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- Darya, tá na hora - Billie falou me encarando. Eu assenti e me levantei do sofá, indo até a parte de fora com ela.

Entrei no carro com ela ao meu lado junto com os seguranças que dirigiam o veículo. Se a três meses atrás tivessem me perguntado se eu imaginava enterrar meu pai aos dezessete anos, eu com certeza chamaria a pessoa de louca e riria por uns bons minutos. Meu pai tem a saúde de ferro, eu diria. Ele vai morrer com uns setenta ou oitenta anos de velhice. Mas ninguém pode prever o futuro, ou adivinhar que o próprio pai é a porra de um traficante.

Eu só queria voltar atrás e não ter saído aquela noite. Nem noite nenhuma. Não ter me apaixonado pela Billie. Não ter me entregado pra porra da minha sequestradora. Eu só queria poder voltar atrás e ter meu pai junto comigo de novo.

Eu senti a mão da Billie se entrelaçar com a minha e foi só aí que percebi que eu chorava. Ela sorriu triste pra mim e me deu um beijo na testa, secando minhas lágrimas em seguida.

- Nós chegamos - ela murmurou baixinho e eu olhei pra fora vendo um aglomerado de pessoas em uma determinada cova do cemitério. Eu engoli em seco vendo minha mãe sendo abraçada por uma de suas amigas enquanto chorava. Eu encarei a Billie e ela sorriu fraco, me incentivando a ir.

Eu respirei fundo e abri a porta do carro, saindo do mesmo em seguida. Fui andando em passos lentos até la enquanto ouvia um padre rezando lá na frente. Lembrei de quando a gente chegou, meus pais se converteram em cristãos. Minha mãe chorou por semanas pedindo perdão a Alá, hoje ela age como uma legítima cristã.

Me aproximei um pouco mais e cortei por entre as pessoas, chegando a parte da frente e vendo o caixão do meu pai ali. Nesse momento não consegui mais conter as lágrimas. Coloquei minhas mãos em frente a boca e segurei meus soluços que se esforçavam pra sair.

A cerimônia chegou ao fim em poucos minutos, ja que cheguei no final, e eu me virei, indo em direção ao carro preto em que Billie estava, mas fui impedida com alguém segurando meu braço, e assim que virei, senti o impacto de uma mão na minha bochecha.

Eu fiquei estática e coloquei a minha mão no meu rosto, vendo minha mãe parada ali na minha frente me encarando com a pior cara possível.

- COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE VIR AQUI? - ela berrou me encarando - COMO VOCÊ OUSA?

- Mãe, eu... - eu tentei falar, mas ela me deu outro tapa fazendo com que eu ficasse quieta.

- VOCÊ TRAIU SEU PRÓPRIO PAI, SUA FAMÍLIA! - conforme ela gritava, parentes e amigos se aglomeravam ao nosso redor - ELE TINHA FEITO O QUE FEZ PRA TE SALVAR, E É ASSIM QUE VOCÊ AGRADECE ELE? FAZENDO ELE SER MORTO?

- Mãe... - tentei falar de novo, mas ela me deu outro tapa, me fazendo quase cair no chão.

- Nunca mais me chame assim - disse me encarando com superioridade - Eu tenho NOJO de você ser minha filha. - falou quase em um rosnado - SE TEU PAI TA MORTO AGORA, O MÉRITO É SEU, SUA VAGABUNDA! - tentou vir pra cima de mim e eu me encolhi, estranhando o fato de não ter sentido nenhum tapa.

- Já chega - ouvi a voz da Billie que também saiu em um rosnado. Eu levantei a cabeça e a encarei.

- SAIAM DAQUI, SUAS ASSASSINAS! - ela berrou enquanto Billie vinha até mim e me acompanhava até o carro - E QUE ELA TE MATE, DARYA! EU ESPERO QUE ELA TE MATE! - eu ouvi ela berrar enquanto Billie fechava a porta do meu lado e entrava pela outra.

Assim que ela mandou, os seguranças arrancaram dali e eu comecei a chorar alto. Os meus soluços eram altos e eu não conseguia segurar. A culpa é minha. Eu matei meu pai.

-...-

Ja era noite, e desde a parte da manhã em que fui ao enterro do meu pai eu não saia do quarto. Eu não queria ver ninguém, não queria comer, não queria nem viver, pra ser sincera. A realidade é que eu não sei o que vai ser de mim agora que meu pai se foi. Eu basicamente não tenho mais utilidade, porque se caso ela seguir com o trabalho do meu pai, de qualquer forma eu não importo mais pra ela. Eu não sei se vou ser solta, e se for, eu não sei o que vou fazer da minha vida, justamente porque eu não tenho pra onde ir. Eu não sei se vou ser morta, ou vou ser escravizada, ou vendida pra um velho babão pervertido, mas eu realmente não me importo mais. Eu não me importo em qual vai ser meu futuro, porque nem eu mesma vejo um futuro pra mim.

A três meses atrás eu era uma garota que aparentemente tinha uma vida normal. Tinha meus amigos, minhas paqueras, ia pra escola e saia escondida dos meus pais. Tinha uma vida feliz com meu pai, com a minha mãe. Era amada. E agora eu sou o que? Órfã de pai e de mãe, praticamente. Sou infeliz, não tenho amigos, estou presa porque fui sequestrada e ainda tem um maníaco que me ameaçou porque a irmã dele gosta de mim. Se eu morresse, seria até um favor pra mim.

Eu senti um soluço rasgar na minha garganta e me sentei na cama, escondendo meu rosto por entre as pernas e chorando alto dessa vez. Eu não tinha nada. Nada mesmo. Sem amigos, sem paz, sem amor. Eu só queria nunca ter nascido pra nunca ter cometido um terço dos erros que cometi todos esses anos.

Eu deveria ter sido uma filha melhor, uma amiga melhor, e até uma namorada melhor. Eu deveria ter aproveitado mais meus pais, sorrido mais, aproveitado mais o que a natureza sempre me deu. Mas eu não fui esperta o suficiente pra isso. Sempre fui mal agradecida, sempre pensei mais em mim, e menos nas pessoas ao meu redor.

Eu ouvi a porta abrir, mas não me importei dessa vez. Se fosse o Baylor pra me matar, eu não me importaria. Ele poderia fazer o que quisesse comigo.

Senti a cama afundar ao meu lado e dois braços me puxarem e me apertarem num abraço. Senti o cheiro e reconheci por ser a Billie, me agarrei mais a sua blusa e chorei mais ainda enquanto ouvia ela dizer que "tudo vai ficar bem", porque eu sei que essa é a mais pura mentira.

Ela me puxou pro seu colo e me fez ficar igual um bebê ali enquanto me ninava e eu seguia chorando. Eu só queria que essa dor parasse, que essa angústia acabasse.

- Isso dói tanto... - murmurei com a voz fraca e ouvi um suspiro sair dos seus lábios.

- Eu sei, Darya. Mas vai passar, eu te prometo - ela beijou o topo da minha cabeça.

- Eu só queria morrer - voltei a chorar alto e ela me apertou mais, ficando em silêncio dessa vez.

Eu vou acabar com isso, porque eu tenho certeza que dessa vez eu não vou aguentar. Eu não sou forte suficiente.

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Vish mores rsrrsrsrsrsrsrsrs

Bjsssss amo vcs

KidnappedOnde histórias criam vida. Descubra agora