Evellyn Navanaugh - 14

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Eu não tive uma semana muito produtiva e fiquei com muita raiva aquele fim de semana quando meu irmão chegou em casa, retornando da festa dos Davis e me disse usando um tom debochado que o "meu queridinho" tinha sumido durante a festa com a "minha amiguinha". Eu queria ter dado uns tapas em Thomas, só por aquele tom insolente, Mas seria o mesmo que admitir que eu me importava.

Resolvi não deixar isso me abalar mais e me concentrar nos assuntos que realmente demandavam a minha atenção.

Na segunda-feira me concentrei totalmente no meu trabalho e pro meu azar, Eliza teve a infeliz idéia de me fazer uma "visitinha", como ela costumava chamar aquelas suas interrupções no meu trabalho.

O ateliê de Eliza funcionava numa sala que eu havia cedido a ela, no mesmo prédio em que o meu escritório funcionava, o prédio me pertencia, e era um centro comercial, onde eu alugava algumas salas

— Olá, irmãzinha! — ela adentrou a minha sala, cheia de sorrisinhos.

— Você não sabe bater? — perguntei impaciente.

— Nossa, que humor ácido! Você está precisando namorar.

— Na verdade, eu estou precisando trabalhar e você está me atrapalhando.

— Relaxa, irmãzinha! Você não foi pra festa, vim te inteirar das novidades. Você fez falta, sabia?

— Fiz? — voltei minha atenção aos papéis a minha frente. — Eu soube que você estava muito bem acompanhada.

— Nossa, as fofocas correm rápido! — Ela riu e sentou na cadeira a minha frente. — Acredita que eu encontrei Joshua Grant na festa e ele ficou louquinho por mim? Você precisava ter visto a interação entre nós. Como eu não percebi antes que esse homem me queria? — quase quebrei a caneta que eu estava na mão

— Eliza, por favor... Eu realmente não estou com tempo agora.

— Ah qual é? — Ela levantou-se — Tudo bem! Você está ocupada, eu não vou atrapalhar. Só vim mesmo bater um papinho e te dizer que eu vou com você ao leilão de amanhã.

— Vai comigo?— já era costume Eliza se convidar pra me acompanhar nos eventos sociais. Dei de ombros, não havia porque eu estar brava com ela. Ela era jovem, solteira e podia transar com Joshua Grant quantas vezes ela quisesse— Tudo bem! Esteja cedo na minha casa amanhã, o Frédéric não gosta de atraso. — era o meu motorista francês

— Você dá muito espaço aos seus empregados.

— Eliza... — suspirei impaciente. — Só esteja lá na hora certa, ou vai perder a carona.

— Até amanhã, irmãzinha! — ela soltou um beijo no ar e se foi

Observei Eliza se afastar, pensando no quanto ela vinha sendo improdutiva ultimamente. Eliza tinha se destacado no mundo da moda como uma estilista brilhante com uma coleção totalmente chocante e inovadora. Mas o ápice da carreira de Eliza durou pouco tempo e há muito ela não produzia nada.

Resolvi deixar de me concentrar na carreira falida de Eliza e me concentrar no meu trabalho. O que conseguiu me absorver e quando eu finalmente consegui finalizar, já era tarde e eu precisava ir pra casa. Eu estava tão fatigada que só tive ânimo para fazer uma refeição leve em meu quarto e dormir por toda a noite

A manhã seguinte no leilão me daria um novo ânimo, eu compraria um novo cavalo para Tom. Ele merecia!

Acordei me sentindo bem e aproveitei pra me afundar na banheira, me sentindo revigorada após o banho. Pus uma calça preta de tecido sintético com botas e uma camisa branca, esse leilão não exigiria traje formal, então resolvi usar algo mais despojado. Desci para tomar o café da manhã, o que tive de fazer na companhia de Eliza, já que ela me aguardava e Tom tinha viajado a negócios.

Não demoramos na mesa do café e seguimos para o Jockey Club onde ocorreria o leilão, conversando trivialidades e como Eliza tinha o dom de me aborrecer, a viagem pareceu mais longa do que realmente foi.

Assim que chegamos me deparei com o jaguar de Grant no estacionamento.

— Não pode ser! — esbocei para mim mesma, torcendo pra estar enganada, mas eu não estava sabia que não, e tive minha confirmação quando Eliza emitiu um gritinho.

— Ah, eu não acredito!Ele está aqui. — olhei na mesma direção que ela e lá estava Joshua Grant, trajando uma calça jeans rasgada, camisa pólo e jaqueta de couro, com aquela sua pose imponente e ao mesmo tempo displicente. — Ele sabia que eu viria e veio por mim!— ela esboçou confiante e eu quase ri porque eu tinha um palpite que não.

Nossos olhares se cruzaram e apesar de não querer acreditar nessa possibilidade, eu sentia que era a causa dele estar ali.


FINO TRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora