|| DEZESSEIS - ELE NÃO SAI DA MINHA CABEÇA - MILEY

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Pigarreio e de braços cruzados espero pela opinião dele. Eu sei que posso conversar com ele sem medo de ser julgado. E só escondi o que está em minha mente desde a primeira vez que vi aquele garoto machucado daquele jeito, por não querer me passar por maluco ou um perseguidor. A última vez que o vi, ele estava acariciando as orelhas de Bob na sala de recuperação, conversando e rindo com ele. Ali ele parecia com um garoto feliz. Sem o peso do mundo que carrega nos ombros magros e olhos.

Mas sua atitude mudou drasticamente ao nos ver bem ali. Toda a felicidade se extinguiu de seu corpo e face. Quando Erick falou com ele e deu um passo a frente e ergueu a mão como se fosse toca - lo e o vi se encolher como se estivesse esperando pela força do punho do patrão. Eu queria fazer alguma coisa. Mas estava chocado demais para me mover, nem sentir que respirava naquele momento, eu conseguia.
Eu realmente queria abraça - lo com toda a minha vontade. E tirar de alguma forma essa desconfiança e medo que ele tem. Aquele garoto sofre abuso físico. É nítido. E dói ver que ele tem medo de pedir ajuda.

- Acha que fui muito invasivo? - faço careta pesando minhas ações em minha mente.  James se senta ao meu lado, segurando minhas mãos nas suas. Seu toque me tem confortado.

- Você só queria ajudar. - toca minha bochecha. Me inclino ante o carinho. - Ele está com medo, é visível. Quando as pessoas estão em uma situação assim, geralmente é difícil confiar. É complicado pedir ajuda. Nós não sabemos a real situação dele.

- E talvez nunca saberemos. - bufo pensando no futuro brilhante que ele poderia ter se me permitisse ajudar.

Desde que o vi pela primeira vez naquele estacionamento, o sentimento de urgência em ajuda - lo de alguma forma, me domina. Eu quero fazer tantas coisas por ele. Um advogado poderia me ajudar se eu precisar. Pisco uma vez ao reparar no rumo que meus pensamentos estão tomando. Ele deve ter um parente distante, que pode ser responsável por ele. Ou eu... balanço minha cabeça negativamente.

- Miley...- diz baixinho. Sua cabeça está inclinada para o lado.

- Sim...

- No que tanto pensa? - seus olhos procuram os meus.

- Eu só queria ajuda - lo sabe? - não externo meus últimos pensamentos.

- E você vai! - deixa um beijo muito rápido em minha mandíbula.

Meu corpo traidor esquenta mediante o gesto. É só um beijo mas tem sido difícil resistir a ele nesses últimos dias. E a necessidade de sentir seus lábios nos meus é quase doentia. Como pude ficar sem ele esses anos todos?

Deixo que essas três palavras se instalem em meu interior, com uma força que faça com que eu tenha um pouco de paz. Ele me abraça de lado, a tarde lá fora sendo substituída aos poucos pela noite. Beijo seu pescoço lentamente e aspiro seu perfume. O arrepio que toma sua pele é um dos muitos sinais de que não sou só eu a sofrer com nossa proximidade física. Mas quero que ele esteja pronto para dar o próximo passo comigo. Eu conheço cada centímetro do seu corpo maravilhoso. O gosto da sua pele ainda é como uma tatuagem permanente em minha língua e memória e os sons de prazer que deixa seus lábios carnudos quando o toco nós lugares certos são vívidos em meus ouvidos.

Mas sei que agora será como se fosse tudo novo. Agora não há hesitação de minha parte em assumi - lo. Não me importo com a opinião dos outros. Quero que todos saibam que esse homem diante de mim, que me olha com tanta ternura e me ouve sem me julgar, mas que tem as palavras certas para mim, tem alguém que lhe dará o valor necessário.

- Estou ficando com medo! - dá uma risadinha.

- Posso saber o motivo? - me inclino em sua direção. Estamos dividindo o mesmo ar. Minha boca se enche d'água.

VOLTA PARA MIM? [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora