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No dia seguinte fui pra escola de carona com minha mãe, como nos velhos tempos.

Meu rosto estava com um leve tom arroxeado na bochecha onde eu havia apanhado, mas eu passei um corretivo e resolveu. Já estávamos praticamente nas semanas finais e eu nem tinha ensaiado o meu discurso de final de ano letivo.

Acho que eu não deveria me preocupar tanto, já que tenho o dom da palavra, as frases simplesmente saem da forma mais bonita quando eu quero realmente falar sobre algo que me interessa.

As primeiras aulas passaram tranquilas, Claire não tinha ido pra aula naquele dia então aproveitei pra estudar tudo o que estava faltando pra mim e no resto do tempo ouvir música. O sinal bateu para comermos e fui andando sozinha até a cantina.

Peguei uma besteira qualquer que tinha comprado com Carlos na noite anterior e comecei a observar as pessoas.

Vi que Steph estava sentada em uma mesa extremamente distante de Logan, os dois estavam sozinhos em suas respectivas mesas. Algo estava errado.

Já que eu não estava fazendo nada mesmo, fui até a mesa de Steph. Ela estava comendo uma fatia de pão integral com suco orgânico. Quando me viu, afastou um pouco para que eu sentasse e ficou de cabeça baixa comendo.

Parecia muito triste. Seu vestido estava meio levantado e pude ver que ainda haviam hematomas nas suas coxas devido o acontecido com Victoria. Ela parecia meio tímida e retraída. Me sentei e encostei a cabeça na mesa, para encarar ela.

- O que você faz aqui sozinha? Por quê não tá com o Logan ? — perguntei.

Os olhos dela ficaram vermelhos e seu nariz também, provavelmente ela queria chorar.

Fui para mais perto dela e a abracei, sentindo o calor de suas lágrimas no meu ombro, alguns segundos depois. Passamos um tempo abraçadas até que ela me afastou um pouco para me olhar, limpando as suas lágrimas.

- Eu achei melhor terminarmos, sabe? Tem todo esse lance com você e essa pessoa que persegue ele ficar meio que querendo matar quem chega perto ou se relaciona, achei melhor não botar a minha vida em risco — Steph suspirou.

Dei um lenço que eu tinha para que ela limpasse seu rosto de uma forma melhor. Ela agradeceu e limpou as lágrimas de suas bochechas.

- Eu tenho duas coisas pra te falar. Primeiro: A pessoa que tava fazendo isso já se entregou pra polícia, já sabemos quem é e isso não vai mais acontecer. Segundo: Mesmo que acontecesse, a gente nunca deve desistir de quem a gente ama. Apesar de tudo o que me aconteceu, eu continuei com o Carlos. Eu não continuei com o Logan porque não deu certo mesmo, mas o motivo não foi as várias tentativas de me matar — ri pra ela e ela também riu pra mim — Sabe o que é reconfortante? É poder olhar pra a pessoa que você ama e ver que apesar de tudo ela tá ali com você. Igual tá acontecendo comigo, apesar de tudo o que tava acontecendo, o Carlos ficou do meu lado. Não desiste dele, sério. Logan é um cara bacana, vocês combinam.

Steph assentiu e mordeu o lábio. Ela olhou pra ele meio de lado, ele estava com o olhar perdido, mas estava olhando ela. Steph suspirou e eu tinha certeza que ela realmente gostava dele.

- Tudo bem, eu vou lá conversar com ele. Obrigada, Anna, você é ótima — ela sorriu e levantou, pegando suas coisas de cima da mesa.

Vi Steph se dirigindo até a mesa de Logan, ele abriu um sorriso enorme ao ver ela. Ela se sentou ao lado dele e eles começaram a conversar.

Eu fiquei feliz de ter feito a caridade do dia.

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Naquele dia, quando as aulas terminaram, eu fui direto pra casa estudar. As provas finais seriam nos próximos dias e eu achei melhor dar um tempo de sair, pra ficar mais em casa com a minha mãe.

Quando cheguei em casa, ela deixou um bilhete dizendo que tinha saído. Ótimo, eu ia pra casa e ela saía, a gente tava quase sempre se desencontrando.

Fui para meu quarto estudar e ficar em ligação com o Carlos, eu preferia que ele ficasse na casa dele aquele dia, já que ele podia me desconcentrar se estivesse perto — bom, apesar de ele morar praticamente na casa do lado do outro lado da rua.

Liguei pelo Skype e peguei meus cadernos, botando em cima da cama. Ele atendeu alguns minutos depois e eu deitei na cama, bem nessa hora.

Seus olhos estavam inchados, seu cabelo bagunçado e deduzi que talvez ele estivesse dormindo alguns minutos antes.

Sorrimos um pro outro quando nos vimos.

annabradford: Eu te acordei ? — perguntei enquanto abria meus cadernos nas minhas anotações.

carlosmoore: Não, amor, eu passei a tarde descansando. Acho que essa semana foi bem puxada pra a gente e melhorar da tensão me ajudou a dormir melhor. Tô bem relaxado.

annabradford: Eu sei como é, queria poder dormir bem, mas ainda tenho tanta coisa pra fazer. Formatura semana que vem e provas finais, isso tudo tá me deixando meio pesada ainda.

carlosmoore: Minha namorada vai se formar, que coisa linda. Vou estar na primeira fila vendo você.

Fiquei vermelha e ri sem graça.

carlosmoore: Cadê a sua mãe? Ela tá em casa?

annabradford: Não, eu tô sozinha.

carlosmoore: Anna, cuidado. Mesmo com a Victoria assumindo a culpa, eu ainda tenho um certo receio que tem mais gente envolvida nisso.

annabradford: Eu vou tomar cuidado, tá tudo trancado. Falando nisso, você teve notícias do Akira hoje?

carlosmoore: Não, ele não me atende, nem quer falar comigo. Provavelmente tá magoado achando que eu deveria ter impedido a Victoria de se entregar. Você acha que fiz certo?

annabradford: Com certeza, criar um círculo de proteção pra Victoria não é legal. Sabe, ela é bem esperta e, como ela mesma disse, sabia o que estava fazendo. Então, ela tem que pagar pelo que fez também.

carlosmoore: Já tentei ver o processo dela, mas não consigo. Acho que ainda não abriram, mas qualquer coisa eu te conto. Você é a única pessoa que eu tenho.

Sorri pra ele e ele pra mim. Comecei a revisar minhas anotações enquanto ele procurava um filme para ver na sua televisão.

Aquele clima de falsa paz não era acolhedor, mas de certa forma era bom.

Ainda não tínhamos achando o Nathan, ele nunca mais foi pra escola. Pela descrição de Steph, eu tinha certeza que era ele. Apenas espero que ela faça o certo nesse surto de consciência que ela teve — e que não seja nada falso.

Olhei com ternura pro meu namorado que estava do outro lado da tela e suspirei profundamente. Eu tinha a minha mãe e tudo, mas eu tinha certeza que ele era a pessoa que eu mais confiava na vida.

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