado momento e voltou a se calar depois que ignoro seu questionamento continuando a praguejar. Escutamos barulhos mais altos de conversa vindo da sala e antes que um de nós dois possa se manifestar batidas na porta nos pegam de surpresa. Tony levanta indo abri-la ficando parado por uns instantes antes de sair da frente e me deixar ver quem era – Acho que é para você...

Ele murmura desviando o olhar entre mim e Steve, que por alguma razão se encontrava parado no corredor do meu apartamento. Não sabia como aquilo acontecia, mas às vezes eu me perdia nos belos orbes azuis e mais uma vez me vi presa sem conseguir esboçar nenhuma reação, não esperava que ele fosse até ali, não hoje pelo menos. Enquanto minha mente tentava criar todos os cenários possíveis sobre o que significava o fato dele ter me procurado tão depressa, Stark sai dando duas batidinhas no ombro dele e sussurrando "boa sorte", antes disso o mesmo vem até mim e beija minha testa de forma protetora, prometendo que bastava gritar e ele voltaria ali rapidinho.

Steve fecha a porta depois que passa, mas não se aproxima de mim, ficamos em silêncio por um bom tempo, nenhum dos dois sabia como iniciar aquela conversa que provavelmente mudaria todo nosso futuro a partir dali. Vejo quando seu olhar recai sobre as sapatilhas no chão e suspiro lembrando-me do dia que o expulsei, passar a noite com ele havia sido tão bom que me assustou, com apenas trocas de olhares intensos Steve Rogers havia conseguido derrubar diversos muros que eu tinha construído e tentava reerguer, porém era difícil tendo-o me olhando daquele jeito todos os dias.

- Eu dançava quando era criança, dancei até os dez anos, ainda morava na Rússia e era considerada um prodígio, minha mãe era quem me ensinava – e então o silêncio mais uma vez, não sabia por que estava contando aquilo para ele as palavras simplesmente saiam da minha boca – Ela era... Bem rígida, se pudermos definir assim. Meus pais estavam separados, minha mãe o mandou embora quando eu tinha cinco anos e ele foi, me deixou sozinha com ela. Foi a partir daí que a mesma percebeu que nós duas tínhamos uma coisa em comum, talento e delicadeza sob um par de sapatilhas, em alguns dias ela me forçava a dançar tanto que parecia uma tortura o simples fato de me apoiar em meus pés, era como se facas estivessem penetrando minha pele. Eu distendi minha coxa, quebrei algumas coisas, e um dia, como por meio de um milagre, meu pai voltou para casa, encontrou minha mãe com uma arma apontada para mim no meio da nossa sala, ela me mandava fazer silêncio ou os monstros iriam nos encontrar e me tirariam dela.

- Esquizofrenia – Steve murmura e eu confirmo com um aceno.

- Meu pai conseguiu desarmá-la, me pegou no colo e saiu comigo sem olhar para trás, ignorando os gritos da minha mãe. Às vezes, eu ainda consigo ouvir a voz dela "Verni mne moyu doch', ty peredash' yeye, i oni ub'yut yeye, ona dolzhna trenirovat'sya seychas ..." – sussurrei em russo, os olhos de Steve, assim como os meus, estavam marejados – Meu pai pediu desculpas por ter ido embora, disse que ficaria tudo bem, ele havia encontrado um amigo antigo na América que o ajudava e que dessa vez eu iria com ele, para sempre e não precisaria mais dançar o que era realmente um alívio. Acontece que esse amigo era Harold Stark, meu pai morreu dois anos depois e os Stark cuidaram de mim como se eu fosse realmente da família, foram os melhores anos da minha vida.

(Devolva minha filha, você a entregará e eles a matarão, ela deve treinar agora ...)

- O problema Rogers é que minha mãe conseguiu transformar uma atividade prazerosa que era dançar em algo infernal, e é por isso que Tony não gosta quando calço as sapatilhas, durante muito tempo eu achava que sem isso não poderia ser nada e ele conseguiu me mostrar que não era verdade – sinto a mão de Steve em meu rosto, enxugando uma lágrima que conseguiu escapar, e nem sei como ele chegou perto de mim tão rápido sem que eu percebesse – Quando eu danço, escuto os gritos de minha mãe, quando eu danço sempre termino machucada porque não sei quando parar, não consigo impor limites, então eu não danço por prazer, isso ficou congelado no inverno frio da Rússia há muito tempo atrás, eu danço para me machucar Rogers, dançar é a minha forma de tortura.

Em um ato inesperado ele me abraça e permito que o faça, era estranha como uma sensação de segurança se apossava de mim, com a cabeça encostada no tórax daquele que eu tanto havia afirmado que odiava permiti chorar sobre a lembrança da minha mãe e de como eu não queria ser como ela, como queria ser melhor e eu seria, pelo meu bebê... Nosso bebê.

- Você quer o bebê? – ele pergunta com a voz rouca e eu simplesmente murmuro um "sim" sem encará-lo, não conseguia.

- Espero que nosso filho seja tão lindo e forte quanto você – e com aquelas palavras enquanto me abraçava de forma apertada, ele conseguiu tirar um enorme peso das minhas costas... Poderia contar com a ajuda dele afinal.  

  

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1. A Destiny Child - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora