Capítulo 21

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Cheia de malas, lá estava ela, sua vizinha temporária... Stacy.
Uma senhora sai para recebê-la e a abraça com muita ternura, Stacy demora a soltar a senhora, que a leva imediatamente para dentro, nesse momento Stacy volta seus olhos para o lugar em que ela estava, em fração de segundos Emmy tenta se esconder atrás de uma pilastra, tarde demais, seus olhares já haviam se encontrado, a garota entra para dentro da cabana com a senhora e ela não ouve mais nada.
Emmy desiste dos seus planos para aquela tarde, sentia o cansaço da viagem batendo, ela se permite fechar os olhos e em poucos minutos cai no sono.
Quando ela acorda, já são oito da noite, precisava ligar pra mãe, tinha se esquecido completamente de que havia mandado seu celular pro espaço no momento da raiva, a mãe devia estar muito preocupada.
Então ela faz a ligação e sua mãe demora poucos segundos para atender:
- Emmy, você está bem querida? Eu tentei te ligar várias vezes, seu celular está sem bateria?
Emmy ficou envergonhada de falar que ela havia jogado o celular fora pela janela do ônibus, então simplesmente fala:
- Acho que precisarei comprar um novo, eu tive um probleminha durante a viagem, mas eu estou bem mãe!
- Tá bom, quando você voltar, podemos ir escolher um novo juntas, agora tenho que ir, meu turno começa daqui alguns minutos. Te amo, se cuida!
- Também te amo mãe, bj!
Emmy colocou o telefone na bancada e pela primeira vez desde que chegou, parou para observar tudo o que estava a sua volta. A cabana parecia exatamente igual a quando ela ia com sua mãe e seu pai. Era como se a organização de Mary pelos móveis e objetos ainda estivesse intacta, o cheirinho dos produtos de limpeza ainda estava ali. Era tudo agradável, tão confortável. Gostava de olhar para o teto de madeira, o chão em piso de carvalho ainda brilhava e rangia nos mesmos lugares, e nada disso eram lembranças dolorosas, não que já tivessem sido uma família feliz, mas ela e sua mãe em uma determinada época já nem sentiam mais a ausência do pai, e enquanto ele viajava para sabe-se lá onde, elas gostavam de aproveitar a cabana. Por isso a mãe escolheu Nova Jersey como nova moradia para as duas, aquela área não era completamente estranha para elas.
Então ela percebeu que desde que chegara em Nova Jersey, nunca parou para observar nada. Desde o primeiro dia se inundou naquela situação entre os irmãos, era como se com todas aquelas emoções, não tivesse parado para respirar. Se jogou no sofá de veludo verde, fechou os olhos e respirou fundo. Mas então se deu conta de que havia um oceano imenso bem ali na porta, vestiu um casaco pois ventava muito, colocou seu allstar e decidiu que iria caminhar na beira da praia. Chegando lá viu algumas crianças correndo tentando catar conchinhas com a luz de uma lanterna. Emmy tirou o tênis e caminhava sentindo a areia fofa em baixo de seus pés. O vento era agradável, bagunçava o seu cabelo e a fazia se sentir leve,  como se quase pudesse voar junto com seu curso. Sentou perto de algumas pedras e fechou os olhos. E respirou. Olhou para o céu e em seu pensamento agradeceu a Deus por tudo o que o Senhor havia criado. Estar ali, na beira de um mar tão imenso, ela sendo tão pequena e falha, se sentir tão amada e cuidada... era surreal. Então, os problemas começaram a parecer menores e Emmy os entregou para Deus. Não iria passar mais tempo se machucando tanto por coisas que ela não podia mais controlar.
Ela descansaria o seu espírito e o seu coração tão agitado. Naquele momento viu que as coisas iam e vinham com força, mas as vezes com mais calma. Seu coração também estava calmo.
Se sentou em certa parte do caminho e lá ficou, Emmy observando o céu estrelado, as ondas indo e vindo, nisso se passaram cerca de 40 minutos, então, voltou caminhando para a casa olhando todas aquelas cabanas coloridas pelo caminho.
Ao abrir a porta, Emmy escutou alguns passos vindo da cozinha, seu coração sobressaltou, não sabia como reagir. O telefone para chamar alguém estava onde mesmo? SIM! Na cozinha! Meu Deus, o que fazer? Emmy ficou desesperada. Foi em passos lentos até a bancada, e então alguém tocou o seu ombro.
- Bu! Hahaha! Ficou assustada, Emmy? Eu queria te fazer uma visitinha.
Quem mais poderia ser? Stacy, bem ali na sua frente, pregando uma peça e se deliciando com o susto que causou na sua rival.
- Que surpresa "agradável", Stacy. O que quer aqui? Respondeu Emmy, curta e grossa, tirando a mão de Stacy do seu ombro.
- Nossa, você não costuma ser grossa... bom, eu entendo. Sua pose de boa menina acabou se desgastando e aqui você pode ser a garota má que quase conseguiu esconder em Jersey não é?
Emmy explodiu.
- Eu estava tão em paz! Meu Deus! Que martírio! Se bem que eu duvido que você saiba o significado dessa palavra. Eu não suporto estar no mesmo ambiente que você, e estou farta de ser simpática enquanto você cospe seu veneno em mim! Porque você age assim? Qual o motivo de tanto ódio? Saia da minha casa e não volte mais. Eu não vou permitir que você tire a minha paz.
- Bom, eu acho que já... - mas antes que Stacy pudesse continuar Emmy a interrompeu.
- SAIA! Não vou mais tolerar esse tipo de coisa. Faça um favor para si mesma e nos poupe de tanta frivolidade! O que você faz na igreja afinal de contas? O que vai fazer na reunião dos jovens se trata todo mundo com tanto desprezo? Não consigo entender como Dani... como o líder do grupo, consegue ser próximo de você. Por favor, vá embora.
Stacy pareceu chocada. Emmy não entendia o motivo pelo qual todos toleravam seu comportamento. Ninguém nunca a colocou no seu devido lugar? Como diz o ditado "um amigo avisa", e pelo visto, ela não tinha nenhum.

Amor em JerseyOnde histórias criam vida. Descubra agora