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Nesse exato momento eu estou trancada no meu quarto a exatas seis horas. Meu estômago tá reclamando de fome, mas eu não quero acabar incomodando a Billie ou chateando mais ainda ela.

Eu realmente não sei o que fazer nesse quarto, já arrumei o closet, a cama, já olhei pela janela, fiquei encarando o teto e até contei carneirinhos. Não tem mais o que eu fazer aqui.

Eu bufei e decidi descer. Seja o que Deus quiser. Sai do quarto e fui rapidamente até o andar debaixo, querendo evitar acabar encontrando com ela em algum corredor. Assim que cheguei na cozinha, Offred estava com a maior cara de enterro que eu já vi na vida.

- O que aconteceu? - disparei assim que cheguei lá.

- Eu só tô preocupada. - ela murmurou voltando a encarar a mesa dos funcionários e brincar com seus dedos.

- Mas por que? - franzi o cenho me sentando a sua frente.

- Sabe aquela boate que você trabalhou por uns dias? - perguntou e eu assento - Minha filha trabalha lá. - suspirou - Eu ouvi dona Billie dizendo pra descobrirem quem falou alguma besteira que eu não entendi lá e matar a pessoa - mordeu o lábio - Eu tô com medo. Minha filha é muito bocuda.

- Quem é sua filha? - perguntei já com medo.

- Brianna, conheceu ela? - deu um meio sorriso e eu senti meu coração gelar, instintivamente eu arregalei meus olhos - Algum problema, querida?

- Você viu a Billie? - perguntei já me levantando.

- Ela tá no escritório, por que? Você sabe de algo? - franziu a sobrancelha.

- Não, eu preciso falar com ela. Onde é esse escritório? - comecei a batucar os dedos nervosamente na mesa tentando esconder meu medo.

- É do lado da sala de estar. Uma porta bem grande e grossa ali na direita. - ela disse ainda duvidosa.

- Ok, mais tarde eu converso com a senhora - falei e saí em disparada até o tal escritório. Quando cheguei a frente dele, abri a porta sem nem pestanejar e encontrei ela cheirando pó na mesa. Assim que me viu, ela levantou a cabeça me encarando.

- O que você tá fazendo aqui?

- Você não pode matar a menina! - exclamei e ela soltou uma risada nasalada.

- Ah, eu não posso? Por que? - parou pra pensar e apoiou os pés na mesa em sua frente - Ah, já sei. É a filha da Offred, não é? Brianna.

- Billie, pelo amor de deus, eu que perguntei pra ela. Se quer matar alguém, me mata! - exclamei exasperada enquanto gesticulava com as mãos.

- Eu não vou matar você - ela fechou a cara - Ela vai morrer porque ela abriu a boca e falou demais. Eu não gosto de quem fala demais.

- Billie... - respirei fundo tentando segurar minhas lágrimas - Por favor, eu te imploro. Faço qualquer coisa!

- Darya, não adianta - ela negou com a cabeça e acendeu um cigarro - Eu não tolero esse tipo de coisa.

- Meu deus, todo mundo sabe disso! Qual a merda do problema dela ter me falado, porra? - bufei.

- O PROBLEMA É QUE ELA FALOU PRA VOCÊ, CARALHO! - ela berrou e bateu com as mãos na mesa - Ela não tinha que ter aberto a porra da boca!

- Meu deus, você já me explicou, eu sei que a culpa não foi sua! - eu falei alto dessa vez, começando a ficar mais alterada - Ela não tem que morrer por isso, porra!

- Darya... - respirou fundo - Eu não vou me estressar. Minha decisão já foi tomada. E ponto final.

- Billie... - me rendi, começando a sentir minha voz ficar trêmula - Por favor, não faz isso. Eu não posso conviver com o peso de alguém ter morrido por minha causa. Por favor.

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