KQ Academy • Temporada 1

27 - Encontro

~San On~

   Estou aqui a mais ou menos uma semana, eu acho. Eu tento contar pelas refeições já que daqui eu não consigo saber se é dia ou noite.

   Eu finalmente descobri o que aquele homem quer de mim, e não sou eu, ele quer o demônio, ele quer ter controle sobre o monstro que tem dentro de mim, e isso me assusta tanto...

    Nesse momento, estou apenas deitado na pequena cama que tem aqui, estou drogado de novo, quase inconsciente, estou me acostumando com isso. Eu poderia estar chorando agora, mas nem pra isso tenho forças.

   As lembranças são minha única companhia aqui embaixo, e elas me assombram, sempre assombram, quando estou dormindo, quando estou acordado, elas estão comigo. Eu me lembro de cada um, de cada homem que eu matei nas tentativas do homem de tentar controlar o demônio. Foram 15... não, foram 18 com os de ontem, é, 18 homens.
  
   Aliás, acho que eu deveria dar um nome pro demônio. Talvez San 2, ou sanzinho, mini San, se bem que eu acho que Mega San combine mais.

   As vezes, um pensamento involuntário vem em minha mente. Será que alguém vai me tirar daqui? Será que alguém lá em cima sentiu a minha falta? Será que alguém sequer notou que eu sumi? Nessas horas, a imagem do Wooyoung me vem à cabeça. Ele se afastando assim que eu me sento ao lado dele. Ninguém vai vir.

   É pensando nisso que eu adormeço novamente.

~Wooyoung On~

   Já vai fazer uma semana desde que estamos aqui, fazem 5 dias desde que estamos juntos nessa. Todos esses últimos dias continuamos participando dos treinamentos dados pelo homem e depois, pouco depois da ordem de ir dormir, nos reunimos em meu quarto para treinarmos mais do melhor jeito que fosse possível, e isso ajuda, ajuda muito na verdade.

   Os outros garotos acabaram de sair na verdade, estávamos treinando agora mesmo. Eu me deitei em minha cama e fiquei encarando o tento sem conseguir dormir. A verdade é que com o tempo que vamos precisar para tirar o San de lá, eu não sei como ele vai estar, nem se vai estar vivo, e isso me assombra. E lá no fundo, beeeeem lá no fundo, eu não quero que nada aconteça com os outros também, o Yunho pode ser uma exceção, mas de qualquer forma, não quero que se machuquem.

   Me levanto e balanço a cabeça afastando o pensamento, até parece que eu tô simpatizando com a ralé. Eu abro a porta e desço para o primeiro andar, esses pensamentos deprê me deixaram com fome. Mas quando desço, percebo que a luz da cozinha já está acesa, então me aproximo de fininho para não ser notado.

   Dois homens estão servindo alguém que está sentado na cadeira da ponta, os mesmo estão tampando minha visão, mas acho que é o homem de qualquer forma. Eu começo a recuar devagar, mas quando estou prestes a sair de lá, escuto um choro que de alguma forma me pareceu familiar.

    É o San. No momento em que vejo ele, sinto como se duas grandes pedras tivessem sido tiradas dos meus ombros por saber que ele está vivo. Mas a situação dele... isso faz meu coração apertar, ele está acabado, não cuidado e parece tão fraco... Eu me aproximo devagar mas ele nota e se vira para mim com os olhos cheios de lágrimas.

   - Oi, San.... - Ele começou a chorar mais, o que chamou atenção dos dois homens que estavam lá mais cedo.

   - Ei! O que você está fazendo fora da cama! - Os dois adentraram a cozinha segurando armas apontadas para nós dois. Eu olho para San para ver como ele está, ele devolve o olhar e no segundo seguinte aqueles olhos ficaram totalmente negros, como uma resposta automática, os meus ficaram totalmente brancos.

   Aquela sombra sólida saiu dele segurando o primeiro homem fazendo o mesmo soltar a arma. Vejo o segundo homem apontar sua arma para San, pronto para atirar, com a telecinese eu desarmo ele e o prendo na parede.

   - Nem pense nisso - Uso minha habilidade para quebrar o pescoço do homem no mesmo momento em que San faz o mesmo com o homem que ele estava segurando. Depois que fez isso, San cai de joelhos e começa a tremer agressivamente. Eu tento me aproximar para ajudar mas ele levanta a mão me impedindo.

   - Não! É... é perigoso... já vai pa... passar... - Ele ficou uns dois minutos daquele jeito quando finalmente se acalmou. Ele respira fundo e se levanta olhando para mim. Aquele olhar acabado volta para seu rosto. - Controlado. - Ele se senta novamente.

   - Bom, acho que você vai ter que levar a culpa dessa vez - Ele me encara e seus olhos se enchem de lágrimas.

   - Você... você percebeu - Eu o olho confuso. - Você percebeu que eu sumi, percebeu que eu não estava com vocês, você... - Ele começa a chorar pra valer mas de repente se interrompe levantando a cabeça rapidamente. - Tem mais vindo, você precisa subir. - Eu me aproximo dele e coloco a mão em sua bochecha fazendo com que me olhe nos olhos.

   - Aguente só mais um pouco está bem? Nós vamos te tirar dessa, todos nós - Ele dá um sorriso trêmulo e faz que sim com a cabeça antes de eu me virar e ir embora. Quando chego na escada, consigo ouvir os homens chegando na cozinha e brigando com ele fazendo meu coração se apertar de uma forma que eu jure i que iria explodir.

   Eu vou te tirar dessa San...