Capítulo 41 - As marcas em minha pele

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O silêncio e o medo acompanharam Christian por todo o caminho até a sala de música escondida. Olhou de tempos em tempos para trás, a fim de ter certeza de que ninguém o seguia ou tinha notado, e respirou aliviado no instante em que fechou a porta e saiu de vista.

Eloïs não havia chegado ainda. Em outra época, ficaria apreensivo de que ele não aparecesse. Mas sabia que, independentemente do que fosse, o amado viria ao seu encontro.

Sempre.

Querendo atenuar a ansiedade, o ruivinho foi em direção a janela e abriu. A brisa gélida da noite era um sinal de que o outono não demoraria a vir. O que significava também que os irmãos Dufour estavam na casa há longos meses. E uma vida inteira parecia ter mudado nesse período.

Talvez realmente tivesse. Ao menos, a vida de Christinie e a sua própria haviam mudado drasticamente, e arrastado Julien e Eloïs por esse destino intrincado e sem volta.

Contudo, por mais difícil que a estrada se fizesse, nenhum deles desistiria de caminhar.

Distraído em seus pensamentos e observando o jardim, Christian virou rapidamente a cabeça assim que escutou o ruído da porta sendo aberta com cautela. Apesar de acontecer todas as vezes, sempre ficava impressionado em como seu coração batia rápido quando Eloïs seguia ao seu encontro. Quando os olhos dele, intensamente escuros, miravam-no com ternura.

Trocaram olhares. Christian sentiu o nervosismo invadir seu corpo novamente. Além de estar perto do homem que amava depois de vários dias longe, havia certa expectativa no ar. Não sabia se era o único a percebê-la, mas apenas o fato de ter consciência tornava-a maior.

Após sorver a beleza incomparável de seu ruivinho, Eloïs se aproximou, e pegou suas mãos com delicadeza. Sorriu. A sensação calorosa daquele contato enchia-lhe de felicidade.

— Sabe que não podemos mais arriscar esses encontros no meio da noite, não é?! — comentou Christian, de repente, em voz baixa — Não estamos mais em Londres. A quantidade de empregados aqui é maior e, além do meu pai, ainda tem as minhas irmãs que podem flagrar.

— Eu sei. — suspirou o mais velho — Sei que estamos desafiando a sorte nesse exato momento. Mas eu estava com tanta saudade, que meu tolo coração não pensou nas consequências.

Apesar de não ser a intenção, Eloïs conseguia facilmente desarmá-lo.

Não podia julgar o amado. Pois, se estivesse pensando com a mesma sensatez que soou em suas palavras, não teria descido para aquele encontro clandestino. Mas seu coração também era um tolo apaixonado, que o deixava cego diante do perigo. Assim como a saudade que sentia.

— Não tente me bajular com palavras doces. — brincou — Não cairei em seus encantos.

— É uma pena. Pois, eu já me rendi completamente aos seus.

— Definitivamente, você teria ganhado uma enorme fama de libertino se quisesse.

— Acredite quando eu digo que não nasci com essa predileção. Embora saiba como usar esses encantos quando preciso. Galantear é uma das particularidades de um nobre rapaz, entende?!

Christian deu risada e balançou a cabeça em negação. O humor estampado no rosto.

Os dois rapazes, envoltos pela quietude da noite, apreciaram o toque um do outro. Apesar de terem muito o que dizer, sentiam que precisavam desse momento introspectivo.

— Sinceramente, eu pensei que você não iria voltar. — confessou o ruivinho.

— Ora. Como assim?

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