|| TREZE - O OGRO - JAMES

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Passo as costas de minha mão contra minha testa suada. Olho bem para a cor e realmente ficou bonita, como o loiro abusado havia dito, combinando perfeitamente com as luminárias cinza claras. Me lembrar dele me faz questionar onde ele está agora e como está. A pose de "está tudo bem comigo" dele não me engana. A mãe dele pode ter todos os defeitos dessa terra mas ela ainda é amada pelo filho. O olhar de devastação dele após a discussão e a revelação de como lidou com tudo desde a adolescência é o que vejo em meus sonhos.

Eu sempre soube o que queria desde muito cedo. Claro que tive minhas dúvidas. Os garotos da vizinhança e da escola eram muito bonitos e me faziam ficar muito excitado. Diferente de como eu via as mulheres. Lindas em suas formas, tamanhos e caráter. Mas não me acendiam o fogo que queimava em mim quando um garoto me olhava muito intensamente.

Meu pai sempre foi o lado silencioso da relação. Enquanto minha mãe era a parte vibrante e prática. Me abri com ela quando tinha quinze anos. Em um surto de coragem que me guia até hoje. Não tenho medo de falar o que eu penso, de conseguir o que quero. Sempre fui assim. Minha mãe me ensinou a ser assim. A lutar pelo que eu amo. E quando revelei que era gay. Ela me abraçou, acariciou minhas bochechas, beijou cada uma delas e disse serenamente: eu continuo te amando bebê. Você gostando de meninas, meninos ou dos dois. Nada vai mudar para mim. Eu somente chorei de alegria pela sua aceitação e a abracei mais forte. E meu pai foi como sempre. Silencioso mas o orgulho por me ter como filho, brilhando em seus olhos.

Agora Miley não teve ninguém para ele. Nenhum apoio emocional. Somente uma família tradicional e uma mãe que queria conserta - lo de um defeito que ele não tinha. E assim foi por muito tempo. Foi comigo. Nos encontrando escondido, ele usando a amiga como desculpa e de repente ele vai casar com ela. É cruel no fim de tudo. Viver reprimido sem poder sentir o gosto da liberdade em toda a sua extensão.

Senti algo acertar minha nuca, me viro ainda com o rolo de tinta na mão direita. Rose tem uma sobrancelha esquerda erguida. A boca trabalhando. O pacote com salgadinhos apoiado sobre o ventre inchado.

- Você me acertou com um salgadinho?

- Claro! Você congelou no tempo amigo. - revira os olhos.

- Não fiz isso!

- Fez! Você ficou aí parado. Como se o tempo não fosse nada.

- Só estava pensando.

- No loiro bonitão? Deus aquele homem é lindo! - lhe dou um sorriso.

- Não posso negar que ele é lindo. Mas não era nisso que pensava.

- Ah já sei! Imaginando se ele ainda beija bem?

- Como sabe que ele beija bem?

- Bem, você não o esqueceu! Então presumo que o cara saiba trabalhar bem com a língua. - bufo tendo uma vontade absurda de lhe jogar toda essa tinta na cara dela.

- Como viemos parar nesse assunto?

- Só viemos!

- Estava pensando que nem todo mundo tem a sorte de ser aceito pelo que é por sua família. - ela acena levemente. Parece pensar por um momento.

- Não digo que seja sorte. Mas se a pessoa é amada, acredito que independente da orientação sexual dela, ela nunca será diferente aos olhos de sua família e amigos.

- Miley não teve esse tipo de apoio.

- Como ele está? - não falei tudo o que aconteceu com Miley com ela. Só comentei que teve uma discussão feia com a mãe.

VOLTA PARA MIM? [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora