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Mais tarde combinamos de ir de surpresa na casa do Akira. Ele estava muito abalado com toda a história da Victoria, então seria bom a gente dar um tempo e ver um filme (novamente).

Eu e Carlos paramos no Walmart e compramos algumas coisas para comermos, depois passamos em uma pizzaria e compramos algumas pizzas para jantarmos. No dia seguinte eu teria aula e dessa vez eu não poderia faltar, já que a semana da formatura se aproximava bastante, então também levei algumas roupas pro caso de eu acabar dormindo e não dar tempo de ir em casa.

Chegamos na casa de Akira e fui bater na porta enquanto Carlos pegava as coisas no carro. Ele abriu uma pequena fresta e ficou me olhando.

- O que você quer ? — sua voz estava meio rude e parecia com pressa.

- Eu e Carlos viemos aqui pra vermos um filme, quem sabe te animasse...— dei de ombros.

- Não precisa, podem ir pra casa — Akira disse.

- Mas o Carlos já tá vindo — eu disse.

Carlos veio com as sacolas e deixou elas no chão, colocando um olho pela fresta para olhar Akira, que tentou tapar a visão dele.

Quando ele ia fechar a porta, Carlos empurrou e Akira acabou caindo no chão. Victoria estava sentada no sofá e se assustou com aquela movimentação toda. Sua pele ficou muito pálida e ela ficou sem reação.

Fiquei boquiaberta encarando os dois e Carlos bufou.

- Eu sabia — ele pegou Akira pelo colarinho da camisa e o levantou, encostando seu corpo na parede — Você tá com ela, é? De cúmplice? Fala sério, seu idiota retardado.

- Para, Carlos, Anna faz ele parar por favor — Victoria levantou e foi desesperadamente afastar Carlos de Akira.

- Ei, meu amor — eu fui até Carlos e passei a mão no seu braço, tentando fazer ele se acalmar. Suas veias estavam saltadas, seu rosto branco estava vermelho. Ele estava com muita raiva. — Para com isso. Tenta conversar primeiro, bota ele no chão agora.

- Você tá acobertando essa assassina doente? — Carlos pressionou Akira ainda mais.

- Ele não tá acobertando ninguém — Victoria gritou — Eu só vim aqui conversar com ele antes de me entregar pra polícia.

Carlos e eu olhamos para Victoria e ele estava chorando. Carlos soltou Akira e ele foi correndo abraçar Vic. Ela não parava de chorar e soluçar, parecia que ia pra o caminho da morte.

Eu me solidarizei na mesma hora, já que as leis americanas costumavam ser bem rígidas se tratando de crimes. Sabe se lá como iriam tratar aquela garota tão frágil no meio de tanta gente maluca.

Era simplesmente tudo imprevisível.

Akira também começou a chorar e abraçar ela de maneira forte, como se não pudesse soltar. Depois, ele virou com os olhos inchados e vermelhos para Carlos e limpou o rosto.

- Você não pode deixar a Victoria fazer isso — ele disse.

- Akira, na polícia você sabe que fizemos juramentos. Existem códigos de ética, você fez os mesmos juramentos que eu. Estudou as mesmas coisas, vai deixar isso por amor? Ela não é inocente — Carlos deu de ombros.

- Ele tem razão — Victoria disse olhando Akira — Eu sou culpada por tudo. Eu fiz absolutamente tudo sozinha, eu só não queria que a Anna tomasse o lugar da Júlia e nem a Steph. Me desculpa por tudo, Anna. Você é uma pessoa tão legal e eu tenho que pagar por tudo o que eu fiz.

- Eu...nem sei o que dizer — disse com um pé atrás — Eu entendo seus motivos, mas você me aterrorizou muito. Gosto muito de você, não sei me posicionar diante disso — suspirei.

- Não faz queixa contra ela, por favor. Eu não vou aguentar — Akira segurou forte a mão dela — Me sinto tão culpado por não estar com você — ele a olhou.

- Eu sabia o que era errado e o que era certo, continuei porque quis...Eu já liguei pra polícia, eles estão vindo. Quero fazer o certo — ela sorriu entre lágrimas pra ele —, vai ficar tudo bem.

Ouvi o barulho de sirenes ao longe e Akira abraçou ainda mais Victoria. Ela o abraçou também e depois o soltou. Ele não parecia nem um pouquinho conformado com o que ela iria fazer.

Victoria veio andando até Carlos e deu um beijo no rosto dele.

- Ela é incrível, cuida dela. Não só foge pra Inglaterra quando vocês estiverem mal — sua voz era soturna.

Victoria se dirigiu pra mim e me deu um abraço forte também. Abracei ela com todas as minhas forças.

- Você é incrível, isso tudo vai acabar. Me desculpa mesmo — ela suspirou.

Alguém bateu na porta e ela foi abrir. Akira tentou ir atrás mas Carlos segurou ele. Victoria abriu e o oficial de justiça disse que tinha um mandado em nome dela.

Victoria confirmou que ela era quem eles estavam procurando e deu as mãos para ser algemada.

Em nenhum momento ela ofereceu resistência. Após ser algemada, ela olhou pra trás e fechou os olhos, abrindo eles  após um certo tempo e olhando para frente novamente. Eu sabia que aquilo era uma despedida.

- Você é simplesmente um idiota — Akira disse e virei bem na hora que ele acertou um soco no rosto de Carlos.

Carlos revidou e foi pra cima de Akira, eu sabia que os dois tinham treinado defesa pessoal na polícia, então aquilo iria ser um banho de sangue se eu não separasse.

Fui para o meio dos dois bem na hora que Akira desceu a mão e me acertou no rosto também. Coloquei a mão onde tinha acertado — felizmente coisa leve — e o empurrei com a outra, para evitar outro golpe. Ele percebeu o que fez e pediu desculpas, estava muito assustado.

Akira não parava de chorar e subiu desolado as escadas. Ficamos apenas eu e Carlos ali na sala, um olhando o outro. Já eram quase 8 da noite e aquilo tudo tinha me deixado triste e ao mesmo tempo em paz. Se era realmente ela, aquilo finalmente iria parar.

- Vou te deixar de volta em casa — Carlos pegou na minha mão — Desculpa por ter estragado tudo te trazendo aqui.

- Não, foi bom. Eu precisava saber. Ao menos vou ter 1 semana de paz antes da formatura.

- Deixa eu ver isso — Carlos pediu para ver minha bochecha e tirei a mão de cima — Tá bem vermelho, espero que a sua mãe não ache que eu estou te batendo.

- Tudo bem, eu vou pensar em algo pra dizer pra ela. Vamos embora daqui, por favor — pedi.

Carlos assentiu e fomos andando pra fora da casa. Pegamos as sacolas do que tínhamos comprado e o ajudei a levar elas até o carro.

Aquela noite parecia fria demais, eu diria até tenebrosa. A sensação é de que aquilo tudo tinha acabado, mas havia algo tão estranho no ar. Além de que ainda precisávamos ir atrás do Nathan, já que ele tinha participação naquilo tudo.

Espero que Victoria seja sincera e conte realmente toda a verdade para as autoridades. Eu não contei para Carlos, mas vou respeitar o pedido de Akira e não prestar queixa contra Victoria. Seria o melhor a se fazer diante daquela situação.

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