Capítulo 29

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- Daniel... O que você quis dizer quando falou que ama Stacy?
- Bom, como eu poderia ajudá-la se eu estava tão perdido quanto ela? Mas hoje quando a vi ela parecia outra pessoa. Feliz e em paz. Sem aquela coisa toda com frieza e sarcasmo... era ela mesma. Sei que foi Deus quem fez isso, e você também Emmy!
- Não, eu jamais poderia fazer algo assim. Foi Deus, Daniel.
Eles se olharam e sorriram ao pensar que agora Stacy poderia finalmente viver e não apenas existir sobre uma capa de mentira.
- Eu a amo. Nunca tentei me aproximar como namorado ou algo do tipo... mas ela é uma das pessoas com quem eu mais me importo, mesmo que talvez eu não tenha feito o suficiente nos últimos tempos.
- Você pode reparar isso... apenas fale com ela. Deixe as coisas andarem como Deus quer. Não a magoe mais.
- Não vou.
- Eu gostaria MUITO de acreditar. Então vou lhe dar um voto de confiança, ok?
Daniel se despediu ali mesmo. Precisava voltar para casa e dar um jeito em sua vida. Soube que o sebo fora fechado nos últimos dias, e ele se sentia culpado por isso, mas sabia que isso aconteceria uma hora ou outra. Tinha que pedir perdão aos pastores por abandonar seu cargo na igreja, ele queria se redimir com Deus e com as pessoas que amava, começar de novo.
Emmy o viu indo embora e enquanto o olhava sentiu em seu coração que isso aconteceria. E ela ficou feliz. As coisas estavam de acordo com a vontade do Senhor, tudo ficaria bem, finalmente.
Ela voltou para a cabana, apesar de estar em paz novamente, ficou pensando na livraria que era a fonte de sustento daquela família.
O que fariam agora? Ela precisava fazer algo. Não poderia ver isso acontecer e cruzar os braços, então ela teve uma ideia.
Emmy tinha uma poupança que havia sido presente do pai, ela nunca mexeu naquele dinheiro, a quantia não era exorbitante, mas acreditava ser o suficiente para salvar aquela pequena livraria.
Emmy sempre teve mais que o suficiente, agora queria usar aquele dinheiro pra fazer algum bem. Mas como faria pra que eles aceitassem? Daniel não aceitaria, ela precisava armar um plano...
                                   ...
Emmy junta suas coisas numa mala, liga pra mãe do telefone da cabana e avisa que está voltando.
Emmy da uma última olhada na praia, no mar, sente a brisa batendo em seu cabelos e se sente grata por aquela viagem, Deus fez coisas maravilhosas durante o tempo que passou ali.
Ela podia até ter perdido Josh, mas havia ganhado uma amiga, havia perdoado Daniel e também se perdoado.
Emmy pega um táxi até a rodoviária e durante o caminho de volta pra casa, vai pensando em como colocar seu plano em prática, pra isso, precisaria de um celular novo, primeiro item a ser providenciado...
Ela precisava saber qual era a situação financeira na qual a livraria se encontrava, mas perguntar para Daniel não era uma boa opção, Stacy provavelmente não sabia, então ela teria que ir até o senhor Mclean e tentar tirar dele algumas informações.
Emmy mal chegou em Nova Jersey, verificou se a mãe estava em casa, mas não estava, então escreveu um bilhete e deixou na geladeira.
"Mãe, cheguei bem, preciso sair para resolver algo importante, volto mais tarde".
Então com pressa, deixa a sua mala na sala e sai em disparada pela porta da entrada, por sorte a mãe não havia ido de carro, Emmy odiaria ter que andar depois de passar várias horas sentada dentro do ônibus, sua perna estava dolorida.
                              ...
Emmy para o carro em frente aquela livraria pequenininha, que poderia nem ser notada se alguém passasse por ela depressa, a porta estava fechada, mas ela pôde ver lá dentro a figura de um homem grande colocando vários livros em caixas e embalando.
Emmy se aproxima da porta e bate, até que o homem a atende:
- Desculpe, querida, mas estamos fechados - Emmy pode notar a tristeza em seu semblante, o homem parecia cansado, como se não tivesse dormido.
- Oii, me desculpa, eu sei que vocês estão fechados, sou amiga dos seus sobrinhos, aqui foi um dos primeiros lugares que eu conheci ao chegar em Nova Jersey.
- Você é a Emma, né? Acho que eu ouvi falar de você - o homem sorri, Emmy cora, ele já sabia que ela beijou os dois sobrinhos dele então, mas tentou não pensar nisso, ela foi ali com um objetivo e não sairia até conseguir.
- Ahhh.. na verdade é Emmy, eu posso entrar?
- Claro, Emmy.
Emmy entrou e pode se recordar da primeira vez que estivera ali, o cheiro de madeira, aquelas luzinhas que decoravam a parede agora estavam apagadas, os livros já estavam em sua maioria guardados em caixas, então ela pergunta:
- Como isso aconteceu? O que houve?
- Bom, minha esposa que cuidava daqui, era um sonho dela ter esse lugar, então ela se foi e sabe.... - a voz dele ficou mais fina e trêmula - isso é tudo que me sobrou dela, essa livraria é muito importante pra mim.
O homem parou um minuto como quem quisesse se recuperar, então continuou.
- Nós compramos esse lugar, e antes a livraria vendia tanto que conseguíamos pagar as parcelas ao banco, porém quando minha esposa se foi, eu fiquei mal, eu não conseguia mais vir a livraria, ela ficou fechada uns meses, até que o Daniel me convenceu de que eu deveria voltar aqui e cuidar de tudo, ele me ajudou muito e prometi a ele que essa livraria seria dele.
Emmy ouvia com muita atenção, a essa altura ela já estava muito comovida.
- Mas nos últimos meses as vendas caíram, não consegui quitar aqui e como exigência do banco, teremos que desocupar o lugar, até a próxima semana não haverá resquício algum dessa livraria.
Emmy então precisava saber, o quanto ele devia ao banco, mas precisava ser discreta, não podia levantar suspeitas.
- Me desculpa perguntar, mas quanto o senhor deve ao banco? É só curiosidade, eu não deveria perguntar isso né...
- Tudo bem, querida, é uma quantia que não temos condições de pagar no momento, você se assustaria com o valor.
Emmy estava ficando apreensiva, ela precisava saber. Até que ele diz de maneira rápida e pesarosa:
- São 42 mil, Emmy, tudo está perdido - Emmy pode ver lágrimas se formando em seus olhos, mas ele as espantou.
Henry Maclean era ainda um homem muito bonito, ela imaginava que ele ainda não tinha nem 40 anos, poderia dar sorte de encontrar uma pessoa boa, Emmy torceu lá no fundo pra que isso um dia acontecesse.
- É mesmo uma pena, eu sinto muito... de verdade, mas não diga que tudo está perdido, sempre há uma luz - Emmy se despede e sai.

Amor em JerseyOnde histórias criam vida. Descubra agora