Tentei dormir, mas, estar em uma casa diferente, um lugar diferente era difícil de dormir. Abri os olhos depois de um tempo e Eve já dormia pesadamente, acariciei seus cabelos e a ajeitei para não acordá-la para ir ao banheiro, me sentei na cama e ao me levantar levei um susto com o irmão dela na porta. Com a porta aberta nos olhando. Tapei rapidamente a minha vergonha e juro que a minha vontade era de berrar para ele dar o fora.
— Qual é o seu problema? — disse parado no mesmo lugar sem saber o que fazer.
— Te espero no bar em dez minutos! — ele disse sério. —Vista uma roupa! — ele levou a mão à têmpora fazendo um gesto como se batesse continência e deixou o quarto.
— Caralho. — rosnei baixo e olhei para Eve que ainda dormia. — apanhei a calça jeans e fui para o banheiro me vesti.
Logo estava descendo a escada, mas não coloquei a camisa, muito menos os sapatos, desci apenas com a calça jeans e o encontrei sentado numa das cadeiras, dei a volta, apanhei uma garrafa de uísque, me servi, coloquei algumas pedras de gelo e o encarei antes de dar um gole no uísque.
— Não foi legal te ver na porta do quarto... Estava espionando? — dei um gole no uísque sem tirar os olhos dele.
— Acabei de chegar! Fui falar com a Eve e me deparei com... — Ele apontou pra mim com uma expressão sarcástica. — ... Isso.
Olhei para mim e dei de ombros.
— Podia ser ao contrário. — ergui o copo. — Já pensou sua irmã pegar uma mulher pelada na sua cama... — Mas... Não é sobre nudez que quer falar, certo?
— Não! — Ele deu de ombros — Então, vocês estão namorando! Bem, fazer o que, senão me acostumar!
— Estamos namorando... Estamos gostando um do outro... — puxei um banco para mim e me sentei. — Só não quero que isso vase para a imprensa ou para pessoas vazia como Eliza... Sra. Elizabeth... Entende?
— Então sugiro que você use a nossa entrada secreta aos fundos. O portão está encoberto por vegetação, foi idéia do nosso arquiteto, então passa despercebido aos repórteres enxeridos.
— Obrigado pela dica... Vou me lembrar da próxima vez. — sorri para ele, pois estava começando a gostar daquele cara.
— Eve te falou sobre o passado dela? — ele mudou rápido de assunto
— Não... — O encarei preocupado em me dizer coisas que não iria gostar. — Deveria ter dito?
— Ela não te contou que já teve um noivo?
— Não me lembro. — Fiz um bico tentando me lembrar.
— Você já teve a sensação de que tudo de ruim na sua vida aconteceu de uma só vez? Acho que foi o que a Eve sentou na época. Tudo culminou de uma só vez!
— E como! — disse sabendo bem como uma merda puxa a outra.
— Primeiro a nossa mãe foi embora e aí o nosso pai decaiu, ele passou a beber demais, perdeu credibilidade com os investidores, dilapidou o nosso patrimônio familiar, até o dia em que ele morreu. Eve isso foi demais, mas ela conseguiu suportar! Ela tinha a mim e ao... — ele parecia relutar em dizer o nome, como se fosse pesado ou ofensivo. — Tinha aquele cara! O desgraçado era o mundo dela! Era seu porto seguro.
— O coração não vê caráter e intenções. — dei outro gole no meu uísque. — E esse cara pelo jeito deu um pé fora desta casa e da vida dela.
— E quando ela mais precisava de carinho e atenção. Eu nunca gostei dele, sabe! O cara conheceu minha irmã e a pediu em casamento quase que instantaneamente, mas ela estava apaixonada, qualquer coisa que eu dissesse soaria conspiratório e movido por ciúmes. Mas, havia algo naquele cara que fedia! Em dois anos de noivado, nós não sabíamos quase nada sobre ele. Eve não conhecia seus pais, seus amigos, sua família... Mas se nós questionássemos, ela apenas alegava que teria a vida toda pra conhecê-los. Sabe, quando meu pai começou a dar indícios de que estava indo pro buraco e levando a família junto, as coisas entre eles começou a esfriar, mas Eve era otimista e não enxergava o oportunista que ele era. Quando nosso pai morreu, nós quase fomos parar na sarjeta! Tudo o que pertencia a nossa família foi a leilão pra pagar as dívidas astronômicas do meu pai,tivemos que deixar a mansão e nos mudar pra um apartamentinho no subúrbio. A princípio ele até nos acompanhou, mas pouquíssimo tempo depois o cara, simplesmente foi embora. Apesar de dilacerada a Eve agüentou firme, mas aí saiu a nota do casamento dele no jornal, algumas semanas depois e aí ela desabou... — ele fez uma longa pausa,como se as lembranças a partir dali fossem dolorosas demais
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FINO TRATO
RomanceJoshua Grant e Evellyn Kavanaugh, dois empresários destemidos que apostam todas as suas fichas no poder e na sedução. O que começou com uma atração terminou em um romance para lá de fino TRATO, tanto no amor como nos negócios.