Até que as coisas saíram bem entre nós. Para uma história que terminou da pior maneira possível, tivemos um tempo bom e relaxante. Claro que teve sua exigência de não flertar com a loira da mesa próxima da nossa. Eu não estava fazendo nada a não ser retribuir o cumprimento que veio em forma de uma piscadela. Ele tentava disfarçar mas eu via o ciúme queimar seus bonitos olhos castanhos.
Quando mencionei o ciúme, vi tarde demais que foi o botão errado a se apertar. Ele me lançou palavras que eu sabia estarem entaladas em sua garganta tem muito tempo. Na verdade nós ainda não falamos como deveria mas acredito que no momento certo, faremos. Tirando todo o empecilho do abandono que há entre nós. Barreira por barreira. Até não restar nada, a não ser um longo passo para a reconciliação.
Termino de verificar um e - mail do estagiário que tem algumas dúvidas. Esse garoto chegou aqui tem alguns meses e está se mostrando ser muito bom. É habilidoso ao extremo e se não me engano, será efetivado tão logo o estágio termine. Tento me focar no que ele precisa e quase meia hora depois, repasso para ele onde está errando nos cálculos. No final do e - mail peço para que ele passe na minha sala no fim do expediente. Sempre que posso ajudo os estagiários. Eles são jovens e que assim como eu, só querem um lugar ao Sol. E sei reconhecer um bom talento. Um dia também fui um estagiário, cabeça quente e que aprendeu a duras penas que um bom ouvinte tem tudo.
Através das janelas que vão do chão ao teto, vejo a cidade em movimento. A vista era melhor quando eu trabalhava três andares acima, mas com o acidente muita coisa mudou na minha vida. Não que eu não posso subir as escadas. Quando acordei do coma, pensava que seria muito fácil eu voltar a ter uma vida como tinha antes. Mas não. Foi um caminho longo e árduo mas que me mostrou que com força de vontade tudo é possível.
Olho para as horas e vejo que está na hora do almoço. Uma ideia me vem a mente, seguida de um sorriso tão largo que minhas bochechas doem. Desligo meu computador, verifico se as janelas estão bem fechadas, pego minhas chaves, celular e carteira. E sigo em direção ao estacionamento. Sinto os cabelos de minha nuca se arrepiarem e olho para os lados em busca de um observador. Mesmo estando vazio, sei que alguém tem seus malditos olhos em mim. Respirando fundo, aperto as chaves em minha mão. Continuo a seguir em direção ao meu carro mas quase caio sobre minha bunda quando uma viatura de polícia estaciona quase sobre meu pé.
Sem que o policial saia, eu já sei de quem se trata. E o maldito tinha a intenção de passar por cima do meu pé. Bufo cruzando meus braços e espero. Dimitri com toda a sua altura, que se iguala a minha se aproxima de mim, sem uma palavra qualquer de ambas as partes, ficamos nariz a nariz. Posso sentir sua respiração contra meu rosto e ele a minha. Os olhos quase cinzas medem cada centímetro de mim com uma rigidez calculada.
- Então você voltou para a vida do meu irmão. - suas palavras saem neutras.
Mas no fundo daquele olhar eu vejo fogo e ira. Ainda me lembro do soco que levei no maxilar, o qual não revidei por que merecia, depois de dizer para James que iria me casar. Aquela porra de dor me acompanhou por muitos dias. Mas ainda assim não tenho medo dele e nunca vou ter. Me mantenho calmo. O cara tem uma arma e não quero ser preso por agredir um policial.
- É o que parece! - sorrio lentamente. O gesto parece incomoda - lo.
- A língua continua afiada como sempre.
- Não posso negar.
- Tudo para você parece uma brincadeira não é? - grunhe parecendo perder a calma. Ergo uma sobrancelha divertido.
- Se você diz.
- Olha aqui cara! - bate no meu peito. Eu recuo quase caindo por não estar preparado. O falso ar despreocupado se esvai de mim como água no ralo. - Eu só vou te dar um único e maldito aviso: se machucar meu irmão de novo...- a última palavra sai como veneno de seus lábios. Olha para o céu por um instante. Voltando a me fitar. - Pode ter certeza que te mato e ninguém nunca mais vai achar seu corpo. - diz lentamente. E eu apenas sei que cada palavra é verdade. Sorrio friamente. O olho de cima a baixo.
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VOLTA PARA MIM? [COMPLETO]
RomancePlágio é crime! Capa By: Stephanie Santos Viver de aparências sempre foi uma lei na vida de Miley Sanders, parte disso é culpa da mãe e a outra, de sua covardia para assumir quem é. Covardia essa que o afastou do único que poderia fazê-lo feliz e qu...