Capítulo 12 - Visita

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Ofegante, Eloïs deixou a cabeça tombar sobre o travesseiro e encarou o teto enquanto tentava recobrar a respiração. Os vestígios do que tinha acabado de fazer ainda estavam em sua mão, melando-o indecentemente.

Ele não conseguia acreditar que havia caído nas garras do amor, do sentimento que jamais pensara se tornar refém algum dia de sua vida, e menos ainda que sucumbiria ao desejo abrasador que este lhe provocara.

Olhou para o rastro de seu prazer, viscoso e esbranquiçado, e respirou fundo. Ali estava a prova de sua rendição. Não era a primeira vez que se tocava daquela maneira, mas era a primeira em que pensava naquela por quem estava apaixonado.

Christinie. Christinie Bamborough.

A ruivinha de olhos claros e fora dos padrões, cheia de segredos, que mexeu com a sua sensatez e conseguiu o que parecia ser impossível: fazer seu coração palpitar de amor.

Perguntava-se que tipo de feitiço teria lançado para atingi-lo tão em cheio.

Desconsiderando a própria nudez, Eloïs caminhou até o lavabo e limpou as mãos com água, livrando-se de seus fluidos. Livrando-se das provas, mas não do resto. Voltou para a cama e suspirou com o toque dos lençóis em seu corpo ainda despido.

Sua cabeça encheu-se de pensamentos outra vez.

Será que deveria contar ao irmão? Como deveria agir a partir dali? Havia confessado estar apaixonado por um impulso do momento, não pensara em absolutamente nada antes de aquelas palavras saírem de sua boca. Além disso, Christinie não o rejeitou e nem aceitou, embora admitisse que gostava muito de estar em sua companhia. Receava que ela pudesse se afastar, assustada com seus sentimentos, mas não parecia o caso.

Logo, via-se sem uma direção certa. Talvez, mais para frente, pudesse cortejar a filha caçula do duque. Mas, por ora, preferia manter as coisas como estavam.

Dar tempo ao tempo.

Estar com lady Christinie e saber que ela não lhe desgostava já era o suficiente. Não iria impor sua afeição de modo egoísta. O que tivesse que acontecer entre os dois no futuro, aconteceria naturalmente.

Tempo ao tempo.

Aconchegando-se nos travesseiros, com uma das mãos sobre a barriga e a outra atrás da cabeça, Eloïs soltou outro longo suspiro e fechou os olhos. A imagem da ruivinha surgiu em sua mente, como passara a acontecer com tanta frequência. E foi imaginando a sensação dos lábios dela que o rapaz relaxou e enfim se entregou ao sono.

No quarto ao lado, entretanto, ninguém dormia.

Julien observava o extenso jardim banhado pela luz da lua, recostado no peitoril da janela e vestido somente com as calças como de costume. As noites em claro se tornaram constantes companheiras, principalmente depois que quase fora flagrado aos beijos com lady Suzanne por ninguém menos do que Christinie.

Coincidência infeliz!

Deveria ter ficado feliz de não ser o duque, mas admitia a si mesmo que teria sido muito mais fácil lidar com a fúria de um pai ultrajado do que com o olhar ressentido e o sentimento de indignação que brotou por aquela ruivinha ao lembrar do que ela fizera com outro homem.

Não esperava que alguém fosse flagrar, ainda que, obviamente, houvesse alguma chance já que estavam na sala de estar e ocultos somente pela limitada privacidade que a porta fechada oferecia. Tinha sido um estúpido por acreditar que sua atitude não chegaria aos olhos ou conhecimento alheios. Era ingênuo demais acreditar nisso – para não dizer coisa pior.

Soprando uma arfada carregada dos pulmões para fora, Julien coçou os cabelos com certa frustração e encarou as árvores ao longe. Por alguma razão, às vezes, ele ainda tinha a impressão de que veria Christinie perambulando sorrateiramente pela noite. Porém, o motivo de suas fugas havia partido há muito. Mais especificamente para Londres, no dia em que o confrontara dominado pelo ciúme e a raiva, e descobrira mais do que realmente gostaria de saber.

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