Capítulo 39 - Ao meu caro pai

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A porta rangeu de leve ao ser aberta.

O Sol ainda não havia surgido no horizonte, embora o céu demonstrasse indícios de que o faria em breve. Tudo estava silencioso, o que exigiu cuidado redobrado, pois qualquer ruído mais alto poderia estragar seus planos; parou rente a cama e o observou em um sono profundo.

Alguma hesitação tomou conta por um instante, mas o desejo aliado a indignação tratou de empurrá-la para longe. A decisão já havia sido tomada. Iria aproveitar-se do que descobrira e, enfim, ter o que ambicionou em segredo ao longo daqueles quase três meses.

Tão cautelosamente quanto todas as suas ações até ali, ergueu o lençol e enfiou-se por baixo. A penumbra envolveu seus olhos, mas pôde sentir a firmeza e quentura do corpo enrolado no tecido. Desvendou-o com as pontas dos dedos, em um toque bastante sutil, e constatou que estava sem a roupa de baixo. Provavelmente por causa do calor que fazia ou saciara suas necessidades masculinas e não se importou em colocá-la. Bem, isso só facilitava a seu favor.

Ele se remexeu e resmungou, como se pressentisse aquela presença inesperada, mas não foi o suficiente para que acordasse. Tal como, ainda adormecido, não soube distinguir sonho e realidade; ele se remexeu outra vez. Uma inquietação incomum crescendo em seu interior.

A inconsciência e a saudade uniram-se na figura de Christinie, linda e com aquele sorriso atrevido que o deixava louco, e a aconchegou em seus braços. Os cabelos intensamente vermelhos, cheirando a lavanda fresca, roçaram a ponta de seu nariz ao apertá-la contra o peito.

A luxúria que sempre o invadia ao estar com ela fez-se insuportavelmente presente, e o olhar claro e carregado de sensualidade apenas contribuiu para que ficasse excitado. A ruivinha sequer lhe tocara direito, mas tinha a sensação de que estava prestes a explodir em euforia.

Julien gemeu no momento em que Christinie o levou na boca. Ficava impressionado em ver como ela não tinha reservas para consigo. Era uma amante entregue e curiosa, que fazia-o perder completamente o juízo sempre que estavam juntos na cama. Gostava da ousadia dela e em como, mais do que o seu prazer, preocupava-se em aprender sobre o próprio.

E ele, além de deleitar-se observando, era seu guia na arte do amor.

Partilhavam de uma liberdade inexplicável.

O prazer foi aumentando. Chrisie havia melhorado em suas caricias com os lábios, tanto que as sensações tornavam-se cada vez mais intensas. Intensas demais até mesmo para um devaneio.

Julien franziu o cenho e começou a abrir lentamente os olhos. Sua visão demorou uns segundos para focar, o que aconteceu no mesmo instante em que seu corpo deu um solavanco e um gemido escapou de sua garganta. Desorientado, olhou para o volume sob o lençol e estremeceu ao compreender que aquilo era real. Alguém realmente estava lambendo seu pênis.

Seu coração disparou e não foi de um jeito bom. Isso porque, diferente do sonho que tivera, ele sabia que não era sua amada ruivinha ali. Mesmo desejando profundamente que fosse.

Ao puxar bruscamente o lençol, Julien arregalou os olhos no que deparou com Mariana em uma posição deveras comprometedora para ambos. Sua reação seguinte foi empurrá-la para longe, mas a criada o sugou com ímpeto, levando-o a contrair e jorrar vergonhosamente.

O rapaz ofegou, entre o prazer e o assombro.

— O que... Pensa que está fazendo? — balbuciou o Dufour. O rosto vermelho como uma pimenta.

Ele retomou o fôlego e tentou se cobrir.

— Vim pegar o que tanto desejo. — respondeu ela, acercando-se.

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