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Fazem três dias que eu não saio do quarto. Dois dias que eu não como também, mas dessa vez, por escolha própria. Minha cabeça ta melhor, mas ainda dói muito, igual todas as outras partes do meu corpo. Meu dia se resume a dormir e tomar água, fora isso, não faço nada. Ficar acordada dói e tudo só me faz ficar triste.

Offred já ta desesperada, tudo que ela me traz pra comer, eu deixo de lado e não como. Até suco não ta entrando no meu estômago. E não é nem drama, eu só não sinto fome. Simplesmente não sinto. Eu só queria ir pra casa e esquecer todo esse lugar, nada além disso.

Eu ouvi a porta ser aberta e não me movi. Continuei virada pra parede da janela, já imaginando ser a Offred pra trazer mais comida.

- Darya, o que você ta fazendo? - ouvi a voz dela ali e arregalei meus olhos enquanto sentia meu coração bater a mil por hora. Não respondi - Eu to falando com você, porra - ouvi seus passos até mim e me encolhi quando senti ela me virar.

- Por favor, não me bate - eu murmurei chorosa e ela suavizou a expressão.

- Eu não vou te machucar - ela murmurou e suspirou, se sentando na ponta da cama - Por que você não ta comendo?

- Eu não sinto fome. - falei baixo.

- Por que você não sai desse quarto, vai la embaixo e tenta comer? Darya, você vai acabar ficando doente desse jeito. - ela falou baixinho e eu abaixei meu olhar.

- Eu não me importo.

- Como assim, não se importa? - franziu a sobrancelha - Mas eu me importo!

- Não parece - murmurei encarando seus olhos e ela praguejou baixinho, encarando suas mãos.

- Darya, eu sei que o que eu fiz foi foda, mas não tem porque você ficar desse jeito por causa disso! - ela argumentou e eu soltei uma risada baixa.

- Você acha que é só por isso? Billie, repensa tudo que aconteceu comigo nesses últimos dois meses - me sentei com dificuldade a encarando - E porra, você tendo me batido ainda....

- Quando o Baylor te bateu você não ficou desse jeito - franziu a testa.

- Eu nunca fui apaixonada pelo Baylor - disse direta e ela abriu a boca em surpresa. - Enfim, não tem muito o que você possa dizer que vá me fazer comer. Eu to sem fome e acabou. - virei de novo pro outro lado e ouvi ela suspirar, se levantando em seguida e saíndo do quarto.

Realmente não é drama. Eu só não to sentindo fome.

-...-

- Darya, acorda - ouvi alguém me chacoalhar e abri os olhos um pouco desnorteada, vendo Billie ali.

- O que você quer? Me deixa dormir - murmurei ainda sonolenta e ela bufou, indo até a janela e abrindo as cortinas, fazendo o com que toda a claridade entrasse no quarto - Fecha isso!

- Você é o que? Vampira agora? - falou irônica e foi até a bancada, trazendo uma sopa até mim - Senta. - ela mandou e eu bufei sentando enquanto ela colocava a bandeja em cima das minhas pernas. - Come.

- Eu não quero - cruzei os braços fazendo careta ao olhar a sopa.

- Darya, não to de brincadeira - ela falou impaciente - Come essa porra.

- Eu não quero, Billie - falei simples - Eu tô sem fome.

- Você tem duas opções, ta? - ela começou e levantou o indicador - Um, você come essa sopa e volta a se alimentar. Ou dois - levantou o dedo médio - Eu vou te levar arrastada no médio e mandar colocarem um tubo de alimentação em você.

- Você não pode fazer isso! - falei indignada e ela riu.

- Quer pagar pra ver? - arqueou a sobrancelha - Anda, come.

Eu bufei e peguei a colher, começando a comer de pouco em pouco. Cada vez que eu engolia parecia uma bomba caindo no meu estômago ja desacostumado. Eu suspirei e coloquei a colher de lado, vendo que comi metade da sopa.

- Não aguento mais - murmurei baixo e ela suspirou.

- Não aguenta mesmo? - neguei com a cabeça - Ok, agora se arruma que a gente vai sair. - eu a encarei com uma feição brava.

- Não, isso não. - neguei e ela riu.

- Você não tem escolha. Se arruma, daqui a pouco eu volto pra gente sair. - ela disse pegando a bandeja e saindo do quarto em seguida.

Que inferno, eu não posso nem ficar na minha em paz. Suspirei irritada, me levantando com dificuldade por ainda estar fraca e fui até o closet, colocando uma regata e a calça de moletom, com um casaco por cima. Fui até a cama e me sentei esperando ela vir. Poucos minutos depois ela chegou e ela só me encarou.

Eu logo me levantei e comecei a seguir ela. As escadas eu desci mais devagar. Pelo olhar dela, ela até pensou em me ajudar, mas sabia que iria levar uma xingada bonita se ela fosse se oferecer.

Fomos até seu carro e ela deu partida. O caminho foi em total silencio, mas eu reconheci por ser a chácara da família dela.

Quando chegamos eu desci e nós fomos até a casa, entrei assim que ela destrancou e sentei no sofá, suspirando em seguida.

- Eu te trouxe aqui pra gente conversar - ela falou se sentando no meu lado e eu a encarei.

- Não podia conversar la na mansão? - arqueei uma sobrancelha.

- Eu queria mais privacidade - ela murmurou - Darya, eu quero te pedir desculpas.

- Eu não quero ouvir teu discurso de novo, Billie - cortei ela, a encarando em seguida - Eu realmente não quero. Nada vai justificar o que você fez comigo.

- Eu não quero me justificar, porra. Eu quero me desculpar! - exclamou e eu suspirei - Eu sei que o que eu fiz não foi certo, mas você precisa me entender. Darya, eu tava cega. Era aniversário de morte da Carly, o Baylor me encheu o dia inteiro por tua causa, eu cheguei em casa e cheirei um monte, misturando com bebida, eu fiquei transtornada. - ela se explicou - Eu sei que não justifica, mas é o que aconteceu. Se eu estivesse sóbria eu jamais faria isso com você.

- Esse é o problema, Billie. Você ta setenta porcento do tempo drogada. Quero que me explique como vou confiar em você desse jeito. - a encarei - Eu nunca pensei que eu sentiria medo de você, mas eu senti. Eu tava com medo de você me matar, porque parecia que você não via um palmo afrente dos seus olhos. - sorri sem graça - E machuca, sabe? Você estar apaixonada e a pessoa te machucar dessa forma.

- Você também me machucou - murmurou - Você me deu um pé na bunda por causa do Baylor!

- Ah, não vem comparar não. Eu tava com medo dele, o problema é eu ter medo de você agora. - falei irritada.

- Darya, só termina de me escutar, por favor - suspirou - Se você quiser nunca mais olhar na minha cara, tudo bem. Mas se você tentar me perdoar, eu prometo que faço de tudo pra me redimir. Se você quiser que eu pare com o pó, tudo bem. Não precisa ficar comigo de novo, só me perdoar. - ela falou e eu fiquei encarando ela.

- Eu não vou te perdoar pra você ficar com a consciência tranquila, Billie.

- Eu não quero pela minha consciência, Darya, eu quero porque eu também to apaixonada por você e me fode não poder nem ouvir tua risada todos os dias, e saber que a culpada disso sou eu. - mandou na lata e eu arregalei meus olhos - É só isso. Se eu não posso ter você, quero tua amizade, quero você perto de mim pra eu poder te proteger. Só isso que eu to te pedindo. - suspirou.

- Ok, eu vou pensar. - suspirei e ela me encarou surpresa.

- Sério? - perguntou rápido - Promete?

- Prometo, Billie - revirei os olhos e ela sorriu. - Agora me arruma um cigarro, já que você me fez vir até aqui só pra uma conversa.

- Ok, vou pegar no carro, espera ai - ela murmurou e levantou, saindo da casa.

Assim que a porta fechou eu suspirei. Espero, pela milésima vez, não estar fazendo merda.

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Aiai trouxa, Darya é pior q eu. Eh isto mores bj amo vcs

KidnappedOnde histórias criam vida. Descubra agora