Capítulo 49

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Emmy começou cedinho no dia seguinte, foi preciso ir até a casa de Stacy pra conseguir tirá-la da cama.
- Stacy, por favor, já são 10h da manhã, melhora essa cara, desse jeito parece até que é madrugada - Emmy dizia enquanto observava Stacy com cara de mau humor por acordar cedo, tirar livro por livro da estante na velocidade que ela mesma chamaria de "tartaruga".
- Ai Emmy, eu já falei que eu só funciono melhor depois do meio dia, e outra, pra que pressa, amiga? Esses livros devem estar aqui há uns 10 anos, eles não vão fugir - então Stacy ri.
- Desse jeito eu não vou te contratar não - brincou Emmy com a amiga.
- Você vai sim, é sua obrigação como melhor amiga me dar um emprego agora que é a chefe!
- Vou pensar no seu caso! que horas Daniel vem?
Daniel estava de férias da faculdade, então ele se propôs a ajudar as meninas .
- Ele deve estar chegando - nesse momento Stacy conferiu o celular pra ver se havia mensagens do namorado.
...
Já se passaram 4 dias desde o início da reforma. Emmy estava exausta com todos os preparativos do casamento, lojas de decoração, fornecedores, encomendas ... Stacy estava cuidando do site e das redes sociais da loja, e tudo ia muito bem. A amiga levava jeito para isso. Daniel estava pegando no pesado: começou a pintar todas as paredes e logo as novas prateleiras chegariam.
Emmy estava retirando e empacotando todos os livros minuciosamente para que não ficassem sujos de tinta quando em uma das prateleiras ela notou que havia um livro que parecia uma espécie de caixa.
Ela já havia visto esse grande livro em cima, na última parte da prateleira mas nunca teve tempo de verificar e abrir um por um, então esse passou batido.
O livro parecia oco e quando chacoalhou notou que era na verdade era um livro falso, uma espécie de caixa com algo dentro. Ela desceu da escada cuidadosamente com aquilo em mãos.
Estava sozinha na loja, Stacy havia ido embora e Daniel também. Já era noite, Emmy tinha trancado as portas e janelas para fazer o serviço.
Sentou se no chão e abriu com um pouco de dificuldade aquela caixa, tentando não estraga-la demais. Então achou um pequeno caderno, era marrom, com uma fita de cetim rosa claro prendendo suas folhas. Parecia delicado, tinha cheiro de papel velho. Desatou o nó da fita delicadamente e ao passar seus olhos rapidamente pela primeira página, seu coração parou. Ficou trêmula.
"Querido diário. Acho que estou um pouco velha para isso, não é mesmo? Mas não importa. Me lembro de quando era pequena e amava escrever em folhas soltas que conseguia encontrar pelo abrigo, já que um diário estava fora de questão. Então quando eu vi você, tão simples e bonito naquela papelaria, não resisti. Engraçado que alguns sonhos por mais que pareçam bobos, nunca vão realmente embora do nosso coração. E quando Deus nos dá uma oportunidade de realizá-lo , lá está está então aquela lembrança tão nostálgica mas ainda vívida.
Com amor, Anne"
O diário não tinha uma data. Mas praticamente todas as folhas estavam lotadas! Emmy não pôde deixar de ler. Era tocante e real. Ela lia como se fosse um livro muito querido. Descobriu que Anne passou sua infância em abrigos depois de ser abandonada pelos pais. Quando foi acolhida por uma igreja, lá conheceu Henry. Os detalhes eram lindos e ainda tinham um frescor, era como se Emmy pegasse em uma folha seca, mas pudesse sentir como se tivesse a colhido a pouco tempo e ainda fosse úmida com aquele típico cheiro de campo.
Então se deu conta de que talvez não pudesse ter lido algo tão pessoal. Eram sobre pensamentos e sonhos... tudo era tão sincero e inocente. Ficou com medo de que seu antigo chefe não gostasse disso. O que ela faria agora? Deveria levar isso até ele? Ele ia querer ler?

Amor em JerseyOnde histórias criam vida. Descubra agora