Parado em frente à janela e com os braços cruzados, Eloïs observava os criados andando de um lado para o outro, carregando a diligência com as bagagens que levariam na viagem.
Enfim, o dia havia chegado.
Em alguns minutos, partiriam para Londres, onde permaneceriam por três meses.
O mais novo dos Dufour sentia-se aliviado. Contudo, lá no fundo, também sentia um desconforto inexplicável no peito. A ideia de ficar distante por tanto tempo deveria alegrá-lo, não? Afinal de contas, quanto mais afastado estivesse, mais fácil seria de arrancar aqueles sentimentos inapropriados. O problema era que a situação estava longe de ser assim.
Muito longe.
— Eloïs?
Ele olhou para trás e avistou Julien na porta.
— Está pronto? — indagou o mais velho.
— Sim. — soltou um suspiro e se afastou da janela — O duque também está pronto?
— Acredito que sim. Vim chamá-lo para descermos a fim de não deixá-lo esperando.
— Tudo bem.
Apanhando a casaca em cima da cadeira, Eloïs a vestiu e vislumbrou rapidamente o quarto em que estivera trancado nos últimos dias antes de seguir o irmão porta afora.
Os dois caminharam em silêncio rumo à entrada principal do palácio. A diligência extravagante com o enorme brasão dourado da família Bamborough encontrava-se estacionada perto das escadarias. O Sol ainda se mostrava tímido no céu, escondido atrás de algumas nuvens, e as plantas cobertas pelo orvalho da madrugada. Não passava das sete da manhã. Mas, ainda assim, as irmãs estavam na porta esperando para se despedirem como mandava a etiqueta.
Os olhos dos Dufour correram ao redor em busca dos gêmeos, mas não havia sinal deles, e cada qual tirou a própria conclusão acerca disso. Tal como sentiu a ausência de modos diferentes.
— Sentirei saudades. — disse Suzanne assim que Julien se aproximou.
O rapaz esquissou um sorriso e apanhou a mão dela.
— Três meses é um tempo tão longo. — continuou a moça — Será que serei capaz de aguentar?
— Tenho certeza de que passará mais rápido do que imagina.
Beijou o dorso da mão de Suzanne educadamente e se despediu. Tudo para desempenhar com perfeição seu papel como noivo e disfarçar a frustração por não poder fazer o mesmo com Christinie. Mas talvez fosse melhor assim. Vê-la só traria à tona as recordações do que fizeram no bosque e ele duvidava que conseguiria ir a algum lugar caso ela estivesse ali.
Queeny não escondeu suas intenções ao lançar um olhar ferino demais para uma jovem senhorita no instante em que cumprimentou Eloïs. Apesar do episódio vergonhoso relacionado ao beijo no baile de noivado, continuava determinada a conquistar o Dufour mais novo e seguiria colocando em prática os conselhos que Suzanne vinha lhe dando escondido. Ele, por sua vez, tentou ser cortês e impediu qualquer chance do flerte avançar.
Adelyn, presenciando toda a circunstância, revirou os olhos. Suas irmãs mais velhas se dispunham àquele tipo de atitude e não percebiam o quão ridículas estavam sendo com isso?
Bom, considerando o que via, provavelmente não.
— Oh, aí estão vocês. — falou Hugh, acompanhado de um valete — Prontos para a viagem?
Os Dufour assentiram, felizes de que enfim sairiam daquele constrangimento.
Hugh abraçou cada uma das filhas e deu as últimas instruções aos criados presentes; Julien ficou curioso de que o duque não comentara sobre a falta dos filhos mais novos. Bom, talvez já estivesse acostumado ou se despedido em outro momento.
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O Mais Belo Vermelho
RomanceJulien Dufour está enredado em um casamento arranjado com a filha mais velha do Duque de Northumberland, amigo de longa data e sócio de seu pai. Sabendo de seus deveres como primogênito e herdeiro, ele nunca se opôs a ideia de expandir os negócios a...