Christinie encarou o feixe de trigo que havia acabado de cortar e soltou um suspiro ao colocá-lo na cesta junto do restante. Andava mais avoada que o de costume desde que o pai e aos irmãos Dufour viajaram para Londres há pouco mais de um mês. Porém, não tinha como evitar.
O trigo que fora semeado no inverno estava pronto para ser colhido naquele início de verão, e ela tinha ido até as plantações para ajudar na recolha, a fim de ocupar os pensamentos com outra coisa que não fosse Julien. Pois, somente a parte administrativa não parecia o suficiente. Mas nem o trabalho árduo no campo conseguia ser páreo para as lembranças que insistiam em levá-la de volta para o dia em que se entregaram a paixão no bosque.
Além do que fizeram encostados na árvore, eles confessaram o que sentiam um pelo o outro. Parecia tão surreal, mas aquelas palavras realmente saíram de seus lábios e iguais chegaram aos seus ouvidos. Como a mais linda poesia. Envoltas em tantas e tantas sensações.
Não sabia se era sua inexperiência no amor, mas, sempre que rememorava o acontecido, seu coração acelerava e crescia a ânsia de estar nos braços dele novamente. Tal como a necessidade gritante dos beijos, dos toques... Do modo como seu corpo se encaixou no dele e juntos mergulharam em um prazer inigualável, que ainda fazia o âmago de seu desejo umedecer.
Sentindo-se agitada, Christinie limpou o suor da testa proveniente do esforço das últimas horas com o lenço amarrado ao redor do pescoço. O Sol não se encontrava alto, mas o calor castigava tanto quanto. Ao meio-dia, nenhum dos trabalhadores seria capaz de ficar por ali.
Christian e ela estavam com a pele mais bronzeada que o normal e sabia que logo um dos capatazes viria pedir para que se retirassem. Afinal, como nobres e filhos do duque, não podiam exibir o mesmo tom de pele dos que trabalhavam nos campos. Era malvisto no círculo social.
Uma bobagem em sua opinião, mas as coisas funcionavam daquele jeito.
Estava terminando a fileira da qual ficara responsável quando seu irmão apareceu e estendeu um pequeno jarro com água fresca. Ela sorriu pela gentileza e não titubeou em matar a sede.
Sua garganta seca agradeceu.
— Falta muito? — indagou Chris.
Ele agachou ao lado da irmã e ajeitou o chapéu de vime que ela usava, parecido com o seu.
Chrisie analisou rapidamente e balançou a cabeça. Então disse:
— Não. E você, já terminou?
— Sim. Agora há pouco.
Ela fez uma careta e em seguida lançou uma piscadela travessa:
— Ainda bem que não fizemos a aposta.
— Eu iria ganhar, com certeza.
— Não seja pretensioso, huh?! Você sabe que eu teria ganho.
Christian a empurrou de leve com o ombro e ambos sorriram.
— Precisa de ajuda? — perguntou ele — Logo será a hora do almoço e teremos que voltar para conferir os números de hoje. Além disso, o doutor Daryl virá para outra consulta.
— Oh, me esqueci completamente da consulta. Temos tanto o que fazer hoje. — expirou — Me ajude, por favor. Assim terminaremos mais rápido.
Christian não esperou mais do que um minuto para começar a cortar os feixes de trigo e colocar na cesta que Christinie posicionou entre os dois para ficar mais confortável.
Durante alguns minutos, eles trabalharam em silêncio, sendo que, vez ou outra, cumprimentavam os lavradores que cruzavam por ali. No entanto, ao espiar no entorno e perceber que não havia ninguém por perto, Christian pigarreou e questionou baixinho:
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O Mais Belo Vermelho
RomanceJulien Dufour está enredado em um casamento arranjado com a filha mais velha do Duque de Northumberland, amigo de longa data e sócio de seu pai. Sabendo de seus deveres como primogênito e herdeiro, ele nunca se opôs a ideia de expandir os negócios a...