31 - Trauma (Yeosang)

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~Yeosang On~

   Eu tô esperando o papai a um tempão, mas ele ainda não chegou... ele deve estar vendo os outros meninos primeiro. Eu tentei conversar com o moço da porta, mas ele é muito sério, ele deve estar precisando de carinho...

   Fiquei balançando minhas pernas esperando até que a porta abriu e o papai entrou me dando um sorriso brilhante para mim. Os meninos me falaram que ele está fazendo coisas ruins, mas ele é tão legal comigo.

   - Olá, pequeno - ele se sentou na minha frente, na cadeira que tem ali, e apoio os cotovelos nos joelhos e me olhou nos olhos. Ele parece tão animado, acho que o treinamento vai ser divertido. - Ficou muito entediado me esperando?

   - Um pouquinho. O moço da porta não é muito legal. - Ele ri um pouco me fazendo sorrir. Depois ele olha pro moço e faz um sinal com a cabeça e o moço sai da sala. Será que o papai tirou ele daqui porque eu achei ele chato?

   - Yeosang, como foi morar no orfanato? - Eu olho pra ele assustado. Eu não gosto de falar de lá, eu fico triste, não foi legal. - Digo, era tão ruim assim? - Eu balanço a cabeça fazendo que sim.

   - Foi... muito difícil... não ser notado. - Eu sinto as lágrimas chegando mas seguro mordendo o lábio, lembro do que o hyung me falou, sobre eu ter que ser forte aqui dentro. Eu não posso chorar. - Mas tinha a diretora de lá, ela era muito legal comigo.

   - Mas depois de um tempo invisível, ela parou de te procurar, não parou? - Eu olho pros meus pés. Eu teria parado também depois de duas semanas, então eu não culpo ela.

   A porta abriu de novo e o mesmo moço de antes chega com mais uma cadeira. Eu acho que ele vai tentar ser meu amigo. Mas aí mais dois moços chegaram carregando alguém. Do que será que eles estão brincando?

   - Yeosang, você já fez mal a alguém? - Eu balanço a cabeça rápido negando.

   - Claro que não, não quero ser uma pessoa má... - Ele se levanta e começa a caminhar na direção da pessoa que tá sendo presa na cadeira que o moço chato trouxe. Eu tô começando a pensar que eles não estão brincando.

   - Vem aqui, pequeno. - Eu levanto e vou pro lado dele. Os moços que chegaram depois estão indo embora, menos o chato que ficou atrás da cadeira. - Sabe, as vezes machucar alguém não quer dizer que você é uma pessoa má, mas uma pessoa forte.

   Eu encaro ele pensando, então olho pro moço. Ele... ele tá segurando uma arma. Eu começo a andar para trás devagar, mas o papai me segura.

   - Fica calmo, ele não vai te machucar. - Ainda assim, eu estou com medo. Eu quero ver o Yunho hyung. O moço levanta a mão vazia e tira o saco que tava na cabeça da pessoa. É... é a diretora. Eu começo a sorrir, mas vejo que ela estava chorando e o moço... ele colocou a arma na cabeça dela.

   - O-o que... o que ele vai fazer com ela pai? - Ele ri como se eu tivesse feito uma piada, depois suspira e vira para mim, agacha e segura meus ombros.

   - Se ele vai fazer ou não alguma coisa com ela depende de você, Yeosang. Essa é a sua tarefa. Como você se importa com ela, você tem que matar o moço chato pra ele não matar ela. Entendeu?

   - Ma-matar? - As lágrimas vem de novo. Eu respiro fundo e seguro o choro.

   - Isso mesmo, matar. Bom - Ele olha pro relógio em seu pulso. - Você tem um minuto pra fazer alguma coisa. - Ele vira e começa a andar. Eu só consigo encarar os dois na minha frente, mas então corro e seguro o braço do pai.

   - Papai, por favor, não me faz fazer isso. - As lágrimas agora estão correndo em meu rosto, mas eu não posso segurar. - Por favor papai, ajuda ela. - Ele puxa o braço de volta e toca no relógio.

   - O tempo tá passando pequeno, é melhor você fazer algo logo ou os dois vão morrer. Você tem 40 segundos. - Ele entra em uma cabine e fecha a porta.

   - Papai! PAPAI!! - Eu olho novamente para a diretora e pra arma na cabeça dele. O Yunho disse pra eu ser forte. Eu tenho que ajudar ela. Fico invisível.

   Eu vejo que o moço ficou confuso. Eu chego mais perto sem fazer barulho. Eu encaro a arma. Eu tô com medo. Com muito medo. Eu dou um soco na barriga do moço fazendo ele soltar a arma e pego ela fazendo com que fique invisível e o moço fique mais confuso. Eu seguro a arma e fecho meus olhos com força. Eu não quero fazer isso. Eu quero correr daqui. Eu quero ver o hyung e...

   Um tiro. E-eu... acabei de ouvir um tiro. Agora eu ouvi mais um, mas eu não apertei nada. Será que alguém entrou aqui e tá tentando machucar o papai? Eu abro meus olhos e... os dois morreram. Eles estão mortos. Eu olho pro papai e ele tá segurando uma arma também. Eu volto ao normal.

   - O que... aconteceu? - As lágrimas estão rolando de novo. Ele coloca a arma na cintura e sorri.

   - Eu fiz o que você não teve coragem de fazer. -  A porta abriu e dois moços entraram. Ele vieram até mim. Eu tentei ir para trás mas eles me seguraram primeiro e senti uma dor no meu pescoço. Então eu dormi.

~~//~~

   Eu acordo com dor de cabeça e sinto alguma coisa na minha mão. Eu abro meus olhinhos devagar e vejo o Yunho hyung. Ele tá segurando minha mão.

   - Yeosang... Você acordou - Ele sorri mas seus olhos estão tristes. Ele coloca a mão na minha cabeça e começa a fazer carinho em mim. Meus olhinhos enchem de lagrima e eu começo a chorar apertando a mão dele com força. - O que foi pequeno?

   - Hyung, eu... eu não fui forte. - Ele me olha preocupado. - Eu não pude ajudar ela. Eu não sou forte o suficiente. - Eu começo a chorar mais e ele me abraça forte.

   - Ninguém é forte o suficiente para isso, Yeosang. Ninguém.

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