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Você ja pensou como nossa sanidade beira a loucura? Eu sim. Eu estou beirando a loucura agora.

Fazem horas que eu estou trancada num quarto branco, sem meus pertences, só de blusa e calcinha num lugar que eu nem mesmo sei onde é.

Eu não consigo entender muito bem o motivo de ter sido sequestrada. Primeiro: minha família não tem lá muito poder aquisitivo. Segundo: eu tenho uma aparência normal. Terceiro: eu não lembro de ter mexido com ninguém que não devesse.

Até umas, sei la, cinco horas atrás eu era uma adolescente normal que foge de casa pra encher a cara com os amigos e entrar em boates com identidade falsa. Agora eu sou uma adolescente normal sequestrada por pessoas que eu nunca sequer vi na vida, movidas por um motivo que eu sequer tenho ideia de qual seja.

Ai você me pergunta: Darya, mas como você vai com alguém estranho pro meio do nada e não quer que algo de ruim te aconteça? Simples: nenhuma psicopata vem com "killer" tatuado na testa.

Quando chegamos nesse lugar, eu fui jogada como um saco de batatas nesse quarto e praticamente obrigada a trocar de roupa e me desfazer de tudo que era meu - incluindo, obviamente, meu celular. Ninguém me disse nada. Ninguém sequer abriu a porra da boca durante todo o caminho até esse hospício. Eu não tenho nem uma dica do que eu to realmente fazendo aqui, e eu acho que isso é o que me da mais desespero.

Eu ouvi a porta ser destrancada e automaticamente meu pescoço se virou em direção a mesma. Logo a garota de olhos azuis entrou e fechou a porta atrás de si. Ela carregava uma arma na mão, junto com seus milhares de anéis e pulseiras pendurados. Ela parecia quase como um carro alegórico. Quase porque nenhum carro alegórico é sexy.

- Darya, né? - ela sorriu sacana - Eu vou ser bem direta. Quero que você me diga os esquemas do seu pai.

- Esquemas do meu pai?? - eu ri - Qual? A receita do molho especial do Fatuche dele? Ou a receita do pão árabe? - ela me olhou com raiva e virou a mão na minha cara. Eu coloquei minhas mãos onde ela havia batido e gemi de dor.

- Eu to falando sério, vagabunda! - rosnou com raiva e eu dei um sorriso cínico.

- Eu também. Se quiser as receitas eu posso te dar - dei de ombros e ela chegou mais perto, colocando os dedos por entre meus cabelos e puxando pra trás, segurei outro gemido de dor, ela ta achando que eu sou o que? - Ui, desse jeito eu gozo, em?

- Garota, você ta brincando com fogo - rosnou bem próximo ao meu rosto e eu ri.

- Se eu me queimar eu fico feliz - falei séria encarando ela e a mesma me jogou na cama, saindo de perto de mim e andando de um lado pro outro no quarto, mexendo no cabelo nervosamente.

- É só você me falar que MERDA teu pai ta planejando, e eu te deixo livre, é tão complicado assim? - perguntou exasperada me encarando e eu me sentei na cama novamente. 

- Eu não sei de que merda você ta falando. Como eu ja te disse, posso te contar as receitas, mas sobre o que você ta me perguntando eu não faço idéia - a encarei séria.

- PARA DE MENTIR! - berrou fazendo eu me encolher e me deu outro tapa no rosto. Dessa vez senti meu lábio rasgar no canto da boca.

- EU NÃO TO MENTINDO! - berrei no mesmo tom, secando o sangue em seguida. Eu não sou fácil de intimidar, pode me bater o quanto quiser.

- Eu vou sair. Eu volto mais tarde pra ver se você lembrou de alguma coisa - disse irritada e saiu, batendo a porta atrás dela.

Ouvi ela trancando a mesma e suspirei me jogando na cama. De que merda essa maluca ta falando?

KidnappedOnde histórias criam vida. Descubra agora