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Eu não conseguia prestar atenção. O psiquiatra falava sobre a reação de defesa do nosso cérebro quando sofremos algum tipo de trauma, me explicava cada detalhezinho sobre isso. Nós já tínhamos conversado. Era nossa terceira sessão, só nessa semana. Mas ele fala demais.

- Entendeu? - me perguntou e eu quase dei um pulo no sofá, mas ajeitei minha postura e assenti.

- Entendi sim. - murmurei o encarando e ele sorriu, estreitando os olhos em minha direção.

- Ótimo, então nos vemos na próxima sessão? - ele perguntou ja se levantando e eu o acompanhei assentindo.

- Claro, depois de amanhã, isso? - arqueei a sobrancelha e ele sorriu assentindo.

- Isso mesmo - concordou - Então, por agora, eu vou indo. Qualquer coisa sua mulher tem meu contato.

- Ok, muito obrigada - sorri fraco o acompanhando até a porta e vendo ele sair em seguida.

Minha mulher. Essa é boa. Billie havia inventado uma lorota dizendo que eramos casadas. Decidiu dessa vez não contar toda a verdade pro meu psicólogo, pra não criar uma síndrome de salvador igual aconteceu com a Sophie.

Eu me sentei no sofá da sala e fiquei encarando a televisão desligada. Fazia exatamente uma semana que eu havia voltado pra mansão. Eu ainda não perguntei pra Billie se é verdade que ela matou meu pai. E, fora isso, eu não conseguia parar de imaginar como seria prazeroso pra mim cortar o pau do Baylor com uma tesoura sem fio.

Sem brincadeira, eu to sonhando com isso ja fazem dias. Eu tento abstrair minha mente e pensar em outras coisas, mas ela sempre volta pro mesmo ponto: vingança. É tudo que eu quero e tudo que eu anseio. Eu só queria ver o Baylor sofrer e sentir o prazer que ele sentiu ao me ver gritar de dor enquanto eu chorava. Eu só quero ouvir ele berrando de dor enquanto eu enfio um cano de cobre dentro dele e rasgo ele por dentro, igual ele fez comigo.

Senti meus dentes rangerem pela raiva e percebi que minhas mãos estavam fechadas em punho. Respirei fundo tentando me acalmar, mas como aconteceu nos últimos dias, eu não consegui.

Billie começou a estranhar nos últimos dois dias o fato de eu estar tão agressiva como eu estou agora. Eu não consigo controlar minha raiva nem com os outros. Eu sinto ódio de todo mundo. Inclusive de mim. Eu realmente preciso dessa vingança.

Ouvi a maçaneta girar e vi o Finneas e a Billie entrarem na casa enquanto conversavam, provavelmente sobre a sessão de tortura hoje. Eu me levantei na mesma hora e cheguei próxima aos dois, vendo eles pararem de conversar assim que notaram minha presença. Essa superproteção ta me tirando do sério.

- Eu preciso conversar com vocês dois - eu cruzei os braços na frente deles e Billie franziu a testa.

- Não da pra ser depois, baby? Eu to exausta. - ela murmurou suspirando e eu travei meu maxilar.

- Agora, Eilish - falei em um rosnado e vi o Finneas enrugar a testa enquanto me olhava, provavelmente não entendendo o porque de tanto ódio.

- Darya... - Billie começou, mas ele a interrompeu.

- Vamos pro escritório. É melhor conversarmos lá. - ele murmurou e ja deu meia volta, indo até o escritório. Segui seus passos enquanto sentia o olhar dela queimar nas minhas costas. Foda-se.

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