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BILLIE EILISH

Eu andava de um lado pro outro no corredor enquanto o médico via os machucados da Darya. Essa cena é repetida. E o estranho é que ela sempre é a machucada.

Finneas não falava nada. Ele estava apenas encostado na parede esperando o laudo médico sair. Eu só quero ter a garantia de que a Darya está bem, pra depois ir atrás do filho da puta do Baylor. A Sophie ontem, logo depois de largar a Darya aqui, foi pega pelos meus seguranças. Foi burra demais, lerda demais, agora ta presa, e mesmo que tenha ajudado a soltar a Darya, vai sofrer um inferno porque nunca deveria nem ter encostado nela. 

Ouvi o barulho do trinco da porta e parei de andar, vendo o médico sair com uma feição não muito boa dali de dentro. Me aproximei um pouco enquanto observava ele olhar a prancheta em suas mãos.

- Bom, eu quero já salientar pra vocês que essa garota vai precisar de um psiquiatra, porque o que ela passou... - soltou uma lufada de ar, arqueando as sobrancelhas e olhando a outra página de anotação na prancheta - Não foi pouca coisa. Bom, ela ta com muitos machucados. Primeiro eu vou começar pela parte superior do seu corpo - ele levantou os olhos por um segundo olhando pra mim e pro Finneas - Ela teve o ombro deslocado, tá com uma luxação no local. Tem marcas de espancamento na parte superior, vários pequenos vasos foram rompidos, formando os "roxos" na pele, provavelmente ela ta bem dolorida - ele suspirou enquanto eu já colocava a mão na boca, agoniada - Tem algumas marcas de mordida no ombro, nos seios, na barriga. No pescoço também. - pontuou - Agora da cintura pra baixo, eu contei oito facadas na perna, teve muita sorte de não acertar uma artéria. ela levou quase cem pontos no total, então vai ficar com varias cicatrizes - ele negou com a cabeça e eu engoli em seco, ja sentindo meus olhos arderem - Bom, agora a pior parte. Ela sofreu múltiplas escoriações no canal vaginal, tem marcas claras que sugerem estupro, isso tanto no reto quanto na vagina. Tem vários cortes nos grandes lábios e pequenos lábios. Posso dizer que é um dos piores casos de estupro que eu já vi - ele disse e eu tentei me segurar, mas não consegui, ja indo pro outro lado e sentindo meu rosto ficar úmido.

Ouvi Finneas agradecer o médico e o acompanhar até o andar debaixo, e sem pensar duas vezes, fui até o quarto vendo Darya ainda desacordada enquanto tomava soro. Me sentei ao seu lado da cama e vi seu rosto machucado, seu cabelo totalmente desgrenhado e seu semblante triste, que mesmo inconsciente, não saia dali. Pelo menos ela está viva, e eu só espero que ela pense dessa forma também.

De repente o ódio subiu em mim e eu sequei meu rosto, ja decidida a caçar o Baylor até no inferno, ja que a vagabunda da Sophie ja ta presa no galpão. Agora eles vão ter que pagar, e não me importa se o Baylor é meu irmão ou não. Ele vai morrer.

DARYA AL-ATTAR

Abri meus olhos com certa dificuldade e encarei o teto, franzindo a testa ao reconhecer o lugar. Virei minha cabeça e vi a escrivaninha do quarto da Billie ao meu lado e senti meus olhos marejarem pelo alívio. 

- Darya? Que bom que você ta bem! - ouvi a voz da Offred e virei minha cabeça mesmo sentindo meu pescoço doer e sorri verdadeiramente em dias.

- Offred, que saudades de você - eu falei com a voz embargada e comecei a chorar, fazendo ela se aproximar de mim e se sentar ao meu lado, afagando minha cabeça em seguida.

- Agora tá tudo bem, menina. Fica calma. - ela murmurou baixinho e eu continuei chorando, sentindo todo o alívio de finalmente estar em um lugar seguro me dominar. - Querida, a dona Billie mandou eu ficar aqui e te ajudar a tomar um banho, o que você acha? - me encarou e eu assenti ainda fungando. Ela me ajudou a eu me sentar e logo depois me levantei, indo com calma até o banheiro da Billie e tirando minhas roupas com a ajuda dela - Precisa de ajuda no banho, querida? - eu apenas neguei e ela sorriu fraco - Ok, eu te espero aqui fora. Qualquer coisa me chama.

- Obrigada, Offred - eu falei ainda com a voz falha e ela sorriu, saindo do banheiro e encostando a porta em seguida.

Eu me encarei no espelho e senti meu choro se tornar mais alto quando vi tudo que o Baylor fez comigo. Meu rosto ainda não estava tão ruim quanto todas as outras partes do meu corpo. Tudo doía, tudo tava roxo, eu tava coberta de machucados e eu nem conseguia ver tudo.

Toquei com dificuldade a minha intimidade e comecei a chorar mais alto quando senti a dor só de ter colocado o dedo ali. Devia estar tudo machucado, já que cada vez que ele me estuprava eu sentia como se eu estivesse sendo rasgada por dentro.

Eu entrei no box e liguei o chuveiro, me sentando no chão e abraçando meus joelhos enquanto eu sentia a agua cair em mim. Eu estava dividida entre estar agradecida por estar viva, e estar triste pelo Baylor não ter me matado de uma vez. Porque morta por dentro eu com certeza ja estava.

Ouvi a porta ser aberta e não me importei em mudar de posição ou ver quem era. Eu só queria que essa angustia saísse de dentro de mim e poder voltar a alguns dias atrás, quando minha maior preocupação era a Billie ter esquecido meu aniversário e não ter sido estuprada consecutivamente das formas mais dolorosas possíveis e não saber se algum dia eu vou gostar de me olhar no espelho de novo.

Ouvi o barulho do box abrindo e levantei a cabeça, vendo só um borrão do que parecia ser a Billie me encarando de cima. Eu voltei pra minha posição inicial e continuei chorando enquanto soluçava repetidamente. Vi ela se abaixar e logo senti seus braços me envolverem em um abraço forte. Ela não se importou com a roupa, ou seus sapatos. Ela tava ali, comigo, agora e me abraçando. Embaixo do chuveiro, mesmo de roupas enquanto eu chorava desesperadamente querendo tirar essa sensação ruim de mim.

- Amor, calma... - ela murmurou com a voz falha e eu apertei ainda mais seu braço, chorando desesperadamente - Eu prometo que eu vou acabar com esses filhos da puta, eu prometo que vou, Darya. Para de chorar, por favor.

- Tira isso de mim, Billie - eu falei entre soluços e ela me apertou ainda mais - Tira essa dor e esse nojo que eu to sentindo de mim, por favor - eu chorei mais alto - Por favor, Bill...

- Eu vou te ajudar nisso, eu prometo que vou. A gente vai superar isso juntas, Darya - ela falou com a voz chorosa e se afastou de mim, me encarando nos olhos - Os dois ja estão presos e eu vou te vingar. Eu prometo, meu amor. Eu vou te vingar. - ela murmurou enquanto chorava junto comigo. - Agora por favor, tenta se acalmar. Eu vou te dar banho, ta bom? Eu prometo que tudo vai ficar bem - ela murmurou fungando em seguida e eu assenti, tentando controlar meus soluços e ela suspirou, se levantando e me puxando junto com ela.

Ela continuou abraçada a mim e começou a ensaboar meu corpo, depois ensaboando meus cabelos. No final do banho eu estava um pouco mais calma, mas meu choro ainda não havia cessado. Ela me secou e me vestiu com uma roupa confortável, e me levou pro quarto novamente, me deitando na cama.

Ela permaneceu em silêncio e eu também. A única coisa que quebrava o silêncio dali era meus soluços fracos agora refletindo meu choro um pouco mais contido. Depois de algum tempo eu senti meus olhos pesarem e fechei os mesmos, esperando cair no sono e esquecer de tudo o que aconteceu, mas ouvi a voz da Billie no momento exato em que eu estava caindo no sono.

- Me desculpa, Darya. Merda. - ela murmurou chorosa e começou a afagar os meus cabelos - Eu te amo, garota. - ela disse e eu senti meus batimentos acelerarem, mas me contive e continuei de olhos fechados - Eu prometo que o Baylor e a Sophie vão pagar com juros o mal que te fizeram - falou com ódio - E eu prometo também que nunca mais ninguém vai te machucar. Eu não vou permitir.

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Quis matar a Darya mas vcs iam me matar. É isso por hoje mores, ta acabandooooooooooooo

Bjs

KidnappedOnde histórias criam vida. Descubra agora