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Ja faziam duas semanas que eu estava em total paz e harmonia com a Billie. Eu ainda estou me consultando com a psiquiatra, e cada dia que passa eu tenho mais certeza de que ela ta dando em cima de mim, mas achei melhor não contar pra Billie pra garantir que ela continue viva.

Eu estava sentada no sofá enquanto ela fazia algumas anotações. Cada dia que passa ela ta vindo mais sexy. Hoje o cabelo ta num coque perfeito e a boca bem marcada de vermelho, fora a roupa social. Desse jeito não ta dando.

- Em? - ela me perguntou e eu acordei dos pensamentos.

- Desculpa? - perguntei perdida e ela soltou uma risadinha.

- Me conte sobre a sua semana. - ela murmurou me encarando e arrumou o óculos no rosto, lambendo o lábio em seguida.

- Hm. - limpei a garganta e arrumei minha postura - Eu fui com a Billie na chacara da família de novo. Ficamos durante alguns dias por lá, basicamente isso - dei de ombros e ela assentiu, anotando em seguida.

- Você não sai sozinha? - me encarou por cima dos óculos.

- Não, eu to sequestrada né - ri óbvia.

- Mas você não ta namorando com sua sequestradora? - colocou a caneta nos lábios e brincou com ela ali.

- Sim - me mexi desconfortável no sofá e ela assentiu.

- E seu pai já não morreu também? - me encarou significativa.

- Sim... - murmurei mexendo no meu cabelo.

- Então por que você ainda é uma prisioneira? - cruzou as pernas me questionando.

- Eu não sei - comecei a ficar irritada.

- Ja pensou em questionar a Billie sobre isso?

- Não. - bufei - Onde você ta querendo chegar com esse questionário todo?

- Você ja se perguntou por que continua aqui? E por que você se apaixonou pela sua sequestradora? - ela me perguntou enquanto me encarava e eu ri nervosa.

- Aconteceu, eu... - parei de falar realmente refletindo sobre isso.

- Você ja ouviu falar da síndrome de estocolmo? - ela perguntou e eu ri nervosa.

- O que isso tem a ver com o assunto? - franzi o cenho.

- Eu vou te explicar - ela murmurou passando os olhos pela prancheta - A Síndrome de Estocolmo é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor. - ela começou e eu estreitei meus olhos em sua direção - Pessoas que sofreram abusos psicológicos na infância são mais propensas a desenvolver essa síndrome.

- Eu não to entendendo onde você ta querendo chegar - eu murmurei ela sorriu.

- Meu diagnóstico é que você tem a síndrome de estocolmo, e ela te induziu a desenvolver uma depressão. Por isso tudo que a Billie faz contra você te afeta muito mais do que o resto. - ela explicou e eu senti minha boca secar - Também incluí a situação com seu pai, levando em conta que ele era teu agressor quando criança, e mesmo assim ele é mais importante do que qualquer outra pessoa na sua vida.

- Você ta falando besteira - eu murmurei brava.

- Eu não to - ela falou segura - Eu sei que é difícil de aceitar, mas seria bom você parar pra refletir um pouco na sua vida. - ela terminou. - Bom, por hoje eu acho que ja tá bom. Me acompanha?

- Você ja sabe o caminho - cruzei os braços irritada e ela assentiu dando um meio sorriso saindo dali em seguida.

Eu permaneci ali por um bom tempo e depois decidi ir pro quarto, ignorando qualquer regra que a Billie tenha imposto.

KidnappedOnde histórias criam vida. Descubra agora