Era mais um dia de serviço na livraria, Emmy estava exausta, mas trabalhar era tão gratificante e cansativo ao mesmo tempo, e ela gostava disso. Se sentir útil num pequeno espaço do mundo que fosse, era mesmo muito bom. Então seu chefe a chamou, e parecia um pouco sério. Ela nem mesmo esperava ele ali, já que nas últimas semanas, depois de começar seu novo negócio com os móveis, nunca estava na livraria.
- Emmy, eu queria conversar com você.
A garota se sentiu muito desanimada. Desamarrou o avental marrom do corpo, tentando se preparar para ser avisada sobre a venda da loja. Ela estava tão apegada com aquela nova vida, seria mesmo muito triste. O que ela faria agora?
- Sim, claro. Eu já imagino o que seja...
- Acredito que não, pequena... se realmente soubesse não ficaria com essa cara tão triste.
Emmy estava apreensiva e deixou que ele prosseguisse.
- Emmy, eu sei que quem quitou as dívidas da livraria foi você. Na verdade, eu sei desde o começo, mas sabia também que te deixaria sem graça, se um grande alarde sobre isso fosse feito. Eu vi como você se escondia quando as notícias corriam sobre isso. Sabe... inúmeras vezes quando te observei aqui, lendo ou organizando as coisas com tanta alegria, eu precisava me esforçar muito para continuar fingindo que não sabia. Minha vontade era lhe agradecer! Deus sabe como sempre serei grato, a Ele primeiramente e a você também. Ninguém jamais em sã consciência faria algo assim sem nenhum interesse próprio - Henry dizia isso, enquanto olhava para a garota como se ela fosse mesmo sua filha.
- Ah, Sr.Mclean, não! Não. Por favor, não agradeça, eu apenas senti em meu coração e quando vi já estava tudo resolvido. Eu faria de novo se fosse preciso!
- Emmy, primeiro, você pode me chamar só de Henry, seremos família, não necessitamos de formalidades... E segundo, essa livraria era da minha mulher, você deve conhecer a história apesar de que eu nunca falo sobre - nesse momento sua voz se embargou um pouco - isso aqui era o sonho dela. Enquanto esteve aqui comigo, eu também fiz disso o meu sonho. Mas depois que ela se foi... não fazia mais sentido pra mim, e eu acabei empurrando a responsabilidade para Daniel, e eu me sinto mal por isso, ele jamais poderia recusar. Mas fico feliz que ele tenha tido a coragem de buscar sua vida fora daqui, fico feliz que você tenha entrado por essa porta, Emmy. Você me lembra ela. Meiga, com tantos sonhos, mesmo que você não fale deles, é como se os guardasse em uma pequena caixa.
Nesse momento Emmy não pode impedir que as lágrimas não molhassem seu rosto.
Então, Sr.Mclean pegou uma chave no bolso e colocou nas mãos de Emmy. A chave era bonita e dourada. Parecia algo tão antigo e belo.
- Essa chave era a que Anne usava para abrir e fechar as lojas todos os dias. Agora ela é sua, para que você abra e feche a livraria que agora é sua também.
- Como??
Emmy não pode deixar de dar um salto com o susto que essas palavras causaram.
- É sua, Emmy. Esse sonho agora é seu, acredito que sempre esteve preparado para ser! Esse ciclo se encerrou para mim, e eu nunca imaginei que poderia se encerrar de uma forma melhor que essa.
Emmy queria ser educada e dizer "não posso aceitar", mas como poderia? Era um presente maravilhoso demais. Ela deu um grande abraço em seu futuro familiar.
- Ah! senhor Mclean... eu nem sei o que dizer! Isso é incrível demais! Eu estava com tanto medo. Na verdade ainda estou, pois é uma grande responsabilidade. Mas a cumprirei com amor. Quero que tudo o que Anne criou, continue.
...
E naquele dia, enquanto voltava para casa em sua bicicleta branca com flores no pequeno cesto da frente, Emmy olhava o brilho da lua refletindo sobre a rua. Sentiu aquele vento fresco em seu rosto enquanto pedalava... tudo estava de acordo, então ela suspirou, feliz.
Emmy mal conseguia acreditar, aquela livraria agora era dela, e a primeira coisa que faz ao chegar em casa é ligar pra Josh.
- Amor, você não vai acreditar! - ela mal conseguia controlar a empolgação.
- O que houve, Em??
- A livraria agora é minha, seu tio me deu, meus Deus, ainda não acredito - ela escuta Josh rindo.
- Isso? de quem mais seria, né? Por isso eu disse que a livraria ganharia outro dono, só não disse que era você.
- Não acredito, esse tempo todo vocês sabiam, não vai me dizer que minha mãe sabia tbm?
- Ele com certeza conversou com ela também.
- Vocês me enganaram certinho, eu só sei que estou muito feliz!
- Eu sei, aquela livraria é sua cara, e digamos que ela vai continuar na família, não é mesmo? - Emmy imaginou que ele estaria falando "família", porque agora Henry era quase seu padrasto, mas não era por isso.
- Estou com saudades, Josh.
- Eu também estou, só mais duas semanas, e eu vou estar definitivamente de volta, esses meses foram incríveis Em, aprendi muita coisa.
- Fico feliz por isso - ela sorria igual boba, mesmo sabendo que ele não poderia ver.
Eles se despediram, Emmy tomou um banho e foi pra cama dormir, ela tinha muita coisa pra fazer agora que a livraria era dela, e começaria no dia seguinte.

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Amor em Jersey
Roman d'amourEmmy e a mãe se mudam para Nova Jersey em busca de um novo recomeço. O que ela não esperava é cair no meio da confusão dos irmãos McLean. Após se sentir dividida entre os rapazes, ela finalmente toma uma decisão, mas nem tudo será fácil. Ela acabad...