Eu vou sair com Miley.Minha mente grita enquanto ando de um lado para o outro no centro de minha sala. Rose lixa suas unhas recém pintadas de um preto vibrante e me observa de esguelha. Os cabelos castanhos lisos e curtos que lhe batem nos delgados ombros balançam conforme ela as vezes acompanha o ritmo de minhas pernas instáveis. E posso dizer um pouco trêmulas também. Na verdade estou nervoso desde o jantar. Após presenciar aquela maldita discussão, meu coração passou a bater fora do ritmo. Cheio de culpa, saudade, raiva e magoa. E também de um sentimento há muito esquecido por mim e que tinha ignorado até ontem.
Sempre soube que o encontraria uma hora ou outra pela cidade, na qual moramos. Mas foi um período longo sem nos ver e meu pobre coração já havia se acostumado a ter somente as lembranças de nós dois. Não que eu divulgasse isso para o mundo todo. Do lado de fora, para as pessoas. Eu era o cara que havia superado seu ex. Meu corpo teimoso, no entanto ainda anseia pelo corpo dele. Não só pelo sexo, mas também pela proximidade. O calor de sua presença me acalmava. Estar enroscado a ele em um sábado a noite assistindo a um filme qualquer, era o paraíso.
Pisco uma vez e dou tapinhas com força em meu rosto. Não posso pensar nisso. Aceitei ser seu amigo novamente. Mesmo sabendo que vou me foder no final. Sim sou pessimista e um pouco masoquista. Um bela mistura.
Rose ri novamente quando tropeço. Lhe dou um olhar atravessado.
- Qual a graça?
- Nada! – seus lábios finos se tornam uma linha fina quando inutilmente tenta esconder seu sorriso. Seu ventre muito inchado treme com sua risada silenciosa.
Admito que ver seu sorriso verdadeiro, após meses de sorrisos falsos ainda é um presente e um alívio. Rose chegou em minha vida de forma inusitada mas simples ao mesmo tempo. Tinha acabado de me mudar de volta, me borrando por ter de vê – lo novamente e com um mar de coisas para arrumar. Minhas amigas e seus maridos juntamente com meu irmão me ajudaram na mudança. Agradeci a Deus por não terem tocado no nome do maldito. Durante a primeira semana me dividi entre arrumar minha casa, dormir e me habituar com um novo escritório.
Após duas semanas de pura correria, me permiti relaxar quando sai para dar uma volta. Somente para respirar um pouco de ar de puro. Eu não sabia que essa decisão simples, iria trazer uma pessoa tão forte e amiga que é Rose para a minha vida. Ela estava deitada sob uma ponte. Rosto sujo, magra de dar dó e com os olhos bonitos e um pouco repuxados tão sem vida, que me atingiu em cheio. No início não foi nada fácil. Ela não aceitou minha ajuda, grunhia para mim e me jogava coisas. Tinha medo do que poderia fazer com ela ou com seu bebê. O que me impulsionou a insistir mais um pouco. Foi só quando ela teve um episódio de um quase aborto, que se rendeu a bondade humana com a qual não estava acostumada. No hospital, foi confirmado que eu já desconfiava: ela estava anêmica e desnutrida.
Depois de uma longa conversa com o médico que a atendeu, resolvi leva – la para casa. Recebi um olhar de estranhamento e fui enfrentar a fera. Para minha surpresa, ela aceitou sem protestar. Não foi nem um pouco espantoso que ela foi recebida de braços abertos por meus amigos e meu irmão. No início não falávamos mais do uma ou duas palavras dentro de casa. Mas com jeitinho, fui ganhando sua confiança. Mas só fui saber de sua história meses depois. Quando viu o rosto de um político na tv e desmaiou. Desde aquele dia nunca odiei tanto um ser humano quanto odeio o homem que fez mal a ela de forma de tão profunda, obrigando – a fugir.
Passo a mão por meus cabelos bufando baixinho. O som de um objeto sendo colocado sobre a superfície de vidro da mesa de centro corta o ar. Apoiando o queixo sobre o punho, suspira e me olha de cima a baixo.
- Você pode cancelar sabia? – diz suavemente. A sobrancelha esquerda perfeita se ergue. Sorrio fracamente. – É sério!
- Hum...
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VOLTA PARA MIM? [COMPLETO]
RomancePlágio é crime! Capa By: Stephanie Santos Viver de aparências sempre foi uma lei na vida de Miley Sanders, parte disso é culpa da mãe e a outra, de sua covardia para assumir quem é. Covardia essa que o afastou do único que poderia fazê-lo feliz e qu...