|| EPÍLOGO ||

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Engulo em seco, passando minhas mãos suadas pela superfície de minha calca social cinza. A mesma que faz conjunto com minha camisa branca e paletó cinza, a qual escolhi semanas antes junto com meu pai James. Quase sorrio de sua animação naquele dia. Ele falava sem parar que o baile da escola era um marco em nossas vidas, mesmo indo sozinho como eu disse que faria, que era bom eu ir arrasando em minha roupa. Não discuti com ele. Ele estava certo em dizer que iria sozinho, não encontrei ninguém que me interessasse ao ponto de convidar para ir comigo. Enquanto Jordan colecionava amigos, eu me limitava a ter ele e Martha que fazem meus dias mais engraçados. Um deles sempre tem uma piada ou pérola para soltar por aí. Nunca me preocupei em fazer amizades com qualquer um. Gosto de ter as pessoas que me amam e me entendem por perto e se só tiver minha família, está bom para mim.

Através do espelho, vejo - o entrar em meu quarto, como se estivesse em um desfile de moda. E o centro do meu quarto fosse sua passarela. O sorriso completo não mudou em nada no decorrer desses quase três anos que moro com ele. Desse tempo que aos poucos fui me libertando das correntes do medo, do trauma e da desconfiança. Não tenho problema nenhum em chama - lo de pai. Aos poucos ele foi me mostrando que tudo o que promete, ele cumpre. Ele não é como ela que nos deixou com um mostro e nunca mais voltou. E agora nem quero que volte. Estamos muito bem sem ela. Meu irmão é minha metade. Se ele está feliz, eu estou. E vejo que tem se desenvolvido bem. Ele tem suas limitações? Sim mas isso não o torna menos aos meus olhos. Aos olhos de nossos pais que respiram amor por ele e por mim.

Eu não tinha uma grama qualquer de esperança antes de deixar o medo de lado e pedir ajuda. Eu seria mais um meio as estatísticas. Depois que deixasse a escola, com as péssimas notas que estava tirando. Minhas chances para ir a uma universidade eram mínimas. Mas então Miley e James como se fossem a luz em minha vida. Iluminando toda a dor em mim.

Um assovio baixo soa no ar. Ele me olha com expectativa. Quase sorrio de sua animação. Parece que quem vai se formar é ele e não eu. Reviro meus olhos.

- Não revire os olhos para mim garoto! - ri baixinho.

- O que?

- Como estou? - dá uma volta completa ainda no lugar. Seu terno escuro, gravata azul e cabelos loiros ondulados formam um belo conjunto. Mas para não inflar seu ego nas alturas, dou de ombros, fingindo que não estou impressionado.

- Bonito. - ele leva a mão ao peito, ofega como sempre dramático.

- Bonito? - nega veementemente. - Onde foi que errei com você? Eu sou é muito gostoso.

- Se você diz!

- James vem aqui dizer para nosso filho que o pai dele é muito delicioso! - faço careta.

- Eu não preciso ouvir isso pai! - esfrego meu rosto. Mas seguro uma gargalhada.

- Calma amor, estou tentando colocar os sapatos em Matteo. Hoje ele decidiu que quer os pés livres. - sua voz ecoa do quarto do meu irmão.

Não consigo não sorrir ao pensar que meu irmão ainda que com algumas limitações, é um garoto muito inteligente e de opiniões fortes. Simpático com todos e o mais importante de tudo, é amado. Quando o protegia dos punhos e palavras cruéis de Sandro, eu só desejava que ele fosse amado. Quando fugi de casa em busca de ajuda e liguei para o homem sorridente diante de mim, eu só queria liberdade de uma vida de opressão.

E consegui.

Mas ainda nos encontramos nas madrugadas. Acabou sendo um hábito que desenvolvi e não deixei ir. As vezes nem comemos como no início. Mas conversamos. Meu pai James as vezes se junta com a gente também.

VOLTA PARA MIM? [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora