23

4.7K 438 495
                                    

Merda. Merda. Merda! Mil vezes merda. Já são três horas da tarde e nada da Billie voltar. Isso mesmo, desde ontem a noite ela ainda não apareceu nessa merda dessa casa. Eu estava inquieta, nervosa e sem o mínimo de fome.

Eu já estava aqui na cozinha a umas quatro horas esperando eles chegarem. Offred ja tentou me acalmar de varias formas e nenhuma deu certo. Nenhuma.

Ouvi a porta da frente ser aberta e senti minha boca secar na mesma hora. Ouvi passos até a cozinha e fiquei encarando o corredor, até ver o Finneas aparecer na minha frente e me encarar na mesma hora.

- Que bom que você está aqui - ele sorriu fraco pra mim - Eu preciso conversar contigo, ta ocupada?

- Não - respondi quase sem voz e me levantei, seguindo ele.

Fomos até o escritório e ele fechou a porta atrás de mim. Vi que a Billie não estava ali.

- A Billie foi tomar um banho, depois ela vai conversar com você - pareceu ler meus pensamentos e eu assenti - Por favor, sente-se - ele indicou a cadeira em frente a mesa e eu assenti, indo até ali - Bom, Darya. Eu quero começar te agradecendo pela informação. Sei que foi uma decisão muito difícil pra você - eu apenas assenti ja com medo do que iria vir depois disso - Eu quero te dizer que eu sinto muitíssimo pelo o que eu vou te contar agora, mas foi algo inevitável - ele murmurou e eu ja senti minha garganta começar a se fechar - Quando fomos atacar o Jason, o nosso maior inimigo em questão ontem, seu pai estava lá - fez uma careta e eu ja senti meus olhos marejarem - Infelizmente nós não pudemos fazer muito na hora, e eu preciso te dizer que ele não resistiu aos ferimentos e acabou por... - o interrompi pela primeira vez.

- Não - falei negando com a cabeça - Isso não pode ser verdade - ele se levantou e continuou me encarando.

- Eu sinto muito, Darya. Não era o que queríamos mas... - ele continuou falando e eu só negava com a cabeça e me afastava.

- Eu dei a informação pra vocês, porque o mataram? - eu falei com raiva o encarando.

- Como eu te disse, não foi intencional. - disse calmo e eu ri descrente.

- MENTIRA! - gritei - Essa era a intenção de vocês. Que merda! - falei transtornada e fui até a porta.

- Darya - ele me chamou e eu o encarei - Me desculpe, realmente não era nossa intenção.

- Na moral - o olhei cínica - Vai a merda! - e sai do escritório, batendo a porta atrás de mim e correndo até o andar do quarto da Billie.

Eu abri a porta com tudo e encarei ela que estava com os cabelos molhados e sentada na ponta da cama enquanto encarava o celular. Assim que me ouviu entrar, ela levantou os olhos e sua expressão mudou instantaneamente. Ela se levantou me encarando e eu fui enfurecida até ela, desferindo um tapa na sua cara com força. Ela apenas me encarou com a mão onde eu bati.

- COMO VOCÊ PÔDE? - eu berrei a empurrando - EU TE CONTEI PRA SALVAR SUA VIDA E VOCÊ MATOU A PORRA DO MEU PAI! SUA VAGABUNDA! - bati de novo no seu peito e ela só me encarava com o olhar ressentido. - FILHA DA PUTA, EU TE ODEIO!

- Darya, calma - ela pediu tentando desviar dos meus tapas - CALMA, PORRA!

- QUE CALMA SUA FILHA DA PUTA! - falei com raiva a encarando - VOCÊ MATOU A PORRA DO MEU PAI, SUA VADIA DO CARALHO! EU QUERO QUE VOCÊ MORRA!

- Darya, me escuta caralho! - ela me pediu e segurou meus pulsos, mas eu me soltei e voltei a estapear ela - PARA COM ESSA PORRA! ME ESCUTA!

- EU NÃO QUERO TE ESCUTAR SUA FILHA DA PUTA! VOCÊ MATOU MEU PAI! PORRA EU SALVEI A PORRA DA SUA VIDA E VOCÊ MATOU MEU PAI SUA VAGABUNDA INÚTIL! - dei outro tapa em sua cara e ela segurou meus pulsos com mais força.

- EU NÃO MATEI A PORRA DO TEU PAI, SUA RETARDADA! - gritou comigo e me empurrou, fazendo eu quase cair no chão - EU AINDA TENTEI AJUDAR ELE, TA BOM? TEVE TROCA DE TIROS E ELE FOI UM DOS QUE ATIROU. O NOSSO SEGURANÇA SÓ BALEOU ELE POR ISSO! PORRA!

- Você não podia ter deixado isso acontecer - falei com a voz embargada ,- Merda, Billie! Meu pai - me encostei na parede e me sentei no chão, agarrando minhas pernas em seguida - Meu pai morreu.

- Babe - ela chamou com a voz rouca, se ajoelhando na minha frente e começando a acariciar meu cabelo - Eu te juro, fiz de tudo pra salvar ele. Eu fiz. - ela falou com a voz falha - Eu levei ele naquele mesmo médico que você foi, mas ele ja chegou morto. Eu juro, Darya. Jamais faria você sentir essa dor. Tentei evitar isso de todas as formas - falou baixinho e eu levantei minha cabeça a encarando. - Eu sinto muito, de verdade. Tanto eu quanto o Finneas tentamos evitar isso ao máximo, mas ele estava lá quando chegamos.

- Por que isso tinha que acontecer? - perguntei com a voz embargada e ela suspirou me puxando pra um abraço - Faz isso parar, por favor. Faz essa dor sumir.

- Eu sinto muito, Darya. Sinto mesmo. - ela pareceu realmente arrependida e me apertou mais contra seu peito - Eu jamais iria querer te causar essa dor. Nunca mesmo. - beijou o topo da minha cabeça.

- A minha mãe ja sabe? - perguntei levantando a cabeça e ela apertou um lábio contra o outro.

- Sabe. Seu pai vai ser enterrado amanhã. - ela murmurou baixo e eu me desvincilhei dela.

- Me deixa ir. - pedi e ela arregalou os olhos - Por favor, deixa eu me despedir do meu pai.

- Darya... - a interrompi.

- Billie. Por favor. É meu pai! - eu exclamei voltando a chorar - É a única coisa que eu te peço. Me deixa ir ver ele. Dizer adeus pelo menos. - ela me encarou e pareceu ponderar por alguns segundos, suspirando e assentindo em seguida.

- Ok, eu vou conversar com o Finneas - ela murmurou - Mas você vai ter que prometer se comportar. E vários seguranças vão ficar no local pra evitar gracinhas suas. - arqueou uma sobrancelha e eu assenti na mesma hora.

- Tudo bem, eu só quero me despedir - falei com a voz voltando a falhar - Merda! Por que isso tinha que acontecer? - voltei a chorar alto e ela suspirou, me abraçando.

A dor que eu estava sentindo, eu não havia sentido nem quando apanhei do Baylor, dela ou quando vi a Brianna ser torturada por minha causa. Se eu juntasse tudo isso, não daria um terço do que eu sentia. Eu só quero sumir, ou poder sumir com esse sentimento desgraçado de perda que ta afundando meu peito de uma forma que nunca aconteceu antes.

Flashes começaram a surgir na minha cabeça. Desde quando ele me ensinou a andar de bicicleta, até o dia que me assumi lésbica pra ele e pra minha mãe. Ele me apoiou desde o início, diferente da mamãe que resistiu mais pra entender como era meu sentimento. Eu só queria poder arrancar o coração do meu peito, queria arrancar a culpa de dentro de mim que a cada segundo me corroía mais e mais. Querendo ou não, a culpa disso tudo foi minha. Se eu não tivesse contado sobre o que minha mãe falou, nada disso teria acontecido. E como sempre, eu fiz besteira. Só espero não me arrepender por completo de ter escolhido salvar a Billie a salvar minha família.

_______________
MEU DEUS FALTAM DOIS CAPS HOJE AINDA

MEU DEUS DO CÉU PQ FUI PROMETER AAAAA

amo vcs tchau até dps

KidnappedOnde histórias criam vida. Descubra agora