23 - O Plano

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~Jongho On~

   Eu estava sentado na cama pensando em como vai ser a vida nessa casa quando Mingi chegou. De cara eu não tinha notado que tinha algo errado, percebi depois que ele passou mais de 15 minutos em silêncio. Quando ele saiu do banho fui me sentar ao lado dele em sua cama.

   - Ei, cara, ta tudo bem? -  Ele se virou espantado como se só tivesse notado minha presença naquele momento. Ele fez que sim com a cabeça e olhou pela janela. - Não está tudo bem não, você parece que viu um fantasma!

   - Tá mais para um demônio - Não passou de um resmungo, mas consegui ouvir.

   - O que você quer dizer com isso? - Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e passou as mãos pelo cabelo para pousa-las na nuca, então soltou um suspiro.

   - A gente encontrou o San...

   - Pera, como assim "A gente"? - Ele se jogou de costas na cama e encarou o teto.

   - O Wooyoung tava comigo. - Olho para ele surpreso.

   - A coisa deve ser bem séria pra você andar com o mesquinho. - Ele fez que sim novamente, ainda encarando o teto. - E então, onde ele tava?

   - Na sala de treinamento, o velho tava puxando ele para lá com uma corda, como se ele fosse um animal, e tinha mais dois homens com ele.

   - E onde esses dois homens estão? - Ele ficou em silêncio por um momento para depois responder.

   - Mortos. - Uma só palavra que deixou todo o clima terrivelmente tenso e pesado. Ficamos refletindo o que acabou de ser dito, quando fui perguntar como foram mortos, ele mesmo respondeu. - San matou eles. - Novamente, um silêncio tenso caiu sobre nós dois.

   - Mas.... por que? - Ele se sentou novamente para dessa vez encarar o chão, como se lá pudesse ter um botão para ele desver o que viu naquela sala.

   - Estão fazendo alguma coisa com ele, Jongho. E não é nada bom. - Ele parece tão perdidamente preocupado, que minha mão começou a acariciar suas costas quase que de automático.

   - Ele vai ficar bem, cara. - Ele balança a cabeça negativamente.

   - Essa é a questão, eu não tenho tanta certeza disso. E pelo modo como o mesquinho disse, ele vai ser o próximo. É como um experimento em um rato de laboratório. - Ficamos em silêncio. Estou ainda absorvendo tudo isso. O que tá acontecendo aqui afinal de contas? Por que exatamente aquele homem nos trouxe para cá? Tudo bem, ele falou das missões e tudo o mais, mas acho que tem mais do que isso...

   - A gente tem que descobrir o que tá acontecendo aqui.

   - A gente tem que tirar o San de onde quer que ele esteja sendo aprisionado. - Nós nos encaramos e então ele se levantou. - Sei que isso não te agrada, mas temos que ir falar com o mesquinho. - Eu reviro os olhos, mas se aquele garoto sabe de mais alguma coisa, vai ser útil, então me levanto.

   - Vamos, então. - Ele dá um sorriso fraco e acena com a cabeça, então nos direcionamos para o quarto do mesquinho. Isso não vai ser nada agradável.

 
~Wooyoung On~

   - O que a ralé quer comigo? - O menino fogo revira os olhos e o novinho forte cerra os punhos.

   Aconteceu que eu estava pensando em como entrar naquele compartimento onde San está quando esses dois bateram em minha porta me desviando de meus pensamentos. Mereço mesmo ser incomodado pelos plebeus.

   - A gente precisa conversar, Wooyoung. - O fogaréu ambulante disse bem sério.

   - A gente precisa, é? - O novinho cerrou os punhos com ainda mais força.

   - Sim, a gente precisa. - Ele me empurrou para o lado, abrindo espaço para os dois entrarem. Como ele ousa me empurrar assim?!

   - O que vocês querem afinal? -  Digo cruzando meus braços e encarando eles.

   - Precisamos de ajuda para descobrir o que está acontecendo aqui nessa casa, e você parece saber mais do que a gente sobre isso. - Ele fala calmamente, como se tivesse medo de eu o atacar. É bom ele tem um pouquinho de noção do perigo.

   - E o que te faz pensar que eu vou ajudar vocês dois? - Dessa vez quem se pronunciou foi o mais novo, dando um passo a frente e apontando com o indicador para a minha pessoa. Não gosto dessa audácia toda que ele tem.

   - Porque você se preocupa com o San. - Eu fico quieto. Ele não está mentindo, parando pra pensar, eu me preocupo com aquele garoto, mas por que?

   - Tá. Qual é o plano? - Os dois se entreolham.

   - A gente ainda não tem um. - O foguento disse coçando a cabeça. Ótimo.

   - E como vocês pretendem tirar o San de lá sem um plano seus imbecis? - O fortinho bufa e cruza os braços deixando o do fogo falar.

   - A gente pensou que você pudesse ter algum já que está mais envolvido do que nós nisso. - Eu suspiro e passo as mãos pelo cabelo tentando não me alterar.

   - Vocês tem sorte de eu já ter pensado em algo. - Eu me dirijo até a escrivaninha que tem no quarto e me sento na cadeira da mesma sentindo os outros dois se aproximarem. Se aproximarem até demais. Com meus poderes eu faço eles se afastaram. - Espaço pessoal pelo menos. - escuto os dois suspirarem.

    Abro a gaveta e tiro de lá um mapa improvisado que fiz mostrando onde fica a passagem para o porão onde deixam o San e o abri em cima da mesa. Os dois se aproximarem um pouco mais, dessa vez eu deixei, vai que a pobreza deixa as pessoas míopes.

    - Aqui - Digo colocando o indicador na marcação em vermelho - É onde estão deixando o San. O garoto forte apoiou uma das mão na mesa e se aproximou um pouco mais para poder ver melhor.

   - Que desenho horrível. - Eu novamente o afasto com a telecinese.

   - Faz melhor, bocó - Ele solta uma risadinha.

   - Você sabe como entrar? - Foi o foguento quem perguntou. Eu me encosto na cadeira cruzando os braços já começando a me irritar.

   - Se eu soubesse como, eu já teria entrado, não acha? - Eu olho para ele a tempo de ver o mesmo revirar os olhos, depois me volto novamente para o mapa. - Mas não. Não como abrir a porta do elevador nem como sem quebrar ele por completo. Por isso acho que precisaríamos de mais ajuda.

   - Precisamos da ajuda de quem? - Foi o mais novo quem disse, se aproximando novamente. Isso tá me irritando.

   - Acredito que para abrir a porta, precisaríamos do abajur ambulante, o que não vai ser fácil de convencer. Por isso vamos chamar primeiro o bebê invisível, ele vai ser bem útil pro caso de alguém aparecer. Além do mais, ele parece ter alguma afinidade com o do choque e pode conseguir convence-lo. - Pelo canto dos olhos vejo os dois concordarem com a cabeça e então eu prossigo. - Também acho útil o nanico ir com a gente, pro caso de ter alguma fechadura ou algo do gênero, ele pode encolher e passar. De qualquer forma é mais uma precaução. E por último, o sentimental, pro caso dos ânimos do San saírem do controle.

   - Resumindo, precisamos de todos - O mais novo se desencostou da mesa e se afastou um pouco.

   - Sim, precisamos. - O do fogo suspira e se afasta um pouco também. Finalmente tenho meu espaço, meu deus.

   - Parece que pode dar certo.

   - E pode, mas temos que convencer eles primeiro. - Nesse momento os sons de sinos de mais cedo ecoaram novamente nas caixas de som.

   "Por favor, garotos, venham comer."

   Só de ouvir a voz desse homem já me dá nos nervos. Como eu queria poder entrangula-lo até a morte...

   - Quando vamos fazer isso? - O do fogo perguntou já se aproximando da porta, sendo seguido pelo forte.

   - Eu não sei, mas pode demorar. Precisaremos treinar mais um pouco, para poder tudo dar certo. - Eles balançaram a cabeça concordando e já estavam saindo. - Aliás, - Os dois se viraram para mim novamente. - Mantenham distância de mim, não sou amigo de vocês e não quero ser visto com a ralé. - Ele reviraram os olhos e saíram.

   É, o plano pode dar certo.

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