Reunidos diante do túmulo recém construído, os Bamborough oravam pela alma da antiga duquesa, que enfim poderia descansar de maneira adequada e não mais na encruzilhada distante na qual fora renegada injustamente há quase vinte anos. Ellen retornou para casa.
Cada um dos filhos segurava um buquê diferente, até mesmo os gêmeos, que ainda sentiam-se incomodados por compartilhar aquele momento tão íntimo e delicado. Mas Augustus enfatizou que eram uma família e não deveriam ter receio. Afinal, nenhum deles tivera culpa pelo o que aconteceu, e seria de grande benevolência se também prestassem homenagem a duquesa.
Três semanas haviam passado desde a grande revelação de Hugh, que resultou na prisão dele e de seu cúmplice, Renè. E de fato o duque se encarregara de tudo antes de entregar-se aos guardas. Com a confissão, conseguiu a autorização da igreja para que sua antiga esposa fosse perdoada do crime que sequer cometeu, e a isentou definitivamente da penitência do suicídio.
O tabelião apareceu no dia seguido ao ocorrido e atestou que Augustus era oficialmente o novo duque de Northumberland e ele não perdeu tempo em prosseguir com os tramites para cumprir com o desejo cheio de remorso do pai. Escolheu um belo lugar dentro da propriedade e pediu que construíssem uma lápide. Certamente Ellen teria gostado muito da escolha do filho.
Embora fosse tudo muito recente e difícil de assimilar o que foi dito, a família tentava aos poucos se reerguer, e retomar o caminho. Ainda levaria um bom tempo para que conseguissem lidar com todos aqueles segredos e mentiras – isso se realmente conseguissem algum dia.
O julgamento de Hugh e Renè fora marcado para os próximos dias. Tratando-se de réus com grande prestígio e dado a severidade dos crimes, foi decidido que a audiência não seria realizada no assize* de Northumberland e sim no Tribunal Old Bailey, em Londres. A notícia já havia se espalhado e, mais uma vez, os Bamborough eram motivo de falatório e fofocas.
Augustus e Julien, sendo os filhos mais velhos, provavelmente teriam de viajar a capital assim que a sentença fosse decretada. As expectativas, obviamente, não eram boas para os referidos.
O peso do castigo cairia impiedosamente sobre os dois.
No palácio, dando privacidade a família, os Dufour se encontravam cada qual em seu quarto. Os ares, ao contrário do que imaginavam, não ficaram tensos. Afinal de contas, admitindo ou não, todos ali sabiam que os únicos culpados estavam esperando julgamento e não existiam razões para que surgisse inimizade entre os que permaneceram. Uma vez que buscavam se reerguer.
Beatrice embalava o bebê em seus braços quando Julien pediu permissão para entrar. Ela sorriu ao vê-lo e entregou o pequeno Francis a criada, pedindo em seguida para que o filho mais velho se aproximasse, e ele o fez assim que deu espaço para a empregada sair do quarto.
Uma vez sozinhos, observando-o, Beatrice indagou:
— Qual o motivo dessa tão boa visita?
A condessa amava seus meninos, mesmo que não pudesse mais chamá-los dessa forma, visto que já eram homens feitos. Contudo, em seu coração de mãe, continuariam sendo os pestinhas que corriam pela casa e viviam se metendo em confusão quando tinham qualquer oportunidade.
Julien tomou a mão dela com cuidado e deu-lhe um beijo carinhoso no dorso. Logo depois, pegou a cadeira junto da penteadeira, e sentou de frente para a mãe. Trocaram olhares.
— Como se sente hoje? — perguntou ele.
— Tão bem quanto ontem. Já disse que não precisa se preocupar. Embora tenha sido chocante no início, a prisão de seu pai não me afeta tanto quanto pensam. A ambição de Renè e seu mau-caratismo causaram tudo isso. Ele só está pagando pelo o que fez. Nada mais justo.
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O Mais Belo Vermelho
Storie d'amoreJulien Dufour está enredado em um casamento arranjado com a filha mais velha do Duque de Northumberland, amigo de longa data e sócio de seu pai. Sabendo de seus deveres como primogênito e herdeiro, ele nunca se opôs a ideia de expandir os negócios a...