Suzanne desceu apressadamente as escadarias. Segurando a barra do robe de chambre e com o rosto afogueado pela irritação de ter sido acordada, seguiu a passos nada elegantes até a sala de visitas e abriu as portas com brusquidão, deparando com ninguém menos do que Lean.
O escocês estava sentado no sofá e levantou o mais rápido que pôde no que a moça apareceu diante de si, trajando somente uma camisola branca mal coberta pelo robe de chambre que a protegia de possíveis olhares. Eram quase duas da madrugada e reconhecia que sua chegada, além de não anunciada com antecedência, fora de muito mal gosto por causa do horário.
Ele teve a decência de sentir-se mal, apesar da indisposição que acometia seu corpo.
— O que o senhor está fazendo aqui? Não tem vergonha de chegar à uma casa de família no meio da madrugada? — retorquiu Suzanne, cruzando os braços, e verdadeiramente impaciente — Até mesmo para o senhor, isso é uma tremenda falta de respeito, não acha?
Lean tentou esboçar um sorriso e retrucou:
— Acredite, minha cara, eu não teria parado aqui no meio da noite se não fosse extremamente necessário. Além disso, pedi aos empregados que não avisassem da minha visita e deixassem-me no estabulo ao menos até de manhã, mas eles insistiram que eu deveria entrar no palácio. E, sinceramente, eu esperava encontrar o seu excelentíssimo pai e não a.... Senhorita.
Suzanne riu do cinismo dele e trocou o peso de um pé para o outro, afastando uma mecha do cabelo louro do rosto.
— Meu excelentíssimo pai foi para Londres acompanhado de meu noivo e futuro cunhado. — ela mordeu o lábio ao lembrar que os gêmeos também estavam lá e suspirou aborrecida — Estou responsável pela casa na ausência dele e, logicamente, me avisariam de sua vinda.
— Huh...
Lean respirou fundo ao ser acometido por um arrepio. O ambiente ficava cada vez mais frio para si. Sua visão embaçou momentaneamente, e ele balançou a cabeça para afastar a sensação.
— E então? O senhor ainda não contou o motivo de sua visita "extremamente importante".
Suzanne o confrontou. Como uma dama e boa anfitriã, apesar da circunstância atípica, não iria expulsá-lo dali. No entanto, embora não soubesse explicar a razão, a presença dele deixava-a gradativamente inquieta. Em especial, a imagem dos cabelos ruivos úmidos e grudados lascivamente na testa dele. Sim, a noite estava quente, mas não a ponto de fazer alguém transpirar daquela maneira, o que só podia significar que deveria ter feito uma longa viagem.
— Bem, estou esperando uma resposta. — insistiu ela.
Lean não respondeu. Apenas ofegou e buscou apoio no sofá, sentando em seguida. Todos os seus músculos protestavam e doíam. Sua cabeça parecia carregar um saco de areia de tão pesada, e uma tosse culminou de seu peito vindo com força para fora; sentiu-se amolecer de repente.
A jovem, intrigada com aquela reação inesperada, permitiu-se ir até ele e o encarou. Lean arquejava enquanto sua expressão se contorcia em evidente desconforto. Algo estava errado.
Mesmo hesitante, ela levou a mão até os cabelos molhados de suor e afastou-os com desconhecida delicadeza para tocar a testa dele, surpreendendo-se com o calor em sua palma.
— Por Deus, você está queimando de febre! — exclamou Suzanne, deixando a postura hostil de lado, e tomando uma preocupada — Desde quando está quente dessa maneira?
O escocês titubeou para responder:
— Não sei ao certo.
Endireitando-se, ela soltou um suspirou e apoiou as mãos nos quadris. Logo disse:
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O Mais Belo Vermelho
RomanceJulien Dufour está enredado em um casamento arranjado com a filha mais velha do Duque de Northumberland, amigo de longa data e sócio de seu pai. Sabendo de seus deveres como primogênito e herdeiro, ele nunca se opôs a ideia de expandir os negócios a...