BILLIE EILISH
- Billie, você vai acabar fazendo uma cratera no chão - Finneas falou atrás de mim e eu parei de andar o encarando.
- Não to com muito bom humor pra você fazer piadinha, Finneas - estreitei os olhos em sua direção e ele levantou as mãos em rendição.
- Não ta mais aqui quem falou - levantou as sobrancelhas e eu bufei voltando a andar de um lado pro outro.
Faziam umas três horas que os médicos tinham levado ela e até agora, porra nenhuma de mudança. Ninguém vem falar MERDA NENHUMA! Eu ja estava a ponto de quebrar essa merda desse hospital inteiro só de ódio.
- Acompanhantes de Darya Al-Attar? - ouvi uma voz masculina e fui direto em sua direção, sendo acompanhada pelo Finneas.
- Sou eu. - eu murmurei quando cheguei a sua frente e ele assentiu.
- Bom, pra começar, ela perdeu muito sangue... - o interrompi.
- Jura, gênio? Eu nem percebi - cruzei os braços irônica e ele me encarou irritado.
- Posso falar? Ou você quer cursar medicina e voltar aqui pra explicar você mesma? - arqueou uma sobrancelha e eu cerrei os punhos.
- Mas olha seu... - Finneas me barrou com um braço.
- Cala a boca, pirralha. Deixa ele falar. - Finneas disse sério e eu bufei, cruzando meus braços.
- Como eu ia dizendo... - o médico limpou a garganta - Ela perdeu muito sangue. Chegou aqui com quase nenhum batimento cardiaco. - ele falou objetivo e eu engoli em seco. Merda, Darya. - Mas nós conseguimos reanima-la. Agora ela ta recebendo sangue, provavelmente vai acordar só daqui umas oito horas.
- Graças a deus! - falei aliviada - A gente ja pode ir ver ela?
- Uma pessoa só. - ele murmurou e eu encarei o Finneas.
- Eu vou pra casa pegar roupa limpa pra você e pra ela. Depois eu volto. - ele murmurou e eu assenti em agradecimento.
- Então me acompanhe - ele me começou a andar e eu o segui até o quarto dela vendo ele abrir a porta - Pode entrar.
Eu respirei fundo encarando a parede branca do quarto e adentrei no mesmo, ouvindo a porta ser fechada atrás de mim. Eu olhei pra minha garota ali e senti meu peito afundar. Ela estava ligada a tantos fios que era até difícil de acreditar que ela ficaria bem.
Andei devagar até ela e me sentei na cadeira ao lado da maca, sentindo meus olhos marejarem instintivamente. Engoli o choro tentando permanecer forte e peguei sua mão, entrelaçando nossos dedos.
- Que merda você foi fazer, baixinha? - murmurei baixo e levei sua mão até meus lábios, deixando um beijo ali - Merda, Darya - falei com a voz fraca e senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha.
É uma bosta estar apaixonada. Eu pensei que depois da Carly eu nunca mais sentiria isso, mas to sentindo. E logo por ela. E o mais foda é pensar que isso é culpa minha, que ela estar aqui foi só uma reação pela minha ação. Se eu tivesse feito as coisas diferentes, tivesse mantido a calma, merda. Ela podia nem estar mais aqui.
Eu suspirei encostando minha testa em sua mão gelada, provavelmente pela circulação fraca de sangue e deixei todas as minhas lágrimas caírem conforme eu lembrava de todos os eventos que antecederam essa merda. Primeiro eu obriguei ela a ver a porra da filha da Offred sendo torturada. Depois eu bati nela. Agora essa merda que eu fiz por último que eu prefiro nem mencionar. Tudo isso sem pensar nas consequências. Bosta, eu só faço cagada.
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Kidnapped
Hayran KurguVocê ja parou pra pensar como sua vida pode mudar em questão de minutos? Ou como uma decisão pode mudar todo o curso da sua história? Hoje eu fico pensando: e se eu tivesse dito não? Se eu tivesse simplesmente recusado e seguido com a minha vida? Eu...