Amor em Jersey

Capítulo 38

Enquanto voltava para casa, Emmy encontrou sua mãe um pouco triste na escada da porta dos fundos.
- Mamãe?
- Oi, filha - disse Mary com um sorriso pequeno no rosto.
- Você já sabe quem está na cidade, não é?...
- Ele veio aqui atrás de você. Eu disse que você estava na livraria...
- Vocês conversaram?...
- Não! Eu não quis. Apenas disse onde você estava, desejei um bom dia e fechei a porta. Que coisa...
- Eu sinto muito, mamãe. Nunca imaginei que ele fosse capaz de vir até aqui tirar a nossa paz!
- Filha... eu não quero que você odeie o seu pai. Por favor querida, você precisa ficar em paz com tudo isso. Ele sempre será o seu pai.
- Mas mãe! Você está em paz ?
- Claro que estou filha. Só estou triste. Querendo ou não, fomos casados. Ele foi o meu primeiro namorado e eu dedicava minha vida naquele casamento... até que então, você sabe. Não me sinto bem em vê-lo.
- Eu queria que isso nunca tivesse acontecido, mãe.
- Ah, querida... ás vezes algumas pessoas se perdem e por mais que a gente tente resgata-las, não podemos. Só podemos orar para que um dia elas voltem para Deus, e é tudo. Ele sempre foi difícil... não foi uma surpresa para mim quando tudo aconteceu. Não posso força-la a ser amiga de seu pai querida. Mas preciso dizer que você deve amá-lo, e respeitá-lo. Sei que fará isso
Então a mãe passou a mão pelo rosto da filha e elas ficaram ali sentadas vendo o sol se pôr. Tinha sido um dia e tanto...
De noite a mãe parecia bem mais animada e Emmy descobriu que o tio de Josh a convidou para o primeiro encontro. Emmy estava feliz mas também achava a situação toda muito engraçada.
Quando a mãe saiu Emmy ficou sozinha em casa, colocou um pijama bem velho e pediu um pizza.
Não queria falar com ninguém naquele momento, só queria ficar sozinha. Colocou qualquer série para assistir enquanto esperava a pizza chegar.
Então ela ouviu uma batida na porta, pegou o dinheiro na bancada, mas...
- JOSH? Ai meu Deus, o que tá fazendo aqui? Emmy ficou tímida ao pensar que estava sozinha na casa e que estava com seu pior pijama.
- Emmy, calma! Eu só vim ver como você estava, dito isso ele segurou em seu rosto e a beijou.
- Nossa, está ventando muito... acho melhor você ir...
- Ir? Emm, eu acabei de chegar - disse ele rindo - O que houve?
- Minha mãe saiu com seu tio! Ela não está em casa...
- Ah..
- É...
Então começou a cair uma chuva muito forte, que sorte!
- Nossa, Josh, entre logo.
Ele entrou, e eles ficaram se olhando sem graça.
- Eu já volto, vou subir rapidinho.
- Não precisa trocar de roupa, eu amei o seu pijama. Você fica linda assim.
Ela riu daquela situação, e ele se aproximou e beijou a mais uma vez. Ficaram em silêncio por alguns segundos, e então se sentaram no sofá. Emmy fingia prestar muita atenção naquele episódio da série, e ficaram assim, juntos, por um bom tempo. Josh ao perceber que a namorada estava tão sem graça, apenas a abraçou e demonstrou que estava ali para fazê-la ficar bem, e no fim do dia era tudo o que ela sempre queria.
Até que a campainha tocou e Emmy não pode evitar levar um grande susto, o que fez Josh rir muito. Dessa vez era a pizza!
Eles comeram, e ele foi embora para casa quando a chuva melhorou.
Emmy ainda se sentia tímida com toda a situação. Nunca havia ficado sozinha com o namorado e sentiu medo do que poderia acontecer. Mas ficou feliz por ter um namorado que amava a Deus antes mesmo de amá-la para que não fizessem nada que se arrependessem amargamente depois.
...
No dia seguinte Emmy acordou com uma mensagem do pai. Ele antecipou sua partida e queria se despedir. Disse que estava indo até lá. Indo até a casa dela e de sua mãe? Quanta audácia! Achar que tinha esse direito... mas ele já tinha mandado a mensagem a alguns minutos, ela apenas pode trocar de roupa antes que seu pai entrasse na sala de estar, observando tudo.
- Uau querida... é uma casa linda. Sua mãe consegue deixar qualquer ambiente tão aconchegante, não é?! - havia um pesar em sua voz ao dizer isso.
- Sim. Mamãe é mesmo incrível.
- Eu a vi ontem... saindo de um restaurante com um homem.
- Ah...
- Fique tranquila, filha. Não vou tirar a paz de vocês, nunca mais. Sua mãe merece ser feliz depois de tudo. Eu nunca vou poder reparar os erros que cometi. Agora é tarde demais.
- Você conhece o caminho pai. Conhece a verdade, então... apenas se lembre de como Deus quer que você viva, enquanto ainda tem tempo para isso.
- Saiba que jamais vou lhe cobrar pelo dinheiro Emmy. Aquela conta sempre vai existir e sempre será sua, ok? Eu fico feliz que você tenha um coração tão bom.
Ela entendeu que o pai sabia o que ela havia feito, e ficou feliz por não a questionar.
- E quanto ao seu namorado... espero que ele cuide bem de você. Parece ser um bom rapaz, vamos marcar um almoço qualquer dia desses.
- Claro, pai... e muito obrigada por entender - ela disse, sem graça.
- Sabe, filha... eu só fui entender que realmente tinha perdido você e sua mãe na noite de ontem.
- Ah, papai... por favor... você já tem outra família, logo terá mais filhos. Se esforce para ser bom para essa.
Eles se despediram, mas antes que o pai saísse ela lhe falou:
- Até logo pai. Eu amo você! Fique bem. Por favor
E fechou a porta. Subiu para o quarto e chorou pois fazia muitos anos que não dizia isso ao pai. Emmy pôde ouvi-lo saindo com o carro e indo embora da rua, da cidade... talvez uma parte daquela sombra de mágoa tivesse espairecido. E ela era grata a Deus por isso.