Com tudo o que há em mim, sigo com minha péssima atuação de "não estou nem ai para você." De costas eretas, movimentos calculados e sorriso congelado em meu rosto, dou ou tento dar atenção para as palavras de Daren. O homem está a trabalho aqui em Portland e nem bem tinha posto os pés aqui e já me ligou, exigindo ter um jantar comigo. O que não recusei por dois motivos. O primeiro deles era a saudade absurda que estava sentindo dele. E o segundo mas não menos importante, era a comida maravilhosa que esse restaurante serve. Claro que ignorei com sucesso o fato desse lugar, ser o preferido daquele canalha. Moramos na mesma cidade, o que se torna impossível não nos encontrarmos uma vez ou outra. E nem me lembre dos aniversários das crianças. Mas nesse tempo todo que estou morando aqui, isso não aconteceu de fato. Até hoje.
Eu poderia ter continuado a morar na Califórnia, mas chegou um tempo que vi que simplesmente lá não era meu lugar. Minha família e amigos estavam aqui. Meu maldito coração fodido estava aqui. Mesmo eu negando até a morte.
Só me restava me conformar que ele nunca iria dar um passo para sua própria liberdade e eu seguiria com minha vida. Mas não, o filho de uma boa mãe tinha que estar no mesmo restaurante que eu hoje. Deus, quando fomos guiados pela hostess muito simpática em direção a nossa mesa, quase dei meia volta e sai do lugar. Mas minha boa educação não me permitiu e eu tinha um homem muito gostoso para jantar comigo.
Olhando para Daren, tento gravar cada linha rígida de seu bonito rosto. Os lábios finos mas que são de um tamanho proporcional ao seu rosto, nariz com uma quase imperceptível curva, queixo em um formato triangular e tinha seus olhos. Eram de um cinza quase liquido. Não que sua aparência seja somente o que me atraiu nele. É seu jeito leve, quase infantil de levar a vida.
Quando o conheci, não esperava por um relacionamento e nem ele. E anos depois estamos aqui, com nada entre nós, além de uma bela amizade, um pouco colorida as vezes mas é algo só nosso. Sorrio levemente e tento ver o que as outras pessoas veem quando olham para nós.
Para os de fora somos vistos como um casal perfeito. Um dia quase nos tornamos um, mas vasculhei dentro de mim pela chama poderosa que um dia senti pelo meu melhor amigo. Mas não a encontrei, constatando tristemente que ele tinha levado junto com ele, quando deixou meu apartamento para seguir a vontade da mãe.
Se casando com sua amiga de infância. Aquele foi o pior dia da minha vida. Foi quando constatei que não era tão importante para ele. Foi quando também, decidi deixar ele ir. Mas isso não durou por muito tempo.
Seu acidente me levou em direção a ele novamente. Sinto meu coração se comprimir em meu peito quando imagens de Miley naquela cama de hospital, pálido e parecendo estar morto ao invés de estar passando por um coma, me acertam com força.
Tomo um gole de vinho, sentindo minha garganta subitamente seca. Mas então, como se tivesse sendo atraído por um maldito imã, minha atenção se volta para a mesa deles. E desejei não ter feito. Eles parecem estarem tão perto um do outro. E não digo apenas fisicamente. É algo mais. Uma ligação que sempre me causava uma certa inveja quando estávamos juntos.
Sem me conter solto um pequeno suspiro, que parece ter sido ouvido por ambos, que se viram em minha direção. Julieta, com seus grandes e belos olhos castanhos, não mantém o contato visual por mais do que alguns segundos, seu rosto perfeito se tornando escarlate. Mas ele não. O infeliz parece me desafiar a desviar o olhar primeiro. Não faço e para meu desespero como em câmera lenta, o maldito sorriso de lado começa a nascer bem na lateral de seus lábios carnudos.
Um toque suave me arranca do concurso de encarada. Me viro sorrindo forçadamente para meu amigo mas não antes de ver o seu sorriso estúpido desaparecer. Como se ele tivesse algum direito. Reviro meus olhos.
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VOLTA PARA MIM? [COMPLETO]
RomancePlágio é crime! Capa By: Stephanie Santos Viver de aparências sempre foi uma lei na vida de Miley Sanders, parte disso é culpa da mãe e a outra, de sua covardia para assumir quem é. Covardia essa que o afastou do único que poderia fazê-lo feliz e qu...