𝟶𝟻

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Passou domingo. Segunda. Terça. Quarta. Eu não conseguia sair de casa.

Não sei como aquilo havia me afetado tanto, ou talvez eu só não quisesse aparecer na escola pelo fato de que ele já devia ter espalhado coisas sobre mim.

Eu não atendia telefonemas. Na verdade, eu estava entre encarar a realidade e ficar onde eu estava. Meu cérebro preferia a zona de conforto, dessa vez preferi obedecer minha mente.

Na quinta-feira, minha mãe havia saído no mesmo horário de sempre. Eu dormi até umas 10 da manhã, e já estava perdendo aula faziam 4 dias.

Claire sempre vinha até minha casa, me falar sobre a escola, me passar as matérias e essas coisas. Não contei pra ela sobre o Nathan, era um assunto que eu precisava esquecer.

Depois de acordar, naquele dia, eu coloquei os fones de ouvido e fui fazer algumas coisas que estavam pendentes na casa. Ao terminar de lavar a louça, ouvi batidas na porta e imaginei que talvez ela não tivesse tido pra escola. Caminhei até a sala e olhei pelo olho mágico. A pessoa que estava do outro lado da porta eu nunca imaginaria ali.

- Logan ? — abri a porta.

- Oi, Anna. Você tá faltando muito, o que tá acontecendo? — ele perguntou com o braço encostado na porta.

- Não é nada — disse meio indiferente — Só estou sem vontade de ir.

- Posso entrar? — ele fez um gesto com a mão, apontando pra parte de dentro da casa, atrás de mim.

Afastei e ele entrou em casa. Fiquei 20 segundos tentando processar tudo, antes de fechar a porta. Lembrei que ele sabia meu endereço por já ter me deixado em casa, mas não entendi o motivo de ele estar ali.

- Você não tá indo pra escola por falta de vontade. Você não tá indo pra escola por medo do Nathan ter espalhado algo — ele disse, ao sentar no sofá.

- De que te importa isso? — olhei fixamente pra ele.

- Você tá realmente com medo do Nathan ? Cara, ele não vai fazer nada. Ele vai falar o que? Que uma menina fugiu num encontro com ele? Que ele forçou ela a fazer coisas que ela não queria e ela teve que fugir?

Ele falando parecia patético. Na verdade, acho que realmente era. Dei de ombros pra ele, que riu.

- Anna, você pode ficar calma. Eu não deixaria ele fazer nada, até porque ele já fez muita coisa e ninguém nunca falou nada dele. Não se preocupa com isso, fica calma. Amanhã você vai pra escola sim, ok?

- Tudo bem — sorri.

Ele sorriu de volta e olhou ao redor.

- Bonita sua casa. De onde você veio?

- Las Vegas, Nevada. Foram 27h de carro pra chegar aqui e acontecer o que aconteceu.

- Também não é o fim do mundo — ele disse dando uma risada sarcástica — Você gostava dele?

- De certa forma sim. Ele era...Legal, especial, fofo, essas coisas todas — suspirei.

- Ele só queria te pegar, cara. Provavelmente ia sair fora no mesmo dia, ele faz isso com todas.

Meus olhos queriam se encher de lágrimas pelo choque de realidade. É engraçado o que uma pessoa pode fazer quando quer alguém.

- Você veio de Las Vegas? Achei meio incomum — ele disse, mudando de assunto.

- Meu pai é dono de um cassino. Na verdade, eu não sou de Las Vegas, mas morei lá minha vida inteira, desde os 2 anos de idade. De verdade eu sou de Henderson, que também fica em Nevada.

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