Minha primeira noite na prisão havia sido horrível.
Era tudo muito frio, calmo e aquilo me dava nos nervos. Meus olhos já estavam inchados de tanto chorar e eu sabia que talvez eu nem saísse de lá, dependendo do que seria descoberto. Eu nem tinha culpa de nada, não sei como tudo foi recair desse jeito pra cima de mim.
Vi o dia amanhecer e o percebi o quanto estava cansada e acabada. Além de que eu estava começando a ficar com fome e ninguém tinha ido me oferecer uma água naquele lugar.
Eu estava sentada no chão, com as costas coladas na parede, minha barriga já estava doendo e meus olhos fechando, quando um oficial veio abrir a porta. Logan estava junto com ele. O oficial abriu a porta e eu mal conseguia me levantar de tanta fraqueza que eu sentia naquele momento.
Logan me ajudou a levantar e apoiou meu braço em seu ombro, me ajudando a andar. Meu corpo sequer respondia, eu me sentia totalmente apática. Fomos juntos por um corredor até a sala do interrogatório, onde estavam Claire e Katherine. Entramos e Logan me colocou sentada na cadeira, segurando meu corpo que queria desabar no chão de tanto cansaço.
Consegui me sentar e apoiar as costas na cadeira. Katherine segurou a minha mão e me deu um sorriso caloroso. Claire fez o mesmo com minha outra mão.
- Como a senhora Katherine solicitou no dia de ontem, fizemos uma perícia minuciosa nos arredores do local para verificar se haviam pistas de que outras pessoas estiveram lá — o oficial disse, sua voz parecia meio inquieta.
- E então ? — Logan questionou.
- Achamos isso.
O oficial mostrou uma peruca envolvida em uma sacola transparente, com certeza para preservar a pista. O cabelo era castanho-claro, idêntico ao meu. Ele colocou a prova em cima da mesa.
- Também fizemos a triangulação do sinal do celular da senhorita Anna Bradford. A hora que ela disse que chegou na casa de Carlos Moore é realmente aproximada com a hora que ocorreu o incêndio. Colhemos o depoimento do motorista da senhora Katherine, junto com o sinal do GPS e realmente tudo condiz com o que foi dito. — o oficial olhou alguns papéis — Quem quer que tenha feito isso, quis se passar pela senhorita Bradford pois sabia que no lugar tinham câmeras.
- Bom, eu sei que isso é bem errado. Mas quando visitamos o hospital psiquiátrico de noite, tinha um funcionário lá. Ele disse que tinha desativado as imagens da câmera, ou seja, quem fez isso sabia que a gente iria lá. — Claire disse.
Eu nem conseguia mais processar nada, minha cabeça começou a girar. As vozes ao meu redor começaram a fazer cada vez menos sentido e me senti tão fraca em um momento, e no outro não senti mais nada.
Acabei simplesmente apagando, de sono e fome.
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Acordei em no meu quarto, já era praticamente noite. Eu não me sentia mais tão cansada, mas nesse momento sentia bastante fome. Minha mãe estava deitada do meu lado, me fazendo um carinho no cabelo.
Será que os acontecimentos passados tinham sido apenas um sonho?
Me ajeitei na cama e a minha mãe sorriu pra mim, seu olhar estava cansado. Estava com olheiras profundas demais, parecia ter passado a noite em claro e chorando.
Abracei ela muito forte e comecei a chorar, por absolutamente tudo. Me senti como sendo a decepção e a causa por ela parecer tão abatida naquele momento. Meu coração deu um aperto muito profundo.
- Me desculpa por tudo — disse baixo — e agora com uma passagem pela polícia eu provavelmente não vou pra Stanford — brinquei.
- Eles não registraram nada na sua ficha, você continua limpa — minha mãe me afastou para olhar os meus olhos e sorri — Mas não se preocupa com isso agora. Você deve estar cansada e com fome. Desculpa se não fui sua melhor apoiadora no pior momento, foi horrível pra mim também.
- Tá tudo bem — sorri de volta pra ela.
Minha mãe pegou uma bandeja com frutas e panquecas com banana e chocolate. Tinha também um suco de mirtilo, meu favorito, que ela não fazia há muito tempo.
Peguei tudo e botei nas minhas pernas, para comer um pouco. Eu estava morrendo de fome.
- Muito obrigada — disse com a boca meio cheia.
- Tem alguém que quer falar com você. Ele tá aí em baixo desde que você chegou.
Olhei pra ela e imaginei quem seria. Pedi pra que ela chamasse e ela levantou delicadamente da cama, para que não derramasse nada. Ela foi saindo, mas antes virou pra mim e disse:
- Seja lá o que for dito, por favor, reconsidere.
Então ela saiu pela porta. Pensei no que ela queria dizer com aquilo e dei de ombros, continuando a comer. Alguns minutos depois apareceu na porta o Carlos. Seu olhar parecia cansado, igualmente o da minha mãe.
Senti meu semblante fechar e ele sentou na cadeira da minha escrivaninha, afastando ela pra mais perto da cama, onde eu estava. Deixei o copo na bandeja que estava nas minhas pernas e olhei pra ele.
Agora ele parecia bastante sem graça, como se o que ele dissesse agora fosse doer bastante nele.
Nos encaramos por alguns minutos, até que ele resolveu quebrar o silêncio.
- Queria pedir desculpas — ele baixou a cabeça — Por não ter acreditado em você. Eu fiquei nervoso, só isso.
- Você ficou nervoso o suficiente pra acreditar que eu tinha matado alguém — dei um gole no meu suco — isso é reconfortante. Eu acredito em você, e você na primeira oportunidade me deixa.
- Eu fui bobo, eu sei. Mas a Vic era alguém tão importante pra mim, e...
- Eu não sou ? — interrompi a fala dele.
Carlos se levantou e fez menção de se sentar ao meu lado na cama. Olhei pra ele com um olhar intimidador e ele voltou pra a cadeira onde estava.
- Você é. Me desculpa, eu não sei como explicar isso tudo sem te machucar.
- Sem me machucar? Você realmente se importou com isso agora? Que legal — sorri ironicamente.
- Me dá um desconto, por favor Anna...Minha irmã morreu e a minha...— ele nem sabia o que dizer — e a Vic também, isso tudo é tão doloroso. Perdi duas pessoas que eu gostava tanto.
- Tudo bem, de boa — terminei o meu suco.
- Na verdade, tenho algo pra contar — ele disse.
- Pode dizer, estou ouvindo.
- O corpo achado não é o da Vic, pelo que indica na autópsia. O DNA dela não foi encontrado no corpo queimado, talvez pelo estado do corpo a mãe dela tenha reconhecido errado. Era uma menina com o mesmo biotipo, mas não era ela.
Aquela informação era nova pra mim. Se aquele corpo não era da Victoria, então ela ainda estava viva? Ou deveria estar entre os feridos daquela noite.
Meu celular vibrou, era uma mensagem. Na verdade, era uma mensagem do Logan. Desbloqueei a tela e o conteúdo era totalmente bizarro.
Logan Wonstaen: Acharam fios de cabelo da Victoria no meio dos cabelos da peruca que encontraram no local do crime.
Meu coração começou a acelerar e a comida quis voltar. Aquilo podia realmente ser possível?
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Starboy
FanficA vida de Anna Bradford era totalmente normal antes de se mudar para Cookeville, onde ela logo acaba se envolvendo com Logan Wonstaen, que parece ser apenas um garoto como qualquer outro. Logo ela se vê em uma trama cheia de reviravoltas e segredos...